quarta-feira, 28 de outubro de 2009

DRA. SÍLVIA ANDRADE

Dra Silvia Andrade

A doutora Sílvia Andrade sempre fala a verdade
Me esconde só o que eu não preciso saber
Ela é precisa e incisa e corta como um bisturi
Doutora Silvia Andrade me ensina a mentir
Quando ela solta o cabelo depois do expediente
Ela linda toda de branco toda exigente
Como eu faço pra ter a palavra certa na hora certa?
Como eu faço pra ter tanta certeza?
Como eu faço para obter tanta frieza?
Como eu posso te olhar nos olhos e não me apaixonar?
Segura minha mão pra que eu não sofra tanto
Arranca de mim o câncer do sofrer
A doença da tua falta
O vício da vontade de te ter
Tira de mim a desejo do ir contra o teu juramento
Me coloca em teu colo
No meu prontuário
Arruma um horário pra mim
Parcela a tua consulta
Em suaves prestações
Em frases contidas de aliterações
E nos reclames de meus “ais”
Me conceba como o pecador sem dor
Deus abençoe a ciência e o progresso
E me condene antes do excesso
Porque nisso serei pecador
Me alimenta dessa luz
Me livra do SUS
Me livra do “não morrer” em tua cama
Em teu leito vazio
Doutora Sílvia Andrade me fale a verdade
O que eu tenho é grave?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FANTASMA

Fantasma

Quando a música acaba
As luzes acendem
A verdade aparece
Quando a bebida acaba
Os lábios secam
A alma seca
Quando amanhece
O sol vai apagando as memórias
Da noite passada
E o cigarro que te distrai
Dura dois minutos apenas
E é uma pena saber
Que você não estava preparada
Porque a lembrança será sempre uma cilada
Um milhão trezentas e quarenta e duas mil vezes o teu karma
Porque toda noite
Você se deita com um fantasma
Assim fica difícil enterrar os próprios mortos
Principalmente se você tem o que os mantém vivos
Difícil levar isto a sério
Quando se mora num cemitério
Quando se tem o mau a sete palmos dos teus pés
E bate na mesma tecla
Todos os dias antes de dormir
E sonha o mesmo sonho
Sem nexo
E despeja na alma
Bebida e sexo
E vaga a noite inteira
Tentando dormir
Tentando fugir
Sem ter pra onde ir
Assim
As noites vão te consumindo
Vão te levando e te trazendo
Pro mesmo lugar
Fazendo você andar em círculos
Dando voltas na própria existência
Sentindo um aperto no peito
Uma vontade louca de gritar
De por pra fora esse mal
De expulsar o fantasma
Que deita toda noite
Contigo na cama
Mas você só tem lágrimas
E somente lágrimas não podem expulsá-lo
Não podem exorcizá-lo
E faz de tudo pra esquecer
Mas ele está preso a você
Está algemado nos teus braços
Acorrentado aos seus pés
E ele come contigo na mesa
Te faz dormir com a luz acesa
Ele deita contigo na cama
Ele te ama
Por isso não te deixa
Por isso não se queixa
E não te ouve reclamar
Não liga se você chora
Pedindo pra que ele vá embora
Ele nunca vai te deixar
E implora pra que ele morra
Mas ele não morre
E acha que ele te fere
Mas quem se fere é você mesmo
Atira no escuro
E se mata
Mas não morre
E volta
E respira
E conta até dez
E olha pro lado
Lá está ele
O incômodo
O vulto branco
Te olhando
Mas você não vê os olhos dele
Porque esses olhos não olham pra você
Mas você vê
Apenas o sorriso
O sorriso no escuro
Lhe arrancando a vida
Goela a acima
Lhe enfiando a dor
Goela abaixo
Então você descobre
Que não pode lutar
Que já não tem forças
Então deita
E cede
E deixa ele fazer o trabalho sujo
E ele te devora
E se lambuza
E faz muita sujeira
A noite inteira
E você fecha os olhos
E reza pra acabar
Mas o tempo não está ao seu favor
E demora
E dói
E você pensa em como fugir
Nas não tem portas
E nem janelas
Então de repente
Ele se levanta
Como satisfeito
Se veste
E se vai
Sem falar nada
Uma só palavra
Daquela boca nada sai
E você vira
E tenta dormir
Mas o sono não vem
A dor não deixa
Porque no outro dia
Você sabe que ele vai estar lá
Vai te esperar
Na tua cama
Sem dizer uma palavra
Como um fantasma
Uma lembrança
Latente na memória.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A VALSA CIBERNÉTICA

A Valsa Cibernética

Ajude a tecnologia meu amor
Transe com meu computador
Faça nele o filho do progresso
Abra o portal que eu atravesso.

Não me deixe morrer do mal súbito
Pelo execrável vicio que me levará ao óbito
Minha vida é miserável, meu bem
Estou destinado à ferrugem.

Se não me queres
É porque sou máquina
E só como máquina
Podes me querer

Computador meu companheiro
Certo de que ela irá ler
Entregue a ela os poemas
Que escrevo quando estou só no banheiro.

Só tu tens as chaves
Do cárcere desta desdita tecnologia
E és cúmplice da minha penúria em demasia
A ti consagro meu deísmo com deveras tardia.

Somos filhos da ciência
Frutos da inconseqüência
Do descaso do acaso
Os fantasmas do futuro.

Mas se achas que estou,
Sofrendo,
Por teu amor,
Saiba que nem sinto,
Muitas vezes até minto,
Sou um amontoado de chips,
Sou um,
Computador.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CLUBE DOS CANALHAS 2

Clube dos Canalhas 2

Já te disseram sai dessa que esse cara não presta
Já te disseram garota ela só quer te usar
Ele só gosta de ser gostado por você
Mas ele gosta mais de te ver se arrastar.

Já te disseram ele só quer te comer
Se precisar até diz que te ama
Mas ele só pensa no próprio prazer
Ele só quer te levar pra cama.

Já te disseram esse cara vai te fazer sofrer
Vai te comer e te chamar por outro nome
Que mundos e fundos a você ele vai prometer
Mas somente enquanto ele te come.

E todos os dias o sol me acorda
O sol me corta como uma navalha
E aponta o dedo na minha cara
E diz pra mim: Você é um canalha.

E todos os dias eu ando pelas ruas
E as mulheres por mim suspiram
E se despem seminuas
E nas minhas mentiras se atiram.

As mulheres adoram os canalhas
Porque os canalhas as fazem mais mulher
Somente são homens aqueles cheios de falhas
Os pilantras, os cafajestes, os canalhas.

Aqueles que você manda embora
Mas se arrepende e chora
Pedindo pra que ele volte
Pra que ele lhe segure firme
E que não solte
Mesmo que você peça
Ou se rebele, ou se revolte
Mas só ele te agasalha
Te desconcerta
Te embaralha
E depois te deixa sem ar
Quando te beija
E você rasteja
E o deseja
Porque só ele satisfaz tuas fantasias
E você o atura quando bêbado
Só pra sentir a barba mal-feita
O palavrão
Ele te faz comer na mão
E catar as migalhas
E depois te abandona
E volta
Ao Clube dos Canalhas.

sábado, 10 de outubro de 2009

FUI ASSASSINADO BRUTALMENTE

Fui Assassinado Brutalmente

Ao dobrar a esquina na Cipriano Santos
Um ônibus dobrou na minha frente em alta velocidade
Quando eu pensei ter escapado, os gritos eram tantos
Que eu jurava ter sido vítima de uma fatalidade.

Violinos mórbidos dilaceravam o som daquela gritaria
Em volta de mim olhos incisos me devoravam por conta da curiosidade
Uma escuridão passou a tomar conta da minha visão, eu desfalecia
E já me cobriam com o jornal que noticiava essa barbaridade.

Salivando a ferrugem do sangue eu avisava que não estava morto
Eu nadava na poça de sangue da minha própria tragédia
Então flutuei pra ver o meu corpo de alto, torto
Ri da minha própria cara me fiz motivo de comédia.

Do outro lado da rua eu vi meus pertences espalhados
E junto deles, estava lá, ainda batia meu coração
O choque foi tão grave que deixou meus órgãos estraçalhados
E meu coração que saiu pela boca abandonado no chão.

Então recobrando meus pensamentos descobri impressionado
O ônibus havia passado muito longe de mim
O que causou minha morte brutal não foi o coletivo lotado
Foi seu sorriso na janela do lotação, sem me olhar, meu fim.

Advim
Nunca mais me distraio assim
Não me abestalho como o arlequim
Não quero mais visitar o jardim
Pra ver o querubim
Com cheiro de jasmim
Vestindo brim
Com seu bandolim
Pintando o carmim
Tomando gim
E tirando o gosto com o capim.

Não quero mais festa com festim
Rezar a missa em latim
Nem muro de Berlim
Nem voar com o Zepelim
Pra não ter mais isso daria um rim
Teu sorriso sempre foi meu fim
Mas até que não é tão ruim
Eu que exagero sim.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CARTAZ SHOW MADRUGA FEST NO CAVERNA CLUB (ANTIGO LIVERPOOL)

Clique na imagem para ampliá-la



Hoje estarei no palco do Madruga Fest com meus companheiros do Jonny Money, muito Rock and Roll e todo mundo dançando, gosta de Ramones? haverá surpresas então...

VERSOS PARA UMA GAROTA QUE ACABOU DE DAR O PRIMEIRO PASSO NA VIDA (OU TUDO ISSO JÁ FOI DITO ANTES)

Versos para uma garota que acabou de dar o primeiro passo na vida (ou tudo isso já foi dito antes).


Triste daqueles que passam o tempo chorando o leite derramado
Que se lamentam por não poderem mudar o passado
Que se arrependem de algo que já foi sentenciado
Mas que nada tentam fazer para continuar o inacabado.

Ninguém é o dono da verdade absoluta
Ninguém é o dono das suas verdades
Você é livre, você cala, você escuta
Quando bem entender.

Você pode perder seu tempo tentando descobrir
Onde está o certo ou o errado
Mas quem cria essa sentença é você
Só você tem os olhos para enxergar
Leve-os até onde eles puderem ver
Até onde eles poderem alcançar.

Pra que passar o tempo que lhe resta pensando
No porque de tudo mudar
Se algo muda é sempre pra melhor
Depende só do ponto de vista de quem observar essa mudança
Ou da sua iniciativa pra aceitar que as coisas também mudam.

Então cantemos assim:
(tente se puder)
“Não queremos a fórmula secreta da felicidade
Não precisamos decorar a bíblia
Muito menos um Vademecum
Nem as receitas mágicas do amor
Nem as trapaças e as manhas do baralho
Eu não tenho obrigação de decorar um hino
Eu não tenho obrigação de ter obrigação
As plantas que só crescem em ambientes propícios
Com água e luz e terra fértil
Mas é preciso as adversidades
Para que no mínimo
Possamos entender que ainda não estamos mortos
Tudo em nome da razão.”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

OS SINOS DE BELÉM COMEÇAM A SOAR

Os sinos de Belém começam a soar

Já estive em lugares muito complicados
Nas ilhas da loucura
Nos mares do barato.

E por vezes perdi a cabeça
Perdi o controle
Perdi a noção do tempo e espaço

Nos braços alheios
Das mulheres severas
Carinhosas e carniceiras.

Já usei tudo
Já fiz de tudo um pouco
Já fui são, quase louco.

Já comi do fruto proibido
Já dancei sem música
Já fui minha própria tribo.

Já bebi daquela água
Já provei o teu veneno
Mas vivi

Já fui
Já estive
Já provei

Já não quero mais
Eu disse pra você
Que eu sei gostar
Que gosto mesmo
Que amo até o fim
Mas que de hoje em diante
Só vou gostar de quem gosta de mim.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

POR QUE SEMPRE MANDAMOS EMBORA QUEM NOS AMA?

Por que sempre mandamos embora quem nos ama?



Ora por que gostamos de aventuras

E de correr riscos

Gostamos do quente e não do morno

Gostamos do perigo.



Gostamos de ver os outros sofrerem por nós

É mais gostoso saber que alguém chora por você

Te faz se sentir mais querida por si mesma

Por que não gostamos de gostar, mas sim de sermos gostados.



Amar é fácil, todo mundo ama

Quando queremos algo

Ou quando queremos levar alguém pra cama.



O que é certo pra mim

Dificilmente será pra você

Raramente você vai entender o por que

Te resta calar-se e aceitar.



Sempre falamos o que não devíamos na hora errada

Só pra que nos corrijam

E sempre seremos mais felizes quando estamos chamando a atenção.



Eu me sinto mais contente quando a gente transa

E na cama

Você fala que me ama

Só por dizer

Só pra satisfazer

Só pra alimentar o ego

Pra fingir de surdo

Se fazer de cego.



Adoro quando estás com raiva

E de tudo fazes um drama

Ansioso eu fico

Pra ver a lágrima que derrama

Salve aquela que não me ama

Salve a garota de programa

A Dama Suprema do Melodrama



Se quiseres que eu te queira, não me queira

Se quiseres que eu te ame, não se engane

Espere que lhe mande um telegrama

Com a pergunta que não quer calar

Por que sempre mandamos embora quem nos ama?

O SENSO DAS COISAS

esta é muito velha nem sei de quando

O senso das coisas


Necessito de mais negações
Pra poder não mais olhar na tua cara
E poder criar coragem
Pra não mais passar na porta da tua casa.

Necessito de mais filosofias
Para a minha triste pobre vida
E preciso de algum Metiolate
Para amenizar a dor da ferida.

Como se isso fosse mudar,
Quando o senso viesse perguntar,
Quanto é o meu salário?
E como eu faço para me sustentar?

Se eu uso minhas pernas,
Elas podem não suportar,
Ou se eu uso as paredes,
Pra poder me apoiar.

Necessito saber mais
Qual é o meu nível mental
E agora eu quero mais
De alteradores do que eu chamo de real.

Eu preciso amar as pessoas
Como se não houvesse o amanhã,
Eu preciso dormir cedo
Pra quem sabe trabalhar de manhã.

Preciso ver TV
Pra quem sabe me alienar,
Pra poder saber
Que cigarros me obrigarão a fumar.

Necessito de comida light
Pra poder não engordar
Os venenos enlatados
E cinco metros de corda para eu me enforcar.

OVELHA NEGRA

Um antigo poema da minha época punk, haha, fui punk?


Ovelha Negra

Prematura, precoce, desmamada,
Agora sem futuro vivendo acorrentada.
Ovelha desgarrada, família alienada,
Agora sem destino ela fugiu de casa.

Pelo padrasto ela foi assediada,
A mãe já com medo ficava calada,
Matar a mamãe ele ameaçava,
Sentava num canto e lá ela chorava.

Chegava bêbado e a procurava,
Se ela se escondesse ele a encontrava,
Se ela se negasse ele a espancava,
Matar a mamãe ele ameaçava.

Em um belo dia o padrasto porre estava,
Brincando com a arma a mãe foi baleada
E ovelha negra que a arma encontrara,
Deu cinco tiros na cara do canalha.

Então a polícia que a porta arrombara,
A arma na mão de ovelha desgarrada,
Ela não tinha provas ela só chorava
E a trinta e cinco anos ela foi condenada.

Odeie, odeie seus inimigos,
Mate todos eles e ninguém vai se importar.
Ame, ame seus amigos,
São seus amigos e eles não vão lhe julgar.

Num dia desses, ela me disse,
“Quando olho para o sol, sinto a carne de meu corpo esfriar, sinto cada osso quebrar e ouço minha alma implorar, pedindo pra ela não voltar”

Ela virá como Frances,
Ela virá como o fogo,
Queimando a doença do povo,
Ela virá de novo,
Eu sei que virá
E quando vier será quando ninguém
Estiver a esperar

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MEU NOME É ARNALDO ANTUNES

Meu nome é Arnaldo Antunes

Num canto solitário
Um solitário ser
Tentando solitário
Não solitário ser.

O olho vê
O olho no espelho ver
O mesmo olho
Não olhar de volta.

O preso liberto
Está preso
Na prisão aberta
Da própria liberdade.

Tento escutar
O queres dizer
Dizendo o que quero
Sem te entender.

Corro de lugar algum
Pra lugar nenhum
Sem saber
Se quero mesmo chegar.

A luz ilumina
A lâmina iluminada
Pela luz
Que a ilumina.

A bola quando rola
Dá voltas
E voltas em torno
Do seu próprio eixo.

Superficialmente
O super-herói
Supera
O arquiinimigo.

Ligo pra você
Na certeza
De que quando eu ligar
Você vai atender.

A fé move montanhas
Pois se não move
A fé se move
Até a montanha.

A fome devora
Deveras fome
De feras
Insaciáveis.

