terça-feira, 26 de janeiro de 2010

SÓ SE EU NÃO FOR TRABALHAR

Só se eu não for trabalhar

Acordo antes do despertador
Minha vontade era não dormir
E passar a noite toda noite
A perseguir tuas vontades loucas
E te atender todos teus pedidos
E não atender o telefonema
Cantar pornografias nos teus ouvidos
Fazer amor de cinema
Numa novena
Uma centena de vezes
Não se ouvira dos cães os latidos
E os vizinhos vão ouvir os alaridos
E acordar todo mundo aos berros
Até de manhã de cedinho
Bem devagarzinho
Pra construir um ninho
E agarradinho
A gente ficar
Até o almoço
Ou até o jantar
Só se eu não for trabalhar.

sábado, 23 de janeiro de 2010

CREAM CRACKER

Cream Cracker

Pra você mulher
Ponho a mesa do café
Com frutas da estação
Vou na esquina compro pão.

E a manhã te acorda
Com a luz que te ilumina
Quando abro a cortina
Primavera e verão.

E com sorrisos e abraços
Vou juntado os pedaços
Te motivo a sorrir
E contra o sono resistir.

E tímida senta a mesa
Diz esqueceres a tristeza
Quando está perto de mim
Deus, ela me disse sim.

Então assim
O mundo fica pra depois
Pra depois do café
Pra depois do amor
Pra depois do fim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

CANÇÃO DA AUSÊNCIA

Canção da Ausência

Tua ausência não me afeta mais
Foi um susto que passou
As paredes ficaram sem palavras
E a cama onde deitavas esfriou.

O telefone nunca mais tocou
Nem aquela canção latente
Tuas cóleras não mais ecoam pela casa
E minha alegria hoje é mais contente.

Hoje eu carrego comigo uma imensa alegria
De não mais pensar que sem você, o que eu faria?
Adeus baby, até nunca mais
Agora fumo meu cigarro em paz.

Sabe aquele sonho de tudo se ajeitar?
Prendeu o dedo na porta quando você saiu
Dizendo que nunca mais ia voltar
Pois é, o medo de te perder tomou Doril.

É um milagre, sobrevivi
Pra contar pra todos sobre os dias escuros
Então me largue, vou resistir
Pra que todos conheçam os meus novos dias.

Agora, cada momento é mágico
Agora, cada minuto é eterno
Agora, cada sorriso é bem vindo
Agora, tchau, pois estou indo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

OS NOSTÁLGICOS OLHOS RISONHOS DE UM ASSASSINO

Os nostálgicos olhos risonhos de um assassino

Você estava em festa quando cheguei
E como sempre foi embora mais cedo
Por ficar bêbada mais rápido que todos
Ou talvez por medo
De que carruagem vire abóbora.

E no momento da despedida
Você se despedia de todos
Mas de mim não se despedia
E abraçava assim a todos
Com festa, com alegria.

E por cima dos ombros de alguém
Vi teus olhos a me olhar
Como se dissessem algo
Algo doce dentro da tua mente maligna
Olhos de assassino que sorriam a me fitar.

Olhos grandes e maquiados
Mas a maquiagem estava borrada
Esses olhos gesticulavam
Mas eu não pude entender
E aquilo ameaçou a minha paz.

Como se me convidassem ao deleite
Fixados para uma conversa a sós
Nós debaixo dos lençóis
Olhos da desejável destruição
Um convite a traição.

E estes olhos assim me atingiram
Milhões de coisas me diziam
Sem palavras, apenas o olhar
Eu quis morrer, eu quis te matar
Eu quis ir lá te perguntar.

Mas um medo inevitável
Me dominava por completo
Eu não sabia se olhava
Se me virava
Se sorria ou se morria.

Mas resisti
Não quis ouvir
Nem imaginar
O que se passava na sua cabeça
Enquanto mirava em mim seu olhar.

“e desnorteado bêbado
caminhei
como um cão vadio
até o meio fio
e me sentei
tentei assim
não lembrar
mas
martelava na minha cabeça
aquela imagem
aquele olhar
e então pensei
certo de ainda estar vivo
e vivo ainda raciocinar
mas
tudo o que vinha a minha cabeça
eram as vezes
que transamos
na parada de ônibus
de madrugada
ou debaixo de alguma marquise
esperando a chuva passar
deus como era bom
muitos banhos de chuva tomamos
muitos porres tomamos
e voltamos a pé pra casa
um simples olhar
pra trazer à tona
toda a nostalgia
do tempo em que éramos
adolescentes
e adolescíamos nas calçadas
esperando o mundo acordar
e o sol nos expulsar
da frente das suas casas
sempre embriagados
pelo prazer de amar
mas se eu te encontro bêbada novamente
não te deixo escapar”.