sexta-feira, 31 de julho de 2009

EU TE VI NA TV

Eu te vi na TV

Acredite, são verdadeiras as mentiras que te contaram sobre mim
Eu joguei o “Acredite Se Quiser” e o “Topa Tudo Por Dinheiro”
Eu aceitei a aposta de nunca desistir
Eu morrerei tentando, mas não morrerei primeiro.

Há uma corrente de mil elos que aprisiona o dragão
Há uma parede de concreto que nos separa da ilusão
Há mil dedos no gatilho e mil armas na minha direção
Há uma fé cega que apunhala meu coração.

Mil maneiras práticas de falar o que penso
Dez mil maneiras de esperar uma resposta
Santo livro das receitas anarquistas
A ti eu entrego a minha alma exposta.

O porteiro não mente apenas guarda o portão
E eu já não preciso de uma segunda opinião
Ainda ouço o silêncio dentro da escuridão
Do meu computador com vírus e sem programação.

Ó deus porque eu te escolhi
Me diga de uma vez qual é minha missão
Eu queria que você estivesse aqui
Para assistir ela na televisão.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O que eu quero?



O que eu quero está dentro da tua boca



Tua língua



Só quero saber quantos dentes há em sua boca



E se mordes



Quantas estrelas há no céu da sua boca



E se brilham



Eu quero que me empreste o Halls



E se tens coragem



De fazer isso aqui



No meio da rua



Louca eu sei que já estás



Mas se tens coragem



De me contar teus segredos



De atravessar a ponte



O outro e a outra



Sós à margem do absurdo



“Infinitando” a loucura



Alfinetando a serpente



Brincando com fogo



Um pastoreio às cabras-cegas



Ao gemidos sem dor



Aos suspiros



Ao descarrilamento do trem



No beco escuro



No muro



Mãos na cabeça



Dois cegos no escuro dos olhos vendados



O tato



O olfato



O paladar



O prazer de estar vivo



De morrer pra ressuscitar



Ninguém estava lá



Mas todos viram



Eu estava lá



E vivi pra contar a história



A história sem fim



As histórias das almas que vagam perto da meia-noite



De quem dormiu durante a novela



Eu estava bêbