quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MÉNAGE À TROIS

Ménage à trois


Eu observava atento aqueles corpos ofegantes e prostituídos, dois corpos nus, neutros, incendiários, pólvora e esperma
Ele lustrava o revolver enquanto ela fumava um cigarro e apreciava uma luz vinda da janela
Trancados num quarto de um motel barato, ventilador no teto, dispersos das enfermidades do mundo
Plástico, maquiagem borrada e aquelas bocas eram poucas para tantos desejos antes reprimidos.


Eles eram envolvidos pelas asas dos anjos caídos, dois perdidos numa noite eterna
Atentos a todos os movimentos, ele perguntava e eu me excitava com as respostas dela
E eram dois seres idênticos, fatores sanguíneos, vulgares, consumindo a vontade de ir mais fundo
Como que ensaiado, um fato consumado, dançavam aqueles corpos em sincronismo como que hipnotizados pelas luzes da Ribalta.


E fixavam seus olhares, suas mãos, infernais, seus órgãos genitais, num crime digno de foto principal de página policial
Ela era exigente e arrancava dele mais do que ele podia dar, mas ele por sua vez, sobre-humano, consumia aquele corpo como que por muitos anos
E ejaculava flores na vulva do mar como um brinde à crucificação de seus inimigos
Mas eles como amantes eram também inimigos, mas que somente em guerra encontravam razão para suas existências mútuas, porém não se guardava mágoas.


Tal guerra responsável por suas existências os deixarão vivos até o juízo final
Bukowski, Nietzsche e Frida Kahlo numa pintura digna de estudo, admiração, divina demais para simples humanos
Eu no quarto ao lado, solitário, me masturbava enquanto pelas frestas observava aquela canção magnífica de meus dois novos amigos
Desde então sempre me masturbo quando penso nessa cena de amor e magia e dedico esta poesia a Fred e Frida, que deus os tenha.

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