segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DONAZICA

DonaZica

Bem, como não escrevo nada há tampos, vou lhes convidar a saberem o que ando ouvindo, bom essa banda aqui de umas moças lindas e simpáticas tocam um som diferente, mas ao mesmo tempo familiar a qualquer ouvido atento, acho engraçado alguns rótulos que deram à elas algo tipo Psico-samba, mas é samba mesmo na sua forma mais doce e pura como só o samba pode ser. Atenção para as criativas letras da banda (prestem atenção nas citações de alguns trechos da música Piano, Chico Buarque na véia) ein...

Piano (ofídico fatídico)

Lá em cima do piano um líquido satânico
preparado há muito tempo por um tal botânico
deste lado destilado do outro lado fermentado
com açúcar com afeto gota a gota decantado
lá em cima do piano ou naquele bar
tem um copo de veneno que é de amargar
tem um pouco do veneno pior que arsênico
lá em cima do piano tinha um copo de veneno
quem acho bebeu não compreendeu
que a doçura que aparenta é só mais uma ferramenta
lá na casa do chapéu por detrás do breu
mora um senhor titânico neurônio irônico
substrato abstraído de sorriso corroído
pai do roedor de dor traidor traído
lá no fundo do seu crânio debaixo dos panos
um suco libidinoso ácido queimando
revelando das entranhas o que parecia estranho
lá em cima do piano tinha um copo de veneno
quem bebeu morreu o azar foi teu
que foi no bico do corvo até a curva do osso
lá na vila do caroço no fundo do poço
tem um copo de veneno dry-martírio pleno
bolinando as turbinas quando o sangue estricnina
na corrente anfetamina você liga e não atina
sobe a rampa do veneno e pula em cima do piano
deixa pra fulano reparar os danos
mas embebida nos enganos no meio dos meios termos
a desiludida vida tem valor supremo
quem viver verá quem beber esquecerá
que mesmo um copo vazio ainda está cheio de ar.

Aqui no blog do Penca tem os dois discos pra baixar

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Seychelles

Seychelles

Puta banda paulistana, que ando escutando muito, graças à Laka que me apresentou os caras, muito bom, seu último disco Nananenem é fantástisco de uma excelente produção e músicas fantásticamente incríveis, um deleite aos ouvidos principalmente pelas letras aqui duas das minhas preferidas do último disco, amor à primeira vista (audição)... 




Ansiedade e obsessão

Foi encontrado caído na madrugada
As veias latejavam, os olhos diabólicos
Disposto a desferir toda a diáspora do desamor
Ele seguiu e se desmantelou sozinho
(bang! bang!)

Era certamente uma boa índole
Mas os descaminhos da vida conduziram-na ao fundo do poço
Queria ser a virtude em pessoa mas acabou sem coração
Robocop no love, ansiedade e obsessão

Essa rotina viciosa
Cobra um preço
Leva sua alma pro inferno
(ansiedade e obsessão)

Finalmente ergueu-se de toda dor
Foi amparado na casa da luz vermelha
Pegou o bonde do desespero até o fim da linha
Abraçou o capeta e sentiu-se em casa
Totalmente familiarizada com a podridão
Mike Tyson in a love story, ansiedade e obsessão

Essa rotina viciosa
Cobra um preço
Leva sua alma pro inferno
(ansiedade e obsessão)

 
E essa aqui é uma excelente crítica ou entendam como quiserem, poesia é poesia, sintam
 
A música perfeita
 
E se eu pudesse escrever a música perfeita
reta, direita
uma que não precisasse nem de letra.

E eu se ao invés de cantar eu latisse no escuro
E seu ao invés de tocar só fizesse barulho,
vou me vestir de palhaço pro próximo número.

Na verdade não faz muita diferença,
só um teste para sua inteligência.

A criança e sua brincadeira,
com revólver ou giz de cera
Lapiz de cor!

E se eu pudesse escrever o som do capeta?
Aquele que você rejeita...
Aquele que você gosta mas não aceita.

E se ao invés da blasfêmia eu louvasse a Deus?
Um canto fulmegante e feliz que diz 'Adeus'?
O meu pedaço no céu, já pedi a rapel
E se eu fosse pop, e ficasse em cima do muro?
E se eu fosse bobs de cabelo duro?
E se eu fosse porte, batesse com a cara contra o muro, numa grande porrada?

