segunda-feira, 29 de julho de 2013

UMA CHUVA DE TUBARÕES NO PARQUE DOS FLAMBOYANTS


Uma chuva de tubarões no parque dos flamboyants

A cidade se desmancha em pétalas
Como se fosse consumida até sumir
A cidade vai te consumir
Vai te mastigar e depois te cuspir.

A noite vai te levar de mim
Depois te trazer bêbada no fim
Depois de te deitar em tantos outros divãs
Pra assistir a chuva de tubarões no parque dos flamboyants.

Violência a céu aberto
Um tiro certo, uma pedra no meio do lago
A borboleta bate as asas e incita um furacão
Tanta destruição justificada pela explosão de uma bolha de sabão.

Flores nascendo no asfalto
Lágrimas sobre as folhas de concreto
Pra onde marcham as tropas alemãs?
Pra assistir a chuva de tubarões no parque dos flamboyants.

A cidade é um organismo vivo
Que se move lentamente
E ficamos imóveis como os móveis
Observando, imaginado o que respira os automóveis.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

EU SOU AQUELE VELHO CAMINHÃO CARREGADO DE PEDRAS NA ESTRADA ESBURACADA DO SEU CORAÇÃO

Eu sou aquele velho caminhão carregados de pedras na estrada esburacada do seu coração

Eu já estive em paz
Já estive longe das notícias dos jornais
Mesmo morando em Belém uma cidade violenta
Eu estava aqui na época das gangues nos anos 90.

Eu já tomei coca-cola
E já cheguei a achar que eu era o dono da bola
E já tive alguém que tomou conta de mim, da minha cabeça e coração
Que me fazia companhia quando eu deitava na escuridão.

Mesmo presente em teu quarto
Tua presença era um deserto
Eu estava certo
Você não estava perto, você não estava lá.

E eu ficava desesperado
De tanto esperar
Li e reli as cartas que escrevi pra você
E que nunca vou mandar.

Um super homem superficial
Eu te falava de amor, mas meu amor pra você era banal
E me assustava com suas atitudes tão modernas
Eu tinha ideias pro futuro, mas ainda vivia nas cavernas.

Como uma ferida
Depois de um tempo eu percebi que a nicotina não fazia sentido em minha vida
A não ser, quando você ia embora de hora em hora
E que deixava suas palavras machucando e levava os beijos da boca pra fora.

Eu estou vivo por enquanto
Ainda posso reclamar, para teu espanto
Mas estou afundado numa cama
Olhando as telhas de amianto.

Nem 1000° Celsius podem me extinguir
Eu sou a chama da bomba incendiária
Eu sou o tempo, ácidos corrosivos
Eu sou um trem carregado de explosivos.

Você não quis mas eu quero
Me chama pelo nome de Nero
Eu sou aquele velho caminhão

Carregado de pedras na estrada esburacada do seu coração.

domingo, 14 de julho de 2013

NÃO CABE EM MIM


Não cabe em mim

Não cabe a mim discernir sobre fantasia
Não cabe a mim fantasiar
Não me tornarei uma ilha para teu refúgio
Para teu subterfúgio
Para teu frágil naufrágio em calmo mar.

Não jogarei teu nome ao vento
Sem o teu consentimento
Não sou um simples momento
Eu sou o vento que mesmo brando, que mesmo lento
Estou em constante movimento.

Não tornarei a te escrever um poema
Não és mais o meu tema
Não sonho mais com teus beijos de cinema
E minha bandeira, meu lema
É para que eu nada tema.

Não mais me questionarei sobre as dúvidas
Nada mais me atormentará
E mesmo que eu navegue na tormenta
Eu sou aquele que nada, aquele que tenta
Mesmo sabendo que o monstro do mar da dúvida me engolirá.

Sei que trago comigo a doença da verdade
E que a verdade me sucumbirá
Mas por entre os escombros que respiro
Subirei nos ombros do vampiro a quem expiro
E minha verdade se levantará.

Não cabe em mim doutrinas astrológicas
Só me visto de viagens antropológicas
A cidade que me devora de dentro pra fora
As noites e as companhias vadias das horas
Em cada solstício me reviverá.

Não cabe a mim entender de meu fim
Minha história começa antes de mim
Minha parte nesse livro é o capitulo final
É narrada a história da minha morte imortal

Com clarins, bandolins, tamborins, eu só aceito assim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

EU QUERO

Eu quero

Eu quero o açúcar da fruta mais saborosa
Eu quero o mel
Eu quero a paixão mais ardente e perigosa
Eu quero o céu
Eu quero o néctar da tua boca gostosa
Meu anti-fel
Eu quero o toque da tua pele macia e sedosa
Como as asas do anjo Gabriel.

Eu quero descobrir cada centímetro do teu corpo
Te cobrir de amor
Desvendar os enigmas dos teus encantos
No meu cobertor
Invadir violentamente tua mente
Sem pecado e sem pudor
Desejar teu desejo mais oculto
Te louvar como a flor.

Eu quero nossos destinos cruzados na minha cama
Te fazer gemer
Eu quero tudo o que for seu e, mais
Eu quero te ter
Eu quero teu corpo em meus beijos
Beijos, infinitos beijos de amor e prazer
Eu quero você

Somente você.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

DENIAL

Denial

Preciso vomitar estas borboletas que me socam o estomago
Despejar estes macacos que me habitam o sótão
E estes ratos que me invadem o porão
Essa sensação de estar num sonho de menininha
Apaixonado outra vez, outro amor impossível.

Vou te escrevendo poemas até chegar lá
E desviar meu olhar pra você não perceber
Que cada sorriso do seu rosto
Cada brilho, cada olhar, mesmo que não seja pra mim
Me faz feliz mesmo assim.

São essas intempéries que me fazem querer as coisas
Só quero as coisas que não estão lá
O perigo, o impossível me atrai
Tudo em você como o magnetismo das eras
Meu peito se arranha por dentro como por um milhão de feras.

Seu silêncio absurdo e bonito me aflige
E mistifica ainda mais minha vontade de te ter
Sua calma transparente, insípida, imóvel
Me ataca como se em minha cabeça detonassem bombas atômicas
Você é mulher biônica das minhas paixões platônicas.

Quando você diz que vai meus dois olhos verdes querem te seguir
Como dois faróis verdes iluminando as pegadas deixadas pra que eu não perca o teu caminho
Eu posso seguir sozinho, mas você vai em mim, mesmo que eu não vá em você
Vou te levar em meus pensamentos por mais distantes que sejam
Por mais absurdos, por mais loucas que sejam as minhas vontades.

Eu queria te chegar com flores e de joelhos pedir: - Aceita minha loucura?
Mas isso é tão bonito e eu não sei fazer parte de uma coisa tão pura
Eu sou o discípulo da destruição, o demônio da bagunça
Se eu entrar na sua vida vou bagunçar, vou te fazer sentir o que sinto
E seremos dois loucos no carrossel, bebendo o sangue da batalha como se fosse vinho tinto.

Você, minha flor biônica a muralha mais impenetrável das muralhas impenetráveis que penetrei
Me deixa “singing silly love songs”, abestalhado, olhando o nada, falando grego com a minha própria cabeça
Mesmo que eu fale a noite inteira com você entre nós sempre haverá um silêncio
O silêncio das coisas não ditas que ficam entre nós

E mesmo que eu grite por dentro, tudo o que recebo é o eco da minha própria voz.