Beija o beijo
Na boca fecha
E durante o beijo
Não entra mosquito.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ANOS 60 (MARCHINHA)

Anos 60 (Marchinha)

O carnaval,
O carnaval vai passar
Na avenida
Eu já vesti minha fantasia
Hoje a loucura está reunida.

E eu vou,
Eu sei que vou
Vou na ala dos malditos
Dos loucos e dos rejeitados.
E os junkies desmiolados

E os beatniks?
Oh abram alas pra Geração Beat
Viva a criação espontânea
Viva Burroughs e Kerouac
Os hippies, os beatniks.

E a alegoria?
A alegoria é nota dez
A primeira, a genuína
Salve a bandeira dos anos sessenta
Salve a nossa heroína.

E você?
Ah você
Você ainda era um bebê
Quando os seus pais
Ainda tomavam LSD.

Viva a viagem lisérgica
Viva o papo transcendental
Anos que não voltarão
Recordação desse carnaval.

GAROTAS QUE DIZEM SIM

Garotas que dizem sim

Se eu tivesse uma arma te convenceria a vir comigo
Ou te convenceria a tirar a roupa
E deitar na minha cama
E ainda dizer que me ama.

Se eu tivesse uma arma te desmentiria na tua cara
Contrariaria tuas teses mal formuladas
Tuas palavras desconhecidas
Traria à tona tuas mentiras escondidas.

Se eu tivesse uma arma seria fácil te calar
Quando você está a falar o que não deve
Quando você está a falar demais
Acabaria com tuas deixas tão radicais.

Se eu tivesse uma arma não me perguntaria sobre tuas roupas
Ou sobre dizer se está feia ou se está gorda
Deus me livre da sentença dessa escolha
É melhor te esconder dentro do quarto ou dentro de uma bolha.

Se eu tivesse uma arma eu seria teu senhor
Eu seria o “Senhor Supremo e Absoluto do Não”
A minha maior vontade sempre foi negar tuas vontades
Você não discutiria diante de uma arma ou de Hades.

Eu vivo num mundo tão bonito
Meu mundo das histórias sem fim
O mundo secreto dos desejos ocultos
O mundo repleto de sonhos adultos
O mundo das garotas que dizem sim.

SHOW MADRUGA FEST 4



Clique na imagem para ampliá-la...

ARREPENDIMENTO (SOBRE A NOITE PASSADA)

Arrependimento (Sobre a Noite Passada)

Não vai ser fácil assim me ter só seu
Não sou de ninguém é ninguém é meu
Não vai ser fácil descobrir meu nome
E o que você tem não sacia minha fome
Não pense que é fácil me enganar
Que é simples me dobrar
Pois tuas verdades nada podem provar
Você não me conhece
Não sabe do que eu sou capaz
É mais fácil sentir medo do que pena de mim
A não ser que você pague uma dose pra mim
Não pense que me dedicarei a você
Por uma vez acender teu cigarro
Por aceitar entrar no teu carro.

Deus nos fez pra sofrer
Nesse maravilhoso circo que é a vida
Resta-nos rir
Só nos resta quebrar a cara
Se não for comigo será com outro cara
Se não for esta noite será amanhã
Quando você escolher quem será teu carrasco
O cara que vai te fazer chorar
Que vai te empurrar no penhasco
Que vai te por pra baixo
Basta saber se tens coragem de aceitar
De jogar
E errar
Errar é divino
É sobre-humano
O acerto nos conduz ao engano
Mas errar nos faz aprender
Numa inútil certeza de vencer.
Quando a gente sabe que vai dar tudo errado no final.

Quando você implorar pra que eu fique
E aceite mais um copo
E aceite o teu corpo
Ainda em chamas pela noite em vão que tivemos
Quando o vinho está intragável
Você está com dor de cabeça
E eu rezando pra que você me esqueça
Por favor, me faça o favor de não lembrar
De esquecer
De me apagar
Esqueça os detalhes
E todo o resto
Minta se te perguntarem sobre mim
Diga que nunca me viu
Que sou ridículo
Feio
Alheio às tuas vontades.

A gente paga pra ter isso ou aquilo
O urso de pelúcia ou a caixa de bombons
O beijo é caro
O sexo é mais
E dizer,” te amo” não tem preço
Reconheço.