Na verdade não faz muita diferença,
só um teste para sua inteligência.

A criança e sua brincadeira,
com revólver ou giz de cera
Faber Castell!

E seu ao invés de escrever, eu parasse de fazer?
E se ao invés de fazer eu parasse pra escrever, só pra compôr uma música
que me desse um fio de prazer?

Na verdade não faz muita diferença,
só um teste para sua inteligência.

A criança e sua brincadeira,
com revólver ou giz de cera.
 
Aqui link para baixar os discos deles basta clicar nas capinhas...
Braços

A ESTRELA

Como alguns de você podem notar eis aqui uma tentativa frustrada minha de percorrer outros ramos da escrita, mas bem, aqui está, de cara limpa pra quem quiser...

A Estrela

Ela me pediu uma coisa
Mas isso eu não posso dar
Ela pediu uma estrela do céu
Aquela no alto a brilhar
Pensei em mil maneiras
De poder essa estrela buscar
Talvez se eu virar astronauta
Ou aprender a voar
Perguntei se não servia
Uma linda estrela do mar
Mas tem que ser a estrela que brilha
No céu a flutuar
Eu falei pra ela que não
Que problema eu ia arrumar
Eu não posso mexer nessa estrela
Se foi Deus que pôs ela lá
Mas ela insistiu mais ainda
E disse pr’um jeito eu dar
Refleti sobre a situação
E pensei se valia eu tentar
Pensei em usar uma escada
Mas nenhuma iria chegar
Nem tenho dormido a noite
Tentando essa estrela pegar
Oh estrela vê se brilha de dia
Pra noite eu poder descansar
Oh mulher complicada
Nada pode ver que tudo quer comprar
E se eu não lhe der essa estrela
Na minha cara ela nunca mais vai olhar
Homem apaixonado é uma desgraça
Deixa a mulher deitar e rolar
Então pensei mais uma vez
Se valia eu me apaixonar
Até que ela não é lá essas Coca-cola
Mas é um guaraná
Até dá pra passar uma chuva
Já não sei quanto a casar
Eita! Mulher exigente
Imagina se com ela eu morar
Todo dia ela querendo uma coisa
E olha a briga se eu não puder dar
Pensando melhor, não
Melhor eu nem tentar
Se ela quiser uma estrela
Ela mesma que vá buscar.

PRELIMINÈIRES

Um dos meus poemas favoritos, escrito à um certo tempo, para uma certa pessoa que não liga muito, talvez por conta da sua memória de peixe...

Preliminèires

ela valoriza os olhares
os abraços e as palavras
os beijos os novos ares
e as mãos sem direção.

são lábios que beijam
que imploram e desejam
um corpo que ajoelha
e pede perdão.

se assim tu celebrares
com vinho e poesia
e gestos peculiares
luxúria e devoção.

percorrendo as preliminares
meus olhos perseguem teu corpo
em versos subliminares
duas fadas no furacão.

minhas mãos puxam teus cabelos
e beijos que arrepiam os pelos
se te xingo não minto
se minha qualquer coisa.

também sou teu
sou teu ateu no paraíso
o que queres que eu seja
o que queres que eu diga
não digas nada, fique calada.


sábado, 1 de janeiro de 2011

OS VELHOS OLHOS VERMELHOS

Os velhos olhos vermelhos

Verdes olhos meus, verdes como sou
Verdes como serei só
Se nunca mais for teu
Um par de pernas maravilhosas
Um par de olhos flamejantes
Dois olhos vermelhos
Me afogam em lágrimas
Me bebem como colírio
Me comem por sobre as mesas
Me olham por sobre os ombros
Me tiram o fôlego
E me sacia a fome de muitas eras
O olhar mudo das mil palavras
Vulgares olhos vis
Viste como meus olhos verdes te olham
Meus olhos te despem
Te devoram
Depois se despedem
E nos olhares nos beijamos
Nos comemos
Traímos
E somos traídos como dois idiotas
Pelos olhos de tortura
Sanguinários olhos assassinos
Que malditos sejam
Pois sei entende-los
Sei o que dizem
Sei o que querem
Como querem
Onde querem
Olhos que me chupam
Me mordem
E em meu corpo deixa marcas
As marcas que durarão 365 dias.