sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SUA MENINA

Ando cantarolando essa aqui agora por esta hora alegres de minha vida, Arnaldo Antunes jogando sempre concreto na música brasileira e mostrando que simplicidade é cult e que pode soar mais elaborado do que podemos imaginar, lindo disco, linda música, Iê, Iê, Iê...


Arnaldo Antunes - Sua Menina




Você trata muito mal sua menina
Um dia ela vai puxar o carro
De sua barba mal feita, seu catarro
Um dia ela vai encher o saco.


Você trata muito mal sua princesa
Um dia ela vai virar a mesa
Seu olhar só vê o seu umbigo
Um dia ela vai ficar comigo.


Você olha para ela com desprezo
Como um déspota destrata uma empregada
Das grades do orgulho onde está preso
Você maltrata a sua namorada.


Seu terno engomado, seu perfume
Seu tédio, seu remédio digestivo
Seu eterno pesadelo de ciúme
Um dia desses ela vai te dar motivo.


E ficar comigo
E ficar comigo
E ficar comigo sim.


Vai ficar comigo
Vai ficar comigo
Vai ficar comigo só.


Você trata muito mal sua pequena
Um dia ela vai sair de cena
E o remorso vai te torturar sem pena
Quando a vir ao meu lado no cinema.


Você trata muito mal o seu amor
Não rega com carinho a sua flor
Depois de ver o que você já fez
Com certeza ela vai sumir de vez.


Vai sumir comigo
Vai fugir comigo
Vai sumir comigo sim.


E ficar comigo
E ficar comigo
E ficar comigo só.

Ouça clicando aqui Arnaldo Antunes - Sua Menina

PARISE

Parise


O olhar triste e boêmio dela como as luzes baixas que amarelam os paralelepípedos assimétricos eu desnivela a rua
As mãos brancas e suaves traduzem uma delicadeza quando se cruzam descansadas sobre seu vestido de lua
O desenho de suas pernas vista sob o foco de uma Roley Flex , sonho, Edith Piaf nua
Os cabelos presos uniformemente duas mechas encaracoladas sob o rosto que expressa um frescor e uma calma européia somente sua.


E aqueles lábios, aquela boca que por vezes ofegantes respirou profundamente após tantos beijos intensos
E aqueles braços magros porém fortes por abraçarem todos os dias os filhos e arrumar todos os dias a casa
E aqueles ombros que por tantas vezes foi molhado pelas lágrimas alheias e afagou tantos muitos homens que choravam como criança
E ouvidos que obedecem ordens e tantas histórias sob o som dos pianos das valsas.


E eu admiro ela, valsa-pérola todos os dias da minha janela, escrevo poemas e cartas de amor
Pinto tantos quadros com aquele rosto que nem a mais linda pintura na mais rica moldura poderia ser mais bela
E rio das mocinhas francesas que se olham no espelho e se conversam que quando crescerem querem ser como ela, Parise
A valsa-pérola que sempre deixa um tanto de seu batom no cigarro e na borda da taça de vinho enquanto valsa.


Sonho com ela sonhos incríveis, sonhos impossíveis que somente com ela eu poderia sonhar
Mas não tenho coragem de a ela assumir o que sinto, pois não me sinto digno de tanta beleza
Então apenas a observo de mina vidraça semi-embaçada enquanto a desenho nua valsando na ponta dos pés
E cantando como o pardal de olhos fechados sonhando os sonhos que não são comigo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

LOUCO

Louco


Louco dirás que estou a perder-me por teus caminhos
E que ilusoriamente me acometo por tuas palavras
Que encegueirado tatearei no escuro do teu íntimo
E que defenderei de pés juntos as tuas juras.


Ora pois, se afirmas que estou débil
E que de loucura tu muito entendes
Em loucura lhe digo e afirmo
Poucos restarão sãos após conhecê-la.


Se me vedes a vagar como que sem rumo
É porque somente nos caminhos dela eu caminhava
E se me vedes em gestas tantos obscenos
É que a obscenidade tomou lugar do romantismo.


Se me assistes bruto com tantos outros amores
Saibas que é a resposta a tantas outras dores
E se hoje observo bestificado o infinito
É porque era infinito o profundo daqueles olhos.


Se o que ouves de minha boca são sussurros sem nexo
Digo-lhe não haver palavras que expressem o que sinto
Se de teus sonhos discordo por medo ao futuro
Saibas que o passado é um livro ainda não lido.


