quarta-feira, 29 de agosto de 2012

BUK

Buk


Não tem sangue nesse teu corpo
Tua ereção é falha
Estás bêbado e fétido
Mas ainda assim o amo
O amo, pois me fazes especial
Especialmente quando me enrabas
E me deixa marcas por dias
Com tantas mordidas
De teus dentes cariados
O amo
Pois me amas
E sei que muitos de teus poemas
São para mim
Quando reclamas
Que trabalhaste o dia inteiro
E teu jantar não é digno
Sei que me olhas
E me desejas
Com teu olhar de velho safado
E suas frio por dentro desse teu corpo escroto
E ficas ofegante quando passo
E passas a mão em minha bunda
E te devolvo tapas
Nessa tua cara enrugada
Resistir é tudo o que eu tenho
Pois sei que tens com força
Mas que sou tudo o que tu tens
Pois nenhuma outra
Agüentaria teu hálito de Wiborowa
Provavelmente roubada
De um de teus patrões
Já que reclamas
De tua condição de assalariado
Que não lhe resta um tostão
Mas ainda assim
Ficas rindo para a televisão
Jogando as cinzas no taco
Desse teu cigarro fedorento
Mas que
Logo esqueço
Pois quando peço
Eu recebo
A melhor chupada que uma mulher pode ter
A melhor gozada que uma mulher pode dar
Quando ficas rijo
O que é raro.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O MARAVILHOSO PARQUE INDUSTRIAL


O Maravilhoso Parque Industrial

Os velhos hoje sentados e sequelados, aposentados pela previdência social
Ouvindo rádio AM equivocados pela poeira dos carros que passam zimbados como se nada fosse normal
Ainda lembram e relembram do município no tempo, no tempo do parque industrial
Graças ao governo garantindo ao magnata de gravata a mamata da isenção fiscal.

A indústria se instalou no local e fez a ponte de concreto e metal pro outro lado do canal
E todo mundo viu cinema, viu garota de Ipanema, viu novela, viu vedete e foi tiete de chacrete
Tinham maravilhas com a chegada da TV que todo mundo ia ver e ninguém quis mais saber de rádio
Traz os parentes da Bahia, traz o primo neto da tia Maria que hoje em dia lava roupa pra se sustentar.

E tinha emprego pra todo mundo e tinha asfalto em toda a rua tinha uma nova escola e maquina de coca-cola bem ao lado do bilhar
No dia de pagamento era um alento a todo tempo promessas de casamento tinha janta roupa nova pros meninos pra depois ir passear
E o passeio era no parque eletrônico de brinquedo biônico, super herói biotônico com super poder atômico num avião super-sônico vindo direto do Japão.
Mas que não pôde conter com sua arma atômica a nova crise econômica que do dia pra noite causou tanta demissão.

E hoje aos velhos só lhes restam o asfalto rachado e o tempo passado pra lembrar dos caminhões e canastrões que andavam por lá.
Só lhes restam a saudade da alegria que dava de ouvir a Dalva de Oliveira cantando a tarde inteira as bandeiras brancas e as lembranças das crianças correndo pra lá e pra cá
O parque industrial hoje está desativado tem mato pra todo lado, mas de vez em quando escondidos dos pais as crianças ainda vão pra lá brincar de nave espacial
Brincar no cemitério de tratores sobre os motores enferrujados, abandonados, esquecidos do maravilhoso parque industrial.

Somente o estalar do metal enferrujado no parque industrial abandonado
Somente as crianças brincando de nave espacial no amontoado de metal
E outdoors caídos e o mato consumindo um sorriso amarelado da antiga top model
Comemorar o avanço industrial sob o cinza daquele céu.