terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ELEFANTE

Elefante

I Ato
Abertura (texto lido em voz alta, e com ênfase ao fim das frases)

Alucinados pelo desejo de uma justiça cega
Vivendo a vida dos outros em estratégias de guerra
Eu só aprendi a dormir com as luzes apagadas
O que você tem contra a escuridão?
Enclausurados dentro de um container
O amor jaz debaixo da roda do caminhão.

Assim,
Não vejo problema em ser mal compreendido
Mas ainda estou aprendendo a amanhecer
Sou homem e por isso não aprendi a chorar
Sou poeta e só amo a mim mesmo
Levei muito tempo pra me acostumar
Mas você sempre muda os móveis de lugar.

Sou jovem e por isso sou agressivo
E sei bem que onde se lucra com a paz
Também se lucra com a guerra
Por isso quando a gente muda
A gente muda pra como era antes
E marcha a marcha lenta dos gigantes.

Sabe, eu tentei gostar disso
Disso de cão e gato
Mas você me desarmou antes do tempo
E sempre usou de poucas palavras
Passou por cima dos meus planos
E os colaterais efeitos durarão anos.

Há alguém que te observa
Lindamente enquanto dorme
Enquanto você planeja um plano diabólico
Eu estava lá, mas nunca fui católico
Nunca acreditei nessa tal destruição
E inconscientemente você semeou o grão.

II Ato
A Marcha (cantar como um hino bandeiroso)

Vou andando enquanto bêbado
Vou bebendo enquanto ando
Vou sonhando, no entanto durmo
E acordado enquanto sonho
Sonho o mesmo sonho de ontem, o sonho de antes
Lendo livros velhos das prateleiras empoeiradas das estantes.

Enquanto ela pisa sem olhar pro chão
Sem saber onde seu pé vai estar
E eu estou debaixo desse pé
Nos braços, nos passos dessa mulher
O segundo passo se difere do primeiro
O segundo tiro será bem mais certeiro.

III Ato
A Ciranda (cantar como uma cantiga de roda)

E passa por cima de tudo
Por cima de tudo ela passa
E passa com tudo por cima
Por cima de tudo ela passa
E passa por cima dos carros
E passa por cima das casas.
Por cima do meu amor
Passou como um trator
Levou meu barraco embora
Meu deus o que eu faço agora?

Fim
Encerramento (no centro, leitura como um texto explicativo, moral da história)

E assim ela passa cheia de graça
E destrói distraída o amor
Fazendo ruir as ruínas
Vai derrubando as paredes
Denunciando os amantes
Na marcha lenta dos elefantes.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CÉU

Céu

Quando eu pensei que sabia tudo
Me descubro em uma nova doença
Enclausurado no escuro íntimo
Na falta da minha presença.

Quando eu pensei que conhecia tudo
E que já havia ido a todo lugar
Faltava adentrar no meu intimo
Faltava a mim me explorar.

Quando você morrer de nada valerá minhas respostas
E eu não quero ser enterrado com as tuas perguntas
Pra quê tanta informação, tanta aliteração.
Se quando você morrer nada irá levar.

Dentro de dois opostos há o choque das questões
Há somente interesses entre dois seres ermitões
Quando se há o hereditário e o que se aprende na rua
Não seria o mesmo, eu sem roupa, você nua.

Mas quanto injusto foi Deus comigo
Em não me permitir conhecer meu próprio paraíso
Mas para isso é preciso se autodestruir
Para se auto-conhecer.

Mas como Deus foi injusto comigo
A ponto de não permitir que eu evolua
Asas externas de nada servem
Se não posso voar a minha própria lua.

Eu quero tocar meu próprio céu
Quero sol com chuva e o casamento da raposa
Pois se os pássaros andam
Deveria o homem também voar.

Se um dia eu aprender com Da Vinci
Assimov ou Santo Dummont
Vou voar mais “alto” que as nuvens
Não só me elevar a meio-tom.

Existe problema em querer o céu
Eu quero e se eu quero, eu consigo
Outra vez Ícaro me ajuda
Se tentar e permanecer vivo.

O meu céu pra mim é desconhecido
Sei que não me conheço por dentro
Sei que sou obra do mero acaso
E de nada vai valer tentar.

Na minha sede de alcançar
Meu oposto, meu arquiinimigo
O meu mau, o que mais abomino
Mas que a mim interessa tocar.

A voz de Deus é a voz do povo
Entra por um ouvido e sai pelo outro
Não faz a omelete sem quebrar o ovo
Não faz diferença se for tão igual.

Mas um dia Deus disse pra mim
Mesmo na certeza que eu ia discordar
Se deseja tanto esse céu
Terá a Eu permitir de lhe dar.

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio.
No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.”


Assim sendo estarei livre para tentar
Voar
E assim
Alcançar
O
Céu.

VISTA DE UM PONTO

Uma homenagem para minha pessoa, por Celaynne Monteiro, quase acertou, mas adorei, obrigado...


Vista de um ponto

Ao ver do meu querer o medo da tua liberdade
Ao ver do meu conhecer a atração por tua expansividade
Ao ver do meu ser a distância e a proximidade _ talvez mais aquela.

O que tu és?
Um tanto de príncipe, um tanto de devasso
Será que estes se prendem num só laço?
O laço é tua estrutura: teu corpo, tua mente.

O que tu és?
Somente, simplesmente um poeta?
Basta?
Tu te bastas de ti para viver a vida ou a vida te basta para ser-te?
Tantas perguntas, eu sei...
São reais porque desconheço teu ideal
As sei, mas não te sei.

O que tu és?
Tão contraditório a si mesmo, como o amor de Camões?
Talvez, sejas mesmo, um “eu não sigo regras”,
Disciplinado unicamente a isso
Aí evapora-te eu
E a interrogação surge como uma exclamação.

Tradicionalmente romântico?
Mutavelmente pensado?
Nitidamente desprendido do regular?
Efetiva e voluptuosamente apaixonado.

Firme e efêmero, como teu olhar a ler um poema pra mim.
Despreocupado com os limites, como teu corpo debruçado sobre a madeira.
Vivo e comprometido, como teu olhar:
Como a cor dos teus olhos comprometida com o verde da tua segunda pele.

Confusão é decifrar-te
Mas fica a esperança de aprender-te
E se missão de James Bond
Desprezarei o sete
Fixarei no formato dos zeros
Regressando a estaca zero:
O momento de olhar...

sábado, 21 de novembro de 2009

YUMI

Yumi

Eu durmo com a janela aberta
Na minha inútil certeza incerta
Esperando tua visita, vadia
Sonhando com o dia
Em que você irá entrar como o ladrão
Com uma arma na mão
E me roubar a dignidade.

Mas quase nunca estou só
Tem um animal felino na minha cama
Que me usa, que me ama
Ela deita e ronrona
E dorme e sonha
Seus prazeres egoístas.

É a onça vagabunda que vaga nos telhados
E eu gato vadio
Bicho do mato
Maldito no cio
Só durmo vazio na tua presença
Quando ela pra mim resolve cantar
A sua doce canção de ninar
Para assim afastar
Os espíritos noturnos que infestam a consciência.

Ela não diz que me ama
Mas seu olhar sacana
Falso, mas inciso
Tem muito mais que preciso
Sou eu menino prodígio
Quando estou perto de ti
Ela usufrui o meu prestigio de lhe servir.

Ela só dorme quando chego
Mas pra ela tanto faz
Se estou bêbado ou feliz
Ela cura o meu porre por igual
Por isso sou seu servo mais fiel
Sou seu animal irracional.

Ela é meu lume fluorescente dos espíritos ancestrais
Eu carrego o espírito do samurai derrotado nas batalhas
O nome do meu nome dos traços orientais
Filha, hoje eu não volto pra casa
Feche as portas e as janelas e durma em paz.

Show Jonny Money



ESPECIAL JONNY MONEY NO CONCERTO ALTERNATIVO HOJE

sábado, 7 de novembro de 2009

O MESTRE DOS BRINQUEDOS

O Mestre dos Brinquedos

O Mestre dos Brinquedos gosta de mandar
Não queremos mais o Mestre dos Brinquedos mandando na situação
Não queremos mais fazer o que o mestre mandou
Não queremos mais brincar.

Ele mora numa casa de bonecas e sonha as Barbies escravas sexuais
Numa história em quadrinhos ou um desenho animado
Mas nós não temos mais medo
Porque o Mestre dos Brinquedos é de brinquedo.

A revolta dos brinquedos velhos esquecidos no sótão
Mamãe, não tenho mais medo de descer no porão
E vou começar uma revolução
O Mestre dos Brinquedos é um brinquedo de miriti
Fogo no miriti!!!

O Mestre dos Brinquedos é um grande fascista
O Mestre dos Brinquedos não vai mais enganar o povo
Chega dessa aventura insana e surrealista
Não passa desenho legal de manhã na Globo

E os servos fiéis são os soldados de brinquedos.
O mestre dos brinquedos vive uma grande mentira
Ela só manda nas bonecas porque elas não têm nada na cabeça
É tudo de plástico.

UM DIA A GALINHA APRENDE A VOAR

Um dia a galinha aprende a voar

Um dia você vai descobrir que você levará muito tempo
Pra descobrir que não pode me esquecer
Que as marcas que eu deixo nas outras
Estão mais acentuadas em você.

Que hoje os discos que eu ouço
Eu não suportava te ver ouvir
Que apesar de você não gostar mais
Foi com eles que muito aprendi.

Que em todo filme de guerra
Sempre tocam canções de amor
Que é difícil guardar um segredo
Mas de você muitos guardam rancor.

O que move o poeta é a dor
O que move o poeta é a raiva
O que move o poeta é a revolta
E esses temas dão muito poemas.

Então vá, eu te deixo ir
Fui teu pai e te preparei para o mundo
Faça para ele o que não fez por mim
Atenda para ele os pedidos que eu te fiz.

Ora mas quem sou eu para discordar
Se ainda sou o sonhador
Que acredita que até a galinha um dia vai voar.

EU QUIS ME CONTER

Eu quis me conter

Antes de chegar em casa ela no táxi debatia
Sobre arte moderna, música e poesia.
Isso me deixava excitado,
Eu quis me conter.

Ao entrar em casa mexeu nos meus discos e quis ouvir blues
Ela mesma abriu a garrafa de vinho e deixou a sala à meia-luz
Isso me deixou louco,
Eu quis me conter.

Então ela sugeriu subir para o quarto e esquecer o mundo
Subi com ela para o quarto para o terceiro ato, o mais profundo
Na porta do quarto por um segundo,
Eu quis me conter.

Antes de deitar na cama ela tirou a roupa e me recitou um poema
Ela era linda e intelectual uma mistura que era mim um problema
Neste exato momento eu me apaixonei,
Mas quis me conter.

Ela me chupou com diplomacia como nenhuma outra havia feito antes
Eu enlouquecia e me debatia na loucura dos novos amantes
Perpetuei minha vontade de ir mais fundo,
Esqueci de me conter.

Ela deitou em seguida pedindo pra que eu fizesse o que eu queria com ela
Fiz tudo até o que eu não queria, pensei Deus do céu, que mulher era aquela?
Fomos onde ninguém jamais esteve,
Não pude evitar.

No momento máximo de tudo, quando a mágica acordou até a criatura morta
Retornando de volta ao nosso mundo, alguém bateu à porta
Então lembrei por que eu quis me conter,
Acordamos a mamãe.

Nunca mais outra vez uma mulher como essa na minha cama
Até hoje minha mãe reclama, por tudo agora ela fala
E prevenida como sempre sendo mãe
Passou a dormir na sala.

ANA QUER TREPAR

Ana quer trepar

, quando Ana quer trepar
, eu não posso negar
, nem questiono
, não discordo
, tenho que estar pronto
, quando Ana quer trepar.

, quando Ana quer trepar
, nada a impede
, ela quer
, e quer logo
, e pode ser em qualquer lugar
, quando Ana quer trepar.

, quando Ana quer trepar
, ela consegue
, ela faz
, eu aceito
, estou sempre preparado
, quando Ana quer trepar.

, quando Ana quer trepar
, ela não conhece fim
, nunca se satisfaz
, sempre quer mais
, nunca volto atrás
, quando Ana quer trepar.


, e se Ana não trepa agora
, Ana chora
, se descabela
, implora
, quando quer trepar.

A ESTRELA

meu primeiro cordel, mal feito mas cordel...


A Estrela

Ela me pediu uma coisa
Mas isso eu não posso dar
Ela pediu uma estrela do céu
Aquela no alto a brilhar
Pensei em mil maneiras
De poder essa estrela buscar
Talvez se eu virar astronauta
Ou aprender a voar
Perguntei se não servia
Uma linda estrela do mar
Mas tem que ser a estrela que brilha
No céu a flutuar
Eu falei pra ela que não
Que problema eu ia arrumar
Eu não posso mexer nessa estrela
Se foi Deus que pôs ela lá
Mas ela insistiu mais ainda
E disse pr’um jeito eu dar
Refleti sobre a situação
E pensei se valia eu tentar
Pensei em usar uma escada
Mas nenhuma iria chegar
Nem tenho dormido a noite
Tentando essa estrela pegar
Oh estrela vê se brilha de dia
Pra noite eu poder descansar
Oh mulher complicada
Nada pode ver que tudo quer comprar
E se eu não lhe der essa estrela
Na minha cara ela nunca mais vai olhar
Homem apaixonado é uma desgraça
Deixa a mulher deitar e rolar
Então pensei mais uma vez
Se valia eu me apaixonar
Até que ela não é lá essas Coca-cola
Mas é um guaraná
Até dá pra passar uma chuva
Já não sei quanto a casar
Eita! Mulher exigente
Imagina se com ela eu morar
Todo dia ela querendo uma coisa
E olha a briga se eu não puder dar
Pensando melhor, não
Melhor eu nem tentar
Se ela quiser uma estrela
Ela mesma que vá buscar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

DRA. SÍLVIA ANDRADE

Dra Silvia Andrade

A doutora Sílvia Andrade sempre fala a verdade
Me esconde só o que eu não preciso saber
Ela é precisa e incisa e corta como um bisturi
Doutora Silvia Andrade me ensina a mentir
Quando ela solta o cabelo depois do expediente
Ela linda toda de branco toda exigente
Como eu faço pra ter a palavra certa na hora certa?
Como eu faço pra ter tanta certeza?
Como eu faço para obter tanta frieza?
Como eu posso te olhar nos olhos e não me apaixonar?
Segura minha mão pra que eu não sofra tanto
Arranca de mim o câncer do sofrer
A doença da tua falta
O vício da vontade de te ter
Tira de mim a desejo do ir contra o teu juramento
Me coloca em teu colo
No meu prontuário
Arruma um horário pra mim
Parcela a tua consulta
Em suaves prestações
Em frases contidas de aliterações
E nos reclames de meus “ais”
Me conceba como o pecador sem dor
Deus abençoe a ciência e o progresso
E me condene antes do excesso
Porque nisso serei pecador
Me alimenta dessa luz
Me livra do SUS
Me livra do “não morrer” em tua cama
Em teu leito vazio
Doutora Sílvia Andrade me fale a verdade
O que eu tenho é grave?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FANTASMA

Fantasma

Quando a música acaba
As luzes acendem
A verdade aparece
Quando a bebida acaba
Os lábios secam
A alma seca
Quando amanhece
O sol vai apagando as memórias
Da noite passada
E o cigarro que te distrai
Dura dois minutos apenas
E é uma pena saber
Que você não estava preparada
Porque a lembrança será sempre uma cilada
Um milhão trezentas e quarenta e duas mil vezes o teu karma
Porque toda noite
Você se deita com um fantasma
Assim fica difícil enterrar os próprios mortos
Principalmente se você tem o que os mantém vivos
Difícil levar isto a sério
Quando se mora num cemitério
Quando se tem o mau a sete palmos dos teus pés
E bate na mesma tecla
Todos os dias antes de dormir
E sonha o mesmo sonho
Sem nexo
E despeja na alma
Bebida e sexo
E vaga a noite inteira
Tentando dormir
Tentando fugir
Sem ter pra onde ir
Assim
As noites vão te consumindo
Vão te levando e te trazendo
Pro mesmo lugar
Fazendo você andar em círculos
Dando voltas na própria existência
Sentindo um aperto no peito
Uma vontade louca de gritar
De por pra fora esse mal
De expulsar o fantasma
Que deita toda noite
Contigo na cama
Mas você só tem lágrimas
E somente lágrimas não podem expulsá-lo
Não podem exorcizá-lo
E faz de tudo pra esquecer
Mas ele está preso a você
Está algemado nos teus braços
Acorrentado aos seus pés
E ele come contigo na mesa
Te faz dormir com a luz acesa
Ele deita contigo na cama
Ele te ama
Por isso não te deixa
Por isso não se queixa
E não te ouve reclamar
Não liga se você chora
Pedindo pra que ele vá embora
Ele nunca vai te deixar
E implora pra que ele morra
Mas ele não morre
E acha que ele te fere
Mas quem se fere é você mesmo
Atira no escuro
E se mata
Mas não morre
E volta
E respira
E conta até dez
E olha pro lado
Lá está ele
O incômodo
O vulto branco
Te olhando
Mas você não vê os olhos dele
Porque esses olhos não olham pra você
Mas você vê
Apenas o sorriso
O sorriso no escuro
Lhe arrancando a vida
Goela a acima
Lhe enfiando a dor
Goela abaixo
Então você descobre
Que não pode lutar
Que já não tem forças
Então deita
E cede
E deixa ele fazer o trabalho sujo
E ele te devora
E se lambuza
E faz muita sujeira
A noite inteira
E você fecha os olhos
E reza pra acabar
Mas o tempo não está ao seu favor
E demora
E dói
E você pensa em como fugir
Nas não tem portas
E nem janelas
Então de repente
Ele se levanta
Como satisfeito
Se veste
E se vai
Sem falar nada
Uma só palavra
Daquela boca nada sai
E você vira
E tenta dormir
Mas o sono não vem
A dor não deixa
Porque no outro dia
Você sabe que ele vai estar lá
Vai te esperar
Na tua cama
Sem dizer uma palavra
Como um fantasma
Uma lembrança
Latente na memória.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A VALSA CIBERNÉTICA

A Valsa Cibernética

Ajude a tecnologia meu amor
Transe com meu computador
Faça nele o filho do progresso
Abra o portal que eu atravesso.

Não me deixe morrer do mal súbito
Pelo execrável vicio que me levará ao óbito
Minha vida é miserável, meu bem
Estou destinado à ferrugem.

Se não me queres
É porque sou máquina
E só como máquina
Podes me querer

Computador meu companheiro
Certo de que ela irá ler
Entregue a ela os poemas
Que escrevo quando estou só no banheiro.

Só tu tens as chaves
Do cárcere desta desdita tecnologia
E és cúmplice da minha penúria em demasia
A ti consagro meu deísmo com deveras tardia.

Somos filhos da ciência
Frutos da inconseqüência
Do descaso do acaso
Os fantasmas do futuro.

Mas se achas que estou,
Sofrendo,
Por teu amor,
Saiba que nem sinto,
Muitas vezes até minto,
Sou um amontoado de chips,
Sou um,
Computador.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CLUBE DOS CANALHAS 2

Clube dos Canalhas 2

Já te disseram sai dessa que esse cara não presta
Já te disseram garota ela só quer te usar
Ele só gosta de ser gostado por você
Mas ele gosta mais de te ver se arrastar.

Já te disseram ele só quer te comer
Se precisar até diz que te ama
Mas ele só pensa no próprio prazer
Ele só quer te levar pra cama.

Já te disseram esse cara vai te fazer sofrer
Vai te comer e te chamar por outro nome
Que mundos e fundos a você ele vai prometer
Mas somente enquanto ele te come.

E todos os dias o sol me acorda
O sol me corta como uma navalha
E aponta o dedo na minha cara
E diz pra mim: Você é um canalha.

E todos os dias eu ando pelas ruas
E as mulheres por mim suspiram
E se despem seminuas
E nas minhas mentiras se atiram.

As mulheres adoram os canalhas
Porque os canalhas as fazem mais mulher
Somente são homens aqueles cheios de falhas
Os pilantras, os cafajestes, os canalhas.

Aqueles que você manda embora
Mas se arrepende e chora
Pedindo pra que ele volte
Pra que ele lhe segure firme
E que não solte
Mesmo que você peça
Ou se rebele, ou se revolte
Mas só ele te agasalha
Te desconcerta
Te embaralha
E depois te deixa sem ar
Quando te beija
E você rasteja
E o deseja
Porque só ele satisfaz tuas fantasias
E você o atura quando bêbado
Só pra sentir a barba mal-feita
O palavrão
Ele te faz comer na mão
E catar as migalhas
E depois te abandona
E volta
Ao Clube dos Canalhas.

sábado, 10 de outubro de 2009

FUI ASSASSINADO BRUTALMENTE

Fui Assassinado Brutalmente

Ao dobrar a esquina na Cipriano Santos
Um ônibus dobrou na minha frente em alta velocidade
Quando eu pensei ter escapado, os gritos eram tantos
Que eu jurava ter sido vítima de uma fatalidade.

Violinos mórbidos dilaceravam o som daquela gritaria
Em volta de mim olhos incisos me devoravam por conta da curiosidade
Uma escuridão passou a tomar conta da minha visão, eu desfalecia
E já me cobriam com o jornal que noticiava essa barbaridade.

Salivando a ferrugem do sangue eu avisava que não estava morto
Eu nadava na poça de sangue da minha própria tragédia
Então flutuei pra ver o meu corpo de alto, torto
Ri da minha própria cara me fiz motivo de comédia.

Do outro lado da rua eu vi meus pertences espalhados
E junto deles, estava lá, ainda batia meu coração
O choque foi tão grave que deixou meus órgãos estraçalhados
E meu coração que saiu pela boca abandonado no chão.

Então recobrando meus pensamentos descobri impressionado
O ônibus havia passado muito longe de mim
O que causou minha morte brutal não foi o coletivo lotado
Foi seu sorriso na janela do lotação, sem me olhar, meu fim.

Advim
Nunca mais me distraio assim
Não me abestalho como o arlequim
Não quero mais visitar o jardim
Pra ver o querubim
Com cheiro de jasmim
Vestindo brim
Com seu bandolim
Pintando o carmim
Tomando gim
E tirando o gosto com o capim.

Não quero mais festa com festim
Rezar a missa em latim
Nem muro de Berlim
Nem voar com o Zepelim
Pra não ter mais isso daria um rim
Teu sorriso sempre foi meu fim
Mas até que não é tão ruim
Eu que exagero sim.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CARTAZ SHOW MADRUGA FEST NO CAVERNA CLUB (ANTIGO LIVERPOOL)

Clique na imagem para ampliá-la



Hoje estarei no palco do Madruga Fest com meus companheiros do Jonny Money, muito Rock and Roll e todo mundo dançando, gosta de Ramones? haverá surpresas então...

VERSOS PARA UMA GAROTA QUE ACABOU DE DAR O PRIMEIRO PASSO NA VIDA (OU TUDO ISSO JÁ FOI DITO ANTES)

Versos para uma garota que acabou de dar o primeiro passo na vida (ou tudo isso já foi dito antes).


Triste daqueles que passam o tempo chorando o leite derramado
Que se lamentam por não poderem mudar o passado
Que se arrependem de algo que já foi sentenciado
Mas que nada tentam fazer para continuar o inacabado.

Ninguém é o dono da verdade absoluta
Ninguém é o dono das suas verdades
Você é livre, você cala, você escuta
Quando bem entender.

Você pode perder seu tempo tentando descobrir
Onde está o certo ou o errado
Mas quem cria essa sentença é você
Só você tem os olhos para enxergar
Leve-os até onde eles puderem ver
Até onde eles poderem alcançar.

Pra que passar o tempo que lhe resta pensando
No porque de tudo mudar
Se algo muda é sempre pra melhor
Depende só do ponto de vista de quem observar essa mudança
Ou da sua iniciativa pra aceitar que as coisas também mudam.

Então cantemos assim:
(tente se puder)
“Não queremos a fórmula secreta da felicidade
Não precisamos decorar a bíblia
Muito menos um Vademecum
Nem as receitas mágicas do amor
Nem as trapaças e as manhas do baralho
Eu não tenho obrigação de decorar um hino
Eu não tenho obrigação de ter obrigação
As plantas que só crescem em ambientes propícios
Com água e luz e terra fértil
Mas é preciso as adversidades
Para que no mínimo
Possamos entender que ainda não estamos mortos
Tudo em nome da razão.”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

OS SINOS DE BELÉM COMEÇAM A SOAR

Os sinos de Belém começam a soar

Já estive em lugares muito complicados
Nas ilhas da loucura
Nos mares do barato.

E por vezes perdi a cabeça
Perdi o controle
Perdi a noção do tempo e espaço

Nos braços alheios
Das mulheres severas
Carinhosas e carniceiras.

Já usei tudo
Já fiz de tudo um pouco
Já fui são, quase louco.

Já comi do fruto proibido
Já dancei sem música
Já fui minha própria tribo.

Já bebi daquela água
Já provei o teu veneno
Mas vivi

Já fui
Já estive
Já provei

Já não quero mais
Eu disse pra você
Que eu sei gostar
Que gosto mesmo
Que amo até o fim
Mas que de hoje em diante
Só vou gostar de quem gosta de mim.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

POR QUE SEMPRE MANDAMOS EMBORA QUEM NOS AMA?

Por que sempre mandamos embora quem nos ama?



Ora por que gostamos de aventuras

E de correr riscos

Gostamos do quente e não do morno

Gostamos do perigo.



Gostamos de ver os outros sofrerem por nós

É mais gostoso saber que alguém chora por você

Te faz se sentir mais querida por si mesma

Por que não gostamos de gostar, mas sim de sermos gostados.



Amar é fácil, todo mundo ama

Quando queremos algo

Ou quando queremos levar alguém pra cama.



O que é certo pra mim

Dificilmente será pra você

Raramente você vai entender o por que

Te resta calar-se e aceitar.



Sempre falamos o que não devíamos na hora errada

Só pra que nos corrijam

E sempre seremos mais felizes quando estamos chamando a atenção.



Eu me sinto mais contente quando a gente transa

E na cama

Você fala que me ama

Só por dizer

Só pra satisfazer

Só pra alimentar o ego

Pra fingir de surdo

Se fazer de cego.



Adoro quando estás com raiva

E de tudo fazes um drama

Ansioso eu fico

Pra ver a lágrima que derrama

Salve aquela que não me ama

Salve a garota de programa

A Dama Suprema do Melodrama



Se quiseres que eu te queira, não me queira

Se quiseres que eu te ame, não se engane

Espere que lhe mande um telegrama

Com a pergunta que não quer calar

Por que sempre mandamos embora quem nos ama?

O SENSO DAS COISAS

esta é muito velha nem sei de quando

O senso das coisas


Necessito de mais negações
Pra poder não mais olhar na tua cara
E poder criar coragem
Pra não mais passar na porta da tua casa.

Necessito de mais filosofias
Para a minha triste pobre vida
E preciso de algum Metiolate
Para amenizar a dor da ferida.

Como se isso fosse mudar,
Quando o senso viesse perguntar,
Quanto é o meu salário?
E como eu faço para me sustentar?

Se eu uso minhas pernas,
Elas podem não suportar,
Ou se eu uso as paredes,
Pra poder me apoiar.

Necessito saber mais
Qual é o meu nível mental
E agora eu quero mais
De alteradores do que eu chamo de real.

Eu preciso amar as pessoas
Como se não houvesse o amanhã,
Eu preciso dormir cedo
Pra quem sabe trabalhar de manhã.

Preciso ver TV
Pra quem sabe me alienar,
Pra poder saber
Que cigarros me obrigarão a fumar.

Necessito de comida light
Pra poder não engordar
Os venenos enlatados
E cinco metros de corda para eu me enforcar.

OVELHA NEGRA

Um antigo poema da minha época punk, haha, fui punk?


Ovelha Negra

Prematura, precoce, desmamada,
Agora sem futuro vivendo acorrentada.
Ovelha desgarrada, família alienada,
Agora sem destino ela fugiu de casa.

Pelo padrasto ela foi assediada,
A mãe já com medo ficava calada,
Matar a mamãe ele ameaçava,
Sentava num canto e lá ela chorava.

Chegava bêbado e a procurava,
Se ela se escondesse ele a encontrava,
Se ela se negasse ele a espancava,
Matar a mamãe ele ameaçava.

Em um belo dia o padrasto porre estava,
Brincando com a arma a mãe foi baleada
E ovelha negra que a arma encontrara,
Deu cinco tiros na cara do canalha.

Então a polícia que a porta arrombara,
A arma na mão de ovelha desgarrada,
Ela não tinha provas ela só chorava
E a trinta e cinco anos ela foi condenada.

Odeie, odeie seus inimigos,
Mate todos eles e ninguém vai se importar.
Ame, ame seus amigos,
São seus amigos e eles não vão lhe julgar.

Num dia desses, ela me disse,
“Quando olho para o sol, sinto a carne de meu corpo esfriar, sinto cada osso quebrar e ouço minha alma implorar, pedindo pra ela não voltar”

Ela virá como Frances,
Ela virá como o fogo,
Queimando a doença do povo,
Ela virá de novo,
Eu sei que virá
E quando vier será quando ninguém
Estiver a esperar

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MEU NOME É ARNALDO ANTUNES

Meu nome é Arnaldo Antunes

Num canto solitário
Um solitário ser
Tentando solitário
Não solitário ser.

O olho vê
O olho no espelho ver
O mesmo olho
Não olhar de volta.

O preso liberto
Está preso
Na prisão aberta
Da própria liberdade.

Tento escutar
O queres dizer
Dizendo o que quero
Sem te entender.

Corro de lugar algum
Pra lugar nenhum
Sem saber
Se quero mesmo chegar.

A luz ilumina
A lâmina iluminada
Pela luz
Que a ilumina.

A bola quando rola
Dá voltas
E voltas em torno
Do seu próprio eixo.

Superficialmente
O super-herói
Supera
O arquiinimigo.

Ligo pra você
Na certeza
De que quando eu ligar
Você vai atender.

A fé move montanhas
Pois se não move
A fé se move
Até a montanha.

A fome devora
Deveras fome
De feras
Insaciáveis.

Beija o beijo
Na boca fecha
E durante o beijo
Não entra mosquito.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ANOS 60 (MARCHINHA)

Anos 60 (Marchinha)

O carnaval,
O carnaval vai passar
Na avenida
Eu já vesti minha fantasia
Hoje a loucura está reunida.

E eu vou,
Eu sei que vou
Vou na ala dos malditos
Dos loucos e dos rejeitados.
E os junkies desmiolados

E os beatniks?
Oh abram alas pra Geração Beat
Viva a criação espontânea
Viva Burroughs e Kerouac
Os hippies, os beatniks.

E a alegoria?
A alegoria é nota dez
A primeira, a genuína
Salve a bandeira dos anos sessenta
Salve a nossa heroína.

E você?
Ah você
Você ainda era um bebê
Quando os seus pais
Ainda tomavam LSD.

Viva a viagem lisérgica
Viva o papo transcendental
Anos que não voltarão
Recordação desse carnaval.

GAROTAS QUE DIZEM SIM

Garotas que dizem sim

Se eu tivesse uma arma te convenceria a vir comigo
Ou te convenceria a tirar a roupa
E deitar na minha cama
E ainda dizer que me ama.

Se eu tivesse uma arma te desmentiria na tua cara
Contrariaria tuas teses mal formuladas
Tuas palavras desconhecidas
Traria à tona tuas mentiras escondidas.

Se eu tivesse uma arma seria fácil te calar
Quando você está a falar o que não deve
Quando você está a falar demais
Acabaria com tuas deixas tão radicais.

Se eu tivesse uma arma não me perguntaria sobre tuas roupas
Ou sobre dizer se está feia ou se está gorda
Deus me livre da sentença dessa escolha
É melhor te esconder dentro do quarto ou dentro de uma bolha.

Se eu tivesse uma arma eu seria teu senhor
Eu seria o “Senhor Supremo e Absoluto do Não”
A minha maior vontade sempre foi negar tuas vontades
Você não discutiria diante de uma arma ou de Hades.

Eu vivo num mundo tão bonito
Meu mundo das histórias sem fim
O mundo secreto dos desejos ocultos
O mundo repleto de sonhos adultos
O mundo das garotas que dizem sim.

SHOW MADRUGA FEST 4



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ARREPENDIMENTO (SOBRE A NOITE PASSADA)

Arrependimento (Sobre a Noite Passada)

Não vai ser fácil assim me ter só seu
Não sou de ninguém é ninguém é meu
Não vai ser fácil descobrir meu nome
E o que você tem não sacia minha fome
Não pense que é fácil me enganar
Que é simples me dobrar
Pois tuas verdades nada podem provar
Você não me conhece
Não sabe do que eu sou capaz
É mais fácil sentir medo do que pena de mim
A não ser que você pague uma dose pra mim
Não pense que me dedicarei a você
Por uma vez acender teu cigarro
Por aceitar entrar no teu carro.

Deus nos fez pra sofrer
Nesse maravilhoso circo que é a vida
Resta-nos rir
Só nos resta quebrar a cara
Se não for comigo será com outro cara
Se não for esta noite será amanhã
Quando você escolher quem será teu carrasco
O cara que vai te fazer chorar
Que vai te empurrar no penhasco
Que vai te por pra baixo
Basta saber se tens coragem de aceitar
De jogar
E errar
Errar é divino
É sobre-humano
O acerto nos conduz ao engano
Mas errar nos faz aprender
Numa inútil certeza de vencer.
Quando a gente sabe que vai dar tudo errado no final.

Quando você implorar pra que eu fique
E aceite mais um copo
E aceite o teu corpo
Ainda em chamas pela noite em vão que tivemos
Quando o vinho está intragável
Você está com dor de cabeça
E eu rezando pra que você me esqueça
Por favor, me faça o favor de não lembrar
De esquecer
De me apagar
Esqueça os detalhes
E todo o resto
Minta se te perguntarem sobre mim
Diga que nunca me viu
Que sou ridículo
Feio
Alheio às tuas vontades.

A gente paga pra ter isso ou aquilo
O urso de pelúcia ou a caixa de bombons
O beijo é caro
O sexo é mais
E dizer,” te amo” não tem preço
Reconheço.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

MULHER DE BORRACHA

Mulher de borracha


Vendo mulher de borracha

Totalmente flexível

Boneca inflável

Personalidade maleável

Cérebro de látex

Descartável

Destacável

Acessórios de plástico

Tudo em PVC

Não come

Não dorme

Não fala

Motivo: Viagem


ERREI

Errei


Me lembrei de esquecer de lembrar de você

Me perdi pra me achar perdido sem entender

Me esclareci pra duvidar do que sei

Parei pra observar o sinal que avancei

Subi pra deixar mais alto meu baixo astral

Comecei pelo final

Me libertei de todo mundo pra me acorrentar aos seus pés

Criei na minha frente uma parede pra tentar ver através

Lutei vitorioso pra dessa vez alcançar a derrota

Fui o esperto se passando por idiota

Achei que essa doença em mim seria minha vacina

Busquei luz na lâmpada que não ilumina

Ninguém me disse que eu não tinha asas

E nem que eu não devia ir fundo em águas rasas

Pus a mão no fogo crente de não queimar

Dei meu palpite crente de não errar

Apostei certo de não perder

Acreditei no paraíso para um ser ateu

Mandei embora aquela que um dia me acolheu

Errei achando que estava certo

Ela estava longe quando estava perto

Jurei por ti uma mentira com a cara mais sínica

Falei pra ti uma verdade numa cena tão cênica

Tudo bem, admito não querendo admitir

Eu errei, mas o erro não foi só meu

Foi também teu

E dele

E dela

E daquela outra também

Errar é humano?

Não sei mais nada

O que é errar?

O que é humano?

sábado, 26 de setembro de 2009

AÇÚCAR

Açúcar

Ela não é tão doce quanto parece
Mas ela gosta de fazer devagar
Gosta de ficar por cima
E se fazer de vítima.

É fácil gostar do mel
É fácil tocar o céu
Da boca quando adoça a língua lembrando os prazeres que se foram
Quando encosta os dentes onde eles jamais estiveram.

Geralmente eu falo
Quando eu não me calo
Quando não me fazes pequeno
A ponto de descer pelo ralo.

Quando teus gemidos quebram o silêncio
Fazendo as palavras terem gosto
No escuro o toque doce e ardente no teu rosto
Tentando calar a tua boca, pois incomodarás os vizinhos.

Agora minta na minha cara
Diga que teu doce veneno não é meu vício
É o próximo passo que eu darei
Em direção ao precipício.

Abro as portas para que você possa entrar
Na amargura do meu ocioso lar
Que você irá soprar e derrubar como o vento
Se eu não gozar dentro.

Então trocaremos
Saliva e suor
Sangue e mel
Pra pintar de vermelho o infinito do céu.

Com açúcar
Com afeto
Com tinta Sulvinil.



terça-feira, 22 de setembro de 2009

SEGUNDA-FEIRA

Segunda-feira

O domingo é uma tortura pra quem bebe no sábado
A segunda-feira então é o fim do mundo
É o fim que entra pelo avesso
É um mundo que desconheço.

O que é a segunda-feira senão o apocalipse
Um dia muito raro, dia de eclipse
Dia em que me obrigam a nascer de novo
O sol me obriga a sair do ovo.

A segunda-feira passa lenta
A mente quer, mas o corpo não agüenta
Os olhos não querem se abrir
E passam o dia inteiro ainda querendo dormir.

E volta o ônibus lotado
O trânsito engarrafado
O trabalho
O chefe mal-humorado.

Deus me livre morrer na segunda-feira
Minha alma não deixaria meu corpo
Por falta de disposição
De vontade
Se eu puder escolher
Quero morrer
Num domingo à tarde.

O PREÇO

O Preço

O meu amor não está a venda
E por isso eu pago caro
Eu pago o preço do apreço de escolher
O meu prazer é cada vez mais raro.

A insubstância das coisas insólitas me agradam
E por isso não se paga nada
O prazer de te ouvir falando em línguas que desconheço
Qual é teu preço, pois todo mundo tem um preço?

ABSTINÊNCIA

Abstinência


A abstinência é o excesso do nada

É o acesso impermitido para lugar algum

É sem discutir não chegar a um senso comum

É não querer nada e não ter nenhum

É a causa do porque de não saber

É o não saber e o não poder explicar

É o não querer e o não poder entender

É o perto que não dá pra alcançar

É o longe que dá pra chegar

É o escuro onde dá pra enxergar

É o vazio impreenchido

É o estorvo que acalma

É o nada boiando numa piscina vazia

Nadando no nada

Nada

A abstinência nada em mim

Me faz começar pelo fim

Me faz rir de mim mesmo sem graça

Me faz cócegas numa cama de pregos

Mas não me machuca

Por que passa.

REMÉDIO PRA SOLIDÃO

Remédio pra solidão

Remédio pra solidão é porrada

De um whisky sem qualidade

Um vinho barato à vontade

Uma cerveja quente e sem gosto

Uma mulher burra e sem graça

Um tecno brega no volume máximo

Se não der jeito use uma arma.

MIL VEZES

Mil Vezes


Mil vezes a solidão
Que tua presença
Que tua sentença
Que tua risada insossa.

Mil vezes uma punheta
Que teu sexo morno
Acompanhado de um suborno
Me pedindo pra gozar.

Mil vezes eu te esquecer
Que reler tuas cartas
Teu glossário de erratas
Me pede dinheiro e desculpas.

Mil vezes a felicidade
De saber que você foi embora
Que não está do lado de fora
Me pedindo pra entrar.

Mil vezes a incerteza
Que tuas certezas incertas
Que tuas frases incorretas
Esperando para que eu as corrija.

Mil vezes a turbulência
Que tua calmaria momentânea
Que tua receita instantânea
De como sonhar acordado.

Mil vezes eu
Mil vezes eu sem você
Te ensino como é fácil te esquecer
Basta olhar para o lado, e se eu não te ver...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ESTOU PRONTO

Estou pronto

Agora que sei voar não preciso mais de suas asas
Nem hélice de helicóptero, nem pára-quedas
Já posso saltar no precipício
Posso fazer meu fim ou voltar ao início.

Agora que sei andar com minhas próprias pernas
Não preciso mais de muletas, nem preciso segurar no seu ombro
Vou correr como Forrest Gump e brincar pira-pega no jardim
Não preciso mais de ninguém e ninguém precisa mais de mim.

Já sei falar por mim mesmo, já tenho o dom da palavra
Conheço agora as palavras complicadas que você dizia
Nunca mais me calo diante de alguém
Nunca mais dou ouvidos a ninguém.

Estou pronto, pode vir
Já preparei as minhas armas
Estou pronto pra me decepcionar por ti
Se eu não me decepcionar vou no mínimo morrer
Pode vir, estou aqui
Estou de mão limpas
E não só aprendi a evitar as armadilhas
Mas como também prepará-las pra você.

Estou pronto.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

PROMETO

Prometo


Prometi para mim mesmo que se um dia eu lhe ter
Te farei só minha,
Vou te prender
Vou te condicionar
Vou te trancar
Num quarto escuro sob a guarda dos guardas
Vou te acorrentar.

Prometo te fazer sofrer
Te fazer me odiar
Prometo te fazer se ajoelhar
Te fazer chorar
Te humilhar em público
Te amordaçar
Te decepcionar.

Farei tudo para você
Tudo para você ficar triste,
E quando você estiver chateada
Prometo te fazer piorar
E quando você chorar
Eu vou rir
Na tua cara.

Vou te odiar com todas as minhas forças
Mas não vou te deixar ir embora
Serei agressivo
Estúpido
Desprezível
Violento
Mentiroso.

Vou te comer
Mas não vou te deixar gozar
Vou virar para o lado e dormir
Vou comer tua irmã
Tua melhor amiga
Na tua cama
Vou roubar tua grana
Vou gozar na parede ou no teu cabelo
Vou limpar o pau na cortina.

Prometo te trair todos os dias
Na tua frente
Até o último dia da sua vida
E ai de ti que conteste,
Vou te fazer perder o gosto de viver
Mas se assim
Você achar isso ruim
É tudo para que você nunca se esqueça de mim
Se um dia eu lhe ter.

SONETO DO ÓDIO ETERNO

Desculpe Vinícius, estava lê-lo novamente (300 anos depois) e não pude conter-me...




Soneto do Ódio Eterno

Rafael Oliveira


De tudo ao meu amor serei desprezível
Depois, descuidado, e nunca, e pouco
Que mesmo em face do maior desgosto
Que o torne este ainda mais destrutível.

Quero fazer dele um vão momento
E em teu horror hei de espalhar meu manto
E rir meu riso e derramar teu pranto
Ao seu pesar e seu descontentamento.

E assim, alegremente te procurou
A dor, a morte, a angústia que em ti cultivei
Quem sabe a solidão, fim de quem morreu

Eu possa lhe dizer do ódio (que criei):
Que em ti foi tão mortal, ninguém te socorreu
Mas que assim foi infinito enquanto durou.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VAI DORMIR BÁRBARA

essa faz tempo, achei perdida mas é tão bonitinha



Vai dormir Bárbara



Desliga a TV e vai dormir

Está na frente do computador como um zumbi

Desliga isso e vai dormir

Já andas desligada

Minha cara.


Já desabaste

Já te esgotaste

Faça agora tua parte

Desliga isso e vai dormir

Estás tão sonolenta

Que ao dormir

Vai sonhar com o sono

Com a cama do abandono

Com as flores do outono

Preto e branco e mono

Com os ursos de pelúcia

O travesseiro

O mensageiro noturno

O íncubo

O vento frio do inverno

O “nananeném” eterno

Os carneirinhos saltitantes

As prostitutas

Os assaltantes

O ladrão

A manhã do café com pão

Vai dormir, vai

Já não te agüentas em pé

Vai dormir mulher.

EU TE AMO

Eu te amo

Eu aprendi a dizer “Te amo”
Sou um bruto apaixonado
Tentei não ser tão clichê
Nem tão romântico
Muito menos parecer fraco
Mas como dizer “Te amo” sem estar numa Bossa Nova
Eu não quero dizer ”Te Amo”
Eu quero fazer-te
Amor
Quero rasgar meu peito de tanto gritar
Amor
Quero ficar louco
Quero ficar rouco
Quero me masturbar só pra você
Quero não te tirar da cabeça
Quero me esquecer de te esquecer
Mas amar é mergulhar no escuro
É aceitar o açoite
É uma briga de foice
É uma faca no peito
Dói
Mas por que aceitamos amar?
Se no fundo, isso vai machucar
O que é o amor?
Alguém sabe explicar?
Alguém teria a audácia de tentar?
Amar é aceitar o engano
Isso eu sei
Mas dizemos “Eu te amo”
Como se baixássemos a guarda
Como se aceitássemos a facada
No peito
Assim não tem jeito
Não tem remédio que cura
Até o mais sábio dos sábios duvida
Da quão profunda é a ferida
Me pego reclamando
Ando muito romântico
Porque será?
Será que algo está para acontecer
Será que uma mulher vai chegar
E dizer na minha cara
“Eu te amo, porra”
Como no cinema
Seria esse meu problema
Não sei distinguir
O amor é cego
Assim o chamo
Quando digo que te amo
E eu te amo.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

VÊNUS DE MILÓ

Vênus de Miló

Arrancaram-me os braços
Não posso mais segurar meu bebê
Não posso mais amamentar-te
Não posso mais sufocar-te.

Cegaram meus dois olhos
Não posso mais te enxergar
Não diferencio cores, nem o feio do belo
Nem a foice do martelo.

Amputaram-me as pernas
Nunca mais bicicleta para mim
Não posso mais fugir de você
Não posso mais me esconder.

Arrancaram-me a língua
Nada mais pronunciar
Nunca mais me ouvira dizendo
Reclamando de que está doendo.

Taparam-me os ouvidos
Não te ouço reclamando
Não ouço mais você chegar
Nem te ouço praguejar.

Enlouqueceram-me
Enlouqueceram-me
Enlouqueceram-me
Enlouqueceram-me

E nunca mais tomarei Coca-cola

O SOL

O Sol

Construí uma casa no sol
Uma casa construída de sal
Minha cama era um ninho de palha
E acendia num feixe de luz.

E todo dia eu era a fênix
Eu ressurgia da própria cinza
Morria nesse crepúsculo
Para dar à tarde o luto noturno.

Eu tinha os olhos incandescentes
Meu coração uma brasa
Minhas mãos fervilhavam insanas
Para acender o amanhecer.

O meu destino é queimar
É me desfazer em cinzas
É abrir os portões do inferno
É fazer tudo arder com o fogo.

Descalço sobre as faíscas
Eu nunca fazia fumaça
A chama fazia as pedras cantarem
Mas lavava com gasolina.

Como palitos na caixa de fósforos
Como palitos na caixa de fósforos...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

BLUES DA INTRIGA

Taí uma idéia para um blues, mas não sendo bom é uma idéia...


Blues da Intriga

Eu cheguei do bar às seis horas da manhã
Mas meu bem não quis abrir a porta pra mim.
Disse que ando levando uma vida sem nexo
Que só ando pensando em bebida e em sexo.

Se eu não cheguei cedo
É porque o cigarro não havia acabado
O garçom ainda me dava ouvidos
Mesmo com o bar já fechado.

E procurei milhões de desculpas
A melhor, mais esfarrapada
Então me agarrei com o Pretinho, o cachorro
E dormi com ele na calçada.

Baby, meu bem, benzinho
Você anda vendo novela demais
E diz que vai me deixar
E que são conselhos dos seus pais.

Então esperei você sair pra feira
Dormi a manhã inteira
Acabei com a água da geladeira
E inventei que ia trabalhar.

Disse que a vizinha deixou o marido
Porque ele só bebe comigo
Mas o cara é meu grande amigo
E sempre tem um bom motivo pra comemorar.

Expert em fazer intriga
Adora começar uma briga
Diz que o amor não enche barriga
Que é melhor a gente terminar.

Mas briguei disse que ia embora
Ela jogou minhas roupas fora
Mas sabe que vou voltar
Assim que o bar fechar.

EXXXÓTICA

EXXXÓTICA

Meus ouvidos te ouvem clamando
E eu tenho o que você quer
Eu controlo todos teus anseios
Minhas mãos sempre estão nos teus seios
Me naufrago em teus devaneios
Uma doce e selvagem mulher.

Por vezes te pego sonhando
Te disperso ao beijar sua nuca
Agarro com força seus cabelos
Te arrepio todos os pêlos
Lençóis para não vê-los
Sussurra e diz que é minha puta.

Dessa forma acorda os vizinhos
Ela grita como uma louca
Como se depois fosse um fim
Como se dançasse com um mandarim
Mas não se apaixone por mim
Por isso não beije a minha boca.

A dança sob a luz de velas
Minhas mãos mordem teus quadris
Lava a alma, lava com suor
Ela diz que bem fundo é melhor
Que é gostoso porque é bem maior
E com calma me acaricia a alma quando estou por um triz

Nossa cena de amor tão erótica
Nossa língua lambendo caótica
O paraíso por uma nova ótica
Baby, você sempre EXXXÓTICA.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COPO VAZIO

Este poema é sim um verdadeiro poema feito por um poeta e cantado por um gênio, apesar de tê-la ouvido tantas vezes ainda não parece uma composição do Gil e sim do Chico, ainda bem que ele (Chico) gravou senão o que seria da minha vida alegre sem esta canção, pra vocês como poema...

obrigado Israel...


Dedico a Matheus Bennassuly, Wilson e Israel (sou fã) e a Mallu Fernanda (que deus a tenha, rsrs)

Copo Vazio


É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.

É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.

Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

domingo, 30 de agosto de 2009

LUTA VÃ

Luta Vã

O que ainda queres tu de mim,
Se tudo já te dei?
Apostei e não ganhei
Já cheguei ao meu fim
Já cheguei ao fundo do poço
Já cheguei ao fundo do copo
Ao fim da linha
Ao último capitulo
Esgotei minhas reservas
Já frustrei todos os meus comparsas
Já matei todos os meus amigos.

Já não tenho dinheiro no banco
Nem balas no revolver
Já fumei meu último cigarro
A minha fonte secou
Já se ouviu o último acorde
Já desfiz o último laço
Já nadei pra morrer na praia.

DOMINATRIX

Dominatrix

Por vezes Dejavú
Uma intenção criminal
Ela muda em mim
Uma punição corporal.

Ela imprime em mim marcas
Sou escrava num bondage
Pago por ser inconstante
O troco é a felicidade.

Quero fugir, mas não quero
Quero morrer, mas não posso
Não antes que ela ordene
Não antes que ela me condene.

A ser sua escrava sexual
Uma herdeira da dor
Sedenta me violenta
Me atenta ao pudor.

Por mim comete pecados
Queria eu cometer
Comer a colcha da cama
Ser tua confidente privê.

Por você serão meus orgasmos
Meus sonhos, minhas fantasias
Meu anjo sadomasô
Meu paraíso de orgias.

Sou tua me devora por dentro
Me condena em teu julgamento
Me bate, me asfixia
Me ama puta vadia.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

MANHÃ BRANCA NA CALÇADA

Manhã Branca na Calçada

Me apego fácil a qualquer uma
A qualquer coisa
Um bom vinho no seu apartamento
Um momento,
Um beijo de despedida
Um obrigado na saída.

Mas nem sempre me acabo
Muitas vezes me guardo
Como quem guarda o troco do pão
Como que guarda o portão
Como que vigia um sono
Como que observa pela janela o outono.

QUANDO VOCÊ SAI DO MSN

Quando você sai do MSN

Pois é
Você foi
E eu fiquei aqui
Deixando os minutos me consumir
Até me sentir um zumbi
E em minha cama cair
Ou cair pra trás
Tanto faz
O tempo se arrasta quando penso em você
Mas quando te tenho o mundo gira
Dá voltas e voltas
E pensamos que ele não saiu do lugar
Minha vontade é te ver
Meu desejo é te encontrar
Pra te acariciar por baixo da blusa
E te ouvir suspirar
Palavras que desconheço
Mas que sei bem o que querem dizer
Minha vontade é te ver
Meu louco desejo
É beijar no teu beijo
É estar dentro de você
Penso em você
Penso em nunca te esquecer
E me esqueci de te esquecer.

sábado, 22 de agosto de 2009

SHOW MADRUGA FEST 4



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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

CONTO DE FADAS

Conto de Fadas

Eu já estive nos braços das fadas
Na cama de rainhas depravadas
Já devi para a bruxa labiosa
Mas a maçã envenenada era saborosa.

Meu começo do “era uma vez”
Minha bárbara história sem fim
Lembranças amigos dragões
Que te aprisionavam de mim.

E quando eu morava em você
Minha vida era a casa de doce
Você consolava o meu pranto
Quando eu não seguia o coelho branco.

Sinto ter que lhe deixar
Mas a carruagem já virou abóbora
Eu sou o cavaleiro negro da morte
Minha vida é testar minha sorte.

Era um conto infantil
Ora se mente La Fontaine
Conto da carochinha
Se mente, mente bem.

Duvidar ninguém se atreve
Um passeio pelo barato
Mas para que essa história seja breve
Me dedico a Branca de Neve.

Era uma vez o Fim.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Você me desconcerta

Me desconecta

Me arrasa

Me destrói

Me usa

Abusa

Me corrompe

Me corrói

Me come

Degusta

Digere

Defeca

Me trai

Me atrai

Me repele

Me fere

Me pega

Me larga

Me ama

Me odeia

Me janta

Me almoça

Me ceia

Me ingere

Vomita

Me prova

Me testa

Reprova

Me alisa

Me amassa

Me solta

Me amarra

Me mata

Me ressucita

Me acolhe

Me abandona

Me trata

Destrata

Me penetra

Me goza dentro

Me erra

Acerta

Me vira

Desvira do avesso

Me embrulha o estômago

Me despreza

Me abomina

Me concebe

Me aborta

Me fortalece

Me fragiliza

Me esclarece

Me questiona

Me gasta a sola do sapato

Me faz de gato e rato

Mas eu gosto.


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ESTÓICO (O MAU MORA EM MIM)

Estóico (o mau mora em mim)

Um copo com whisky sem gelo
Para acolher minh’alma
Para encher o meu peito de dor
Para testar a paciência e a calma.

Eu transo contigo, enlouqueço
Como se estivesse próximo meu fim
Cuspo no teu corpo e esqueço
Que o mau mora em mim.

Te abraço e absorvo teu cheiro
Te sinto ao meu lado dormir
Passo a mão em teu corpo inteiro
E observo esse corpo cair.

Vou te lamber dos pés a cabeça
E incitar em teu corpo um motim
Te lembro para que nunca esqueça
Que o mal mora em mim.

Te lanço um olhar hipnótico
Você cai de joelhos na cama
Um beijo doente e caótico
Odeio a quem mais me ama.

O mau mora em mim
Penso em como será esse fim
Se será trágico ou heróico
Com amor à adversidade
Meu segundo nome é Estóico.