quinta-feira, 28 de maio de 2009

RAINHA VERMELHA

Rainha Vermelha

Você chegou,
Parece até que Nero passou por aqui
Feito lava de vulcão
O inferno dentro de um rubi
Hasteou no meu coração
Uma bandeira socialista
Feito brasa
Feito ferro marcando a alma
Pintando com sangue a paisagem
Matando meus glóbulos brancos
Assustando minha tribo Cherokee.

São os olhos do coelho
E o nariz do palhaço
Minha bebida preferida
O morango, a maçã e a cereja
A feminilidade
O tapete da celebridade
O urucum
O colorado
O Carmim infiel pecado
Moulin Rouge
O alimento que te mata
Ouro no baralho
O cometa que levou meu tédio pra casa do caralho.

Estou fugindo para a União Soviética
Pois agi contra a ética
Roubei da cochonilha a cor
Aquela que dizem ser do amor
Mas sente-se
Beba de minha bebida Rosé
Dê-me a lata de Coca-cola
Fique à vontade no meu vime espanhol.

Por Stephen King e Brian de Palma.

domingo, 24 de maio de 2009

MEA CULPA

Mea Culpa

Eu sou o culpado,

Admito,

Fui eu,

Pode me condenar,

À prisão perpétua

Ou a cadeira-elétrica,

Pode me torturar,

Eu não tive comparsas,

Fiz tudo sozinho,

Armei tudo só,

Não acredita?

Vamos até o meu apartamento
Que eu te mostro.

Eu quero a pena máxima,

Eu quero passar o resto da minha miserável vida

Na cadeia.

É

No xilindró.

Fui quem começou o incêndio,

Ah e tem mais,

Eu mostro minha coleção de facas

E mostro onde estão outros corpos,

Na verdade são mais de doze,

Mas haveria muito mais

Se vocês não tivessem me encontrado,

Na verdade eu quero ser culpado até do que não fiz,

Eu posso dizer na frente do juiz,

Não precisamos de testemunhas,

Só precisamos das algemas,

Não, não nenhuma delas merecia morrer

Fiz tudo pelo simples prazer

De vê-las sofrer,

De esquartejá-las,

Sou médico cirurgião,

Foi tudo muito fácil pra mim.

Porém, tenho apenas uma objeção,

Eu poderia ir daqui até a prisão

Dirigindo o camburão?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

LAR DOCE BAR

Lar Doce Bar

Meu lar doce bar
De mulheres lindas e decoradas
De almas livres, mas desoladas.
Beijos doces em vidas amargas.

Como de súbito você levantou sem porque
Ensaiando meu passo bêbado fui atrás de você
E quase sem querer entrei no banheiro feminino
Pra te ver.

Meu puro profano
A dose de aguardente
Que esquenta a garganta e queima o ventre
Sou tua mulher e não te traio
Mas só te procuro no bar em que você não está.

Tenho fome de ti
Mas só te como em prato raso
Cada um no seu lado, destilado.
Cada um no seu quadrado
Ensaiando o acaso.

Mas dilata a pupila
A dose de tequila
A garrafa de whiskey me abraça
E te deixa nua, descalça.
E me deixa bobo e sem graça.

O aviso prévio de algo que já foi ditado
Ditado por você que quer ser mais mulher
Todo homem nu é criança
Toda dança a transforma em mulher.

Na volta pra casa a calcinha na bolsa
Os sapatos pendurados nos dedos da mão esquerda
Sempre estaremos prontos pra entrar no táxi
E voltar pra casa pra passar o vestido.

E você acordou sozinho
Quando olhou para o lado, eu não estava lá
Sei que você não lembra do meu rosto
E espero que não vá lembrar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

ANOS-LUZ

Anos-Luz

Acendo um cigarro
O mundo parece enorme e vazio
A vida parece enormemente mesquinha
Sem tua presença o quarto fica frio
Tua falta
Enlouquece.

Outro cigarro
O tempo testa a paciência
Os dias não querem passar
O dia não quer amanhecer
Tudo conspira, tudo chateia, nada convém.
Tua presença
Resgata minh’alma do além.

Um café acompanha outro cigarro
A cabeça entra em transe
Um cronômetro invisível marca
O tempo certo de enlouquecer
Na tua falta
Enlouqueço, esqueço o que sou.

Outro cigarro
Direciono o dedo as teclas
O telefone para os desesperados
Tua voz soa
Como a lembrança de um livro bom
Como se minha vida dependesse
De um cabo de fibra ótica
Enlouqueço.

Mais um cigarro
A fumaça penso ser sinais
Pra te dizer onde estou
E que não estou em paz
Talvez eu ponha fogo na casa
Talvez eu escorregue e caia no banheiro
E enlouqueça.

Outro café, outro cigarro.
Eu te amo,
Não sei viver sem você.
Poderia eu me tornar mais clichê?
Poderia eu estar louco e delirando?
Haveria vida além do número do telefone?
Enlouqueço.

Um cigarro pra pensar
Como o mundo mudou e como vai mudar
Deus salve a tecnologia
Que ao mesmo tempo em que aproxima, distancia.
Enlouquece.

Acendo um cigarro e resolvo voltar
Pois tenho medo do tempo
Sinto que minh’alma ficou na rodoviária
E que ficou um pedaço de mim
Em cada abraço que dei
Enlouqueço.

O vento fuma meu cigarro
O carro devora o asfalto
Centímetro por centímetro
A estrada generosa retribui
Massageando as rodas
Enlouquece.

Cigarro e água
O mundo some com a tempestade
Pontes, lama, chuva.
Parece que a estrada acaba depois da curva
Enlouqueço.

Chego e apago o cigarro
Teu abraço corrente e cadeados
Me perco no canto dos teus lábios
Achando que quero morrer
Eu quero enlouquecer!
E enlouqueço.

Me satisfaz estar perto de ti
Num piscar de olhos
Teu beijo me ressuscita
E descubro que ainda nem parti
Que ainda estou perto de ti
Enlouqueço.