E se carrego comigo tantas lembranças
É porque estas lembranças me mantêm como o louco que sou
E se reluto em esquecer o que vivi
Saibas tu que foi com isso que aprendi.

O CORREDOR DA MORTE É PINTADO DE AZUL-CELESTE

O corredor da morte é pintado de azul-celeste

Com medo de que alguém os ouvisse eles apenas sussurravam poucas palavras
Não conseguiam raciocinar o suficiente para reproduzirem uma frase inteira
Seus olhos olhavam nos olhos, no profundo dos olhos de cada um deles
E os olhos se enchiam de lágrimas, lágrimas de uma felicidade reprimida
Seguravam as mãos um do outro e as mãos se enchiam de suor e tremedeiras
Mas nada falavam, pois se falavam, falavam com os olhos e com gestos semi-obscenos
E aquela cena causava um transtorno, um desconforto, pois cada um deles era uma cela
E aprisionava um monstro furioso que se debatia nas grades gritando por liberdade
Este monstro impaciente quase demente aguardava com eles no corredor da morte
Uma morte já antes anunciada por tanta doçura naqueles olhares
Eles queriam, mas não podiam e nem sabiam como explicar
Apenas esperavam pacientes a hora chegar
E em toda recíproca sempre verdadeira, ele falava, ela respondia
Ela exclamava, ele sorria e se torturavam enquanto trocavam os olhares
Havia uma faca para cada pulsação daqueles corações que sangravam
Faltava ar naqueles pulmões que sufocavam
Faltava voz para poder gritar e vomitar tantas palavras
Faltavam palavras
Faltavam gestos
Faltava algo
E ninguém fez nada
Mas foi cada um para o seu canto pensando o quanto seriam felizes
Depois de passar pelo corredor da morte poderiam passar por qualquer coisa.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PARIS DOS AMANTES

Paris dos Amantes


Lá estava ela insandecida pelas palmas e pelas luzes e todos homens ali presente a desejavam despi-la nua
Havia, porém um que lhe comia, mas não aplaudia, pois sabia que no fim da noite ela seria sua
Intrigantes aquelas pernas de meias arrastão de passos de dança eram sexualmente hipnotizantes
Seu vestido vermelho como as anáguas como seus lábios como sua língua se umedeciam
Aquela música inundava o cabaré fazendo de todos os olhares encegueirados.


Era um anjo vindo dos infernos pronto para abraçar a todos com suas asas em chamas
Nem toda a luz do mundo era capaz de ofuscar o brilho daquele brilho naqueles olhos
Ela porem não expressava qualquer reação perante o tão divino ser
E depois dos aplausos finais das fotos para os jornais ele foi até o camarim
E a segurou com tanta força que ela não esboçou reação alguma.


Não trazia flores nem cartas muito menos um poema
Trazia olhos verdes, barba mal feita, jaqueta de couro preta e um cigarro fedorento
Apenas dizia de uma forma fria que ela deveria seguir com ele aquela noite
Ela desta vez hipnotizada foi levada para dentro de um caminhão
E ele dirigiu pela estrada escura rumo a uma noite de perdição.


Pararam na beira da estrada no meio do nada e fizeram amor no caminhão
Nus depois foram pra fora acenderam cigarros beberam vodka
E ela queria que aquela noite não virasse dia a não ser pelo amanhecer do sonho que ela sempre quis
Semana que vem ela estaria num trem rumo à Paris
Mas ele era o homem que habitava em seus sonhos e poderia ser feliz com ele pra sempre.


Na outra semana ela acorda sozinha na cama ele partiu pra outra viagem
Como arrependida ela lembra que poderia ter sido feliz sob as luzes de Paris
Ao invés de esperar ele nunca chegar de outra viagem de outros braços de outras mulheres
E seguiu dessa forma por três longos anos ela ficava em casa lavava e passava
Enquanto ele viajava por todo o mundo, mas nunca a levava sozinha em casa ela sofria.


Até que um dia numa manhã fria recebeu a notícia de um certo estranho que dirigia o caminhão dele
O estranho dizia quem em briga de bar ele havia perdido levado três tiros e morrido
E com todo respeito o estranho trazia como por direito a única coisa que ele havia prometido
Aquele caminhão bruto e triste de faróis compridos que havia abrigado o sono de muitas meretrizes era a sua herança
Ela apenas sorriu o estranho partiu e ela resolveu vender aquele amontoado de metal frio.


E com o dinheiro da herança e se lança num trem rindo como criança rumo ao seu sonho
Com um brilho no olhar como nunca jamais visto antes ela vislumbrou as luzes da Paris dos Amantes
E fez fama e dinheiro rodou o mundo inteiro conheceu tantos homens melhores piores
Tinha seu rosto em cartazes tinha jóias tinha ouro tudo o que sempre quis
Mas nunca foi feliz e morreu numa overdose solitária no seu apartamento ouvindo o som dos Amantes de Paris.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CISMA

Pua merda como eu enlouqueço quando ouço Tool, meu Deus que arranjos, de onde eles tiram essas idéias loucas, não sei, mas realmente a excelência da banda está nas letras que brotam da cabeça insana e doentia de Maynard James Keenan, essa é uma das minhas músicas e letras favoritas deles e como que por conincidência fala de como ando me sentindo nestes últimos dias(clique no título e assista o vídeo).


Cisma


Eu sei que as peças se encaixam pois eu as ví despencando
Sutis e queimando sem chama, difenrindo-se fundamentalmente,
Pura intenção justaposta porá duas almas amantes em movimento
Desmanchando-se enquanto passa, testanto nossa comunicação
A luz que abastecia nosso fogo e que depois queimou um buraco entre nós que
Não podemos ver o fim que está incapacitando nossa comunicação.


Eu sei que as peças se encaixam porque eu as vi se despedaçarem
Sem culpa, ninguém para culpar não significa que eu não queira
Apontar o dedo, culpar o outro, contemplar o templo tombando
Para trazer as peças de volta, reaver a comunicação.


A poesia que brota do jardim intermediário,
E do circulante que se lhe encaixa
Encontrando beleza no contraste


Houve um tempo em que as peças se encaixavam, mas eu as assisti despencarem
Sutis e queimando sem chama, estrangulada pela nossa vontade
Eu fiz as contas o bastante para saber dos perigos de uma segunda dedução
Destinados a quebrar a menos que cresçamos e fortaleçamos nossa comunicação


Silêncio frio tende a atrofiar qualquer
senso de compaixão
Entre supostos amantes
Entre supostos irmãos


E eu sei que as peças se encaixam

MÉNAGE À TROIS

Ménage à trois


Eu observava atento aqueles corpos ofegantes e prostituídos, dois corpos nus, neutros, incendiários, pólvora e esperma
Ele lustrava o revolver enquanto ela fumava um cigarro e apreciava uma luz vinda da janela
Trancados num quarto de um motel barato, ventilador no teto, dispersos das enfermidades do mundo
Plástico, maquiagem borrada e aquelas bocas eram poucas para tantos desejos antes reprimidos.


Eles eram envolvidos pelas asas dos anjos caídos, dois perdidos numa noite eterna
Atentos a todos os movimentos, ele perguntava e eu me excitava com as respostas dela
E eram dois seres idênticos, fatores sanguíneos, vulgares, consumindo a vontade de ir mais fundo
Como que ensaiado, um fato consumado, dançavam aqueles corpos em sincronismo como que hipnotizados pelas luzes da Ribalta.


E fixavam seus olhares, suas mãos, infernais, seus órgãos genitais, num crime digno de foto principal de página policial
Ela era exigente e arrancava dele mais do que ele podia dar, mas ele por sua vez, sobre-humano, consumia aquele corpo como que por muitos anos
E ejaculava flores na vulva do mar como um brinde à crucificação de seus inimigos
Mas eles como amantes eram também inimigos, mas que somente em guerra encontravam razão para suas existências mútuas, porém não se guardava mágoas.


Tal guerra responsável por suas existências os deixarão vivos até o juízo final
Bukowski, Nietzsche e Frida Kahlo numa pintura digna de estudo, admiração, divina demais para simples humanos
Eu no quarto ao lado, solitário, me masturbava enquanto pelas frestas observava aquela canção magnífica de meus dois novos amigos
Desde então sempre me masturbo quando penso nessa cena de amor e magia e dedico esta poesia a Fred e Frida, que deus os tenha.

sábado, 11 de setembro de 2010

ME ALIMENTA

Me alimenta


Ainda não morri somente por tua sede
Ainda admiro tuas fotos na parede
Não consigo jogá-las fora
E a saudade em mim ancora.


És meu mal que não se mede
Minha verdade que não procede.


Ainda estou aqui, pois sou paciente
Sou o teu mais teimoso doente
Por piedade me poupaste a vida
E ainda duvidas da minha dívida?


Tua falta me alimenta
Mas a espera me acalenta
Livra-me da tormenta
Por tudo o que sua imagem em mim representa.


Por toda a saudade que em mim violenta
Ela mora em mim, sedenta
Puxa uma cadeira e senta!
Cospe no cinzeiro teu chicle de menta.


E fala dos anos noventa
Do quanto eras ciumenta
E desatenta
A tudo o que partia de minha mente sonolenta.


Uma saudade me alimenta
Por uma tortura
Sangrenta e lenta
Me alimento de teus passos até o pavimento
Até o firmamento.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O HOMEM QUANDO AMA

O homem quando ama


Meu amor cuida de mim
Cuida para que eu não fuja
E me deixa ir a toda parte
Desde que dentro de casa
Posso fazer tudo o que eu quiser
Desde que ela mande
Com ela eu nunca estou errado
Pois nunca questiono
E quando a gente se ama é bom
Ela sempre me bate
Eu amo essa mulher
Me prometeu as estrelas do céu
Mas só se eu me comportar
Eu nunca irei deixa-la
Pois ela me disse que só ela me ama
Estou tentando fazer tudo o que ela manda
Para que eu possa dormir na cama
Ela nuca disse que me ama
Mas eu sei
Eu vejo no seu olhar
No jeito como ela me bate
Quando ela sai com os amigos
Eu fico em casa escrevendo poemas para ela
Ela determina quantos e sobre o quê serão meus poemas
E não tento arrombar a porta que ela trancou
Nem as correntes em que ela me prendeu
Com amor
Com carinho
Do seu cachorrinho.

A MULHER QUE AMA

A mulher que ama


Quando estou na beira do tanque
Lavando os lençóis da noite passada
Eu penso nele
E me arrepio
Quando lembro
Quando ele me morde no pescoço
Me puxa os cabelos e me faz gritar
Me aperta com força
Me faz obedecer
E obedeço
E lhe dou tudo o que tenho
Tudo a ele eu ofereço
Ofegante eu me ajoelho
E ele me dá as marcas do que eu sinto
E nunca minto
Pois ele sabe
Que somente em seus braços eu posso morrer
Se ele me pede para gemer
Ou dizer “eu te amo”
E eu amo
E por teu nome eu chamo
E aperto o lençol entre os dentes
E alucinada
Naqueles músculos de dragões e nomes tatuados
E cicatrizes
Eu deliro
Entorpecida
Eu lembro o dia inteiro
Até ele chegar
Bêbado do bar
E reclamar do jantar
Eu tomo meu banho
Troco os lençóis
E espero ele deitar.







sábado, 4 de setembro de 2010

PASSIONAL

Passional


Ela caminhou a passos largos no assoalho velho da minha cabeça
Embriagada pelas lembranças no escuro procurando seu antigo quarto
Fazendo ranger as velhas tábuas do meu pensamento
Encontrou a cozinha e se alimentou de desejos fora da validade
Depois cuspiu no prato e jogou o mesmo pela janela
Levantou e caminhou até a sala de estar na esperança de se encontrar
Mas ninguém estava lá
Subiu um lance de escadas
Mas morreu no fim do corredor para alimentar os ratos
Porém os ratos nada fizeram, apenas leram as tatuagens dela
Sua alma já observava tudo atenta a todos os detalhes
Fumava um cigarro e procurava pistas para desvendar o seu próprio assassinato
Seu corpo desnudo em minhas mãos serviu de inspiração para os sonhos perdidos
Seu sangue escorrendo pelas frestas serviu de aviso
E misturou o cheiro da antiga ferrugem com a nova
Eu olhava naqueles olhos e eles me falavam em línguas
Não direi que não tenha me excitado com aquela cena única
Era uma bela dama de copas de olhos grandes
De seios pequenos, porém saborosos
De lábios carnudos, porém roxeados
Magra
E eu a imaginava dançando para mim
Cantando a canção que fala do fim
Para que eu pudesse desejar ainda mais aquele corpo no vestido púrpuro
E aquelas mãos que alisavam aquelas pernas que alisavam aqueles cabelos que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina que masturbavam aquela vagina...

CHAMA

Chamma


Tudo nela é fogo
Tudo nela queima
Tudo nela é chama
E nos chama
Num convite ao paraíso
A um mergulho no desconhecido.


Tudo nela é brasa
Ela é brasa, mora!
Onde a brasa mora
E o fogo se alimenta
E nos convida ao banquete
De signos infernais.


É fogo de magia
É pirotecnia
É a faísca malandra
Olhos de salamandra
Transforma tudo em carvão
Mas cura a escuridão.


Filha do fogo
Amante do inferno
Mensageira do reino
Inimiga do inverno
Me abraça com teus braços de chamas
Me chamas de teu quando teu.


Incendeia
Encandeia
Ilumina
Com teus olhos de sol
Mesmo que seja dia
Mesmo que seja dia.




Mas quando ela chora
Água e sal
Escorre uma lágrima preta
Borrando a maquiagem dos olhos
E a chama se apaga
E a chama se apaga
Pois sei que ela chora
Pois sei que ela chora
Quando amanhece o dia
O dia
Um dia
Um dia.

JESUS NUMA MOTO

Todo dia a gente se identifica com uma canção, e passa o dia como ela ou faz as coisas que estão na letra, e hoje eu estou me sentindo como esta canção dos maravilhosos e inesquecíveis Sá, Rodrix e Guarabira.


Jesus Numa Moto


Preso nessa cela
De ossos, carne e sangue,
Dando ordens a quem não sabe,
Obedecendo a quem tem,
Só espero a hora,
Nem que o mundo estanque,
Pra me aproveitar do conforto,
De não ser mais ninguém.


Eu vou virar a própria mesa,
Quero uivar numa nova alcateia,
Vou meter um "Marlon brando" nas ideias,
E sair por aí,
Pra ser Jesus numa moto,
Che Guevara dos acostamentos,
Bob Dylan numa antiga foto,
Cassius Clay antes dos tratamentos,
John Lennon de outras estradas,
Easy Rider, dúvida e eclipse,
São Tomé das letras apagadas,
E arcanjo Gabriel sem apocalipse.


Nada no passado,
Tudo no futuro,
Espalhando o que já está morto,
Pro que é vivo crescer,
Sob a luz da lua,
Mesmo com sol claro,
Não importa o preço que eu pague,
O meu negócio é viver,
Sob a luz da lua,
Mesmo com sol claro,
Preso nesta cela.

MANIFESTO DO DIVINO FEMININO

Manifesto do Divino Feminino


Eu digo em verdade defendida à unhas e dentes
Como disse Nietzsche em algum capitulo que desconheço
"Sendo a verdade uma mulher, seria ela um enigma?"
Algo desconhecido?
Incompreensível?
Algo fantástico?
Para além do bem e do mal?
Pois eu afirmo e assino
Tudo o que o homem não consegue entender ele destrói
Assim como destruímos nossos incompreensíveis deuses
Que matamos cada um deles e os comemos no café da manhã
As mulheres são os únicos seres dignos de adoração e estudo
Então unirmos todos e façamos delas santas
E façamos para elas altares
Fundemos religiões em prol do divino feminino
Arrependermos e reconheçamos os nossos pecados para com elas
Cantemos canções apenas em sentido de adorá-las
E sejamos apenas instrumentos para acarinha-las
E afagar ás lágrimas
Mesmo que para isso paguemos alto custo
Viveremos nossas vidas com o propósito de lhes concedê-las a maternidade
Que é algo divino
De protegê-las quando fragilizadas
E defende-las em batalhas mesmo que para isso devamos dar a vida.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

MÚSCULOS E POESIA

Músculos e poesia


Queres mesmo medir tua força contra a minha?
Pois saiba que sou o psicólogo da força
Sigmund Freud da pancadaria
Drummond de Andrade da porrada
Cadeira cativa na academia
Não na Academia Brasileira de Letras
Mas na academia de musculação
Minhas mãos batem mais que Fernando Pessoa
E me exercito com a leitura e a escrita
Sou rápido e inciso como Quintana
E às vezes pesado como Burroughs
Ou perturbador como o Dos Anjos
Como os filósofos das artes marciais.



EU

Eu (poema egoísta feito de mim para mim sobre a importância de minhas próprias coisas quando estas coisas não estão fora de mim mesmo, ou deveria eu iniciar meu auto-suícidio da minha própria pessoa?)


Deixa eu te mostrar o que aprendi
Deixa eu te ensinar
Eu já sei voar
Já sei exaltar os defeitos dos outros.


Hoje sou realista
Exijo somente o impossível
Sou um Deus astronauta
De pantufas.


É mais fácil exorcizar os demônios
Quando eles não vivem dentro de nós
Eu não sou mais aquele
Palmas para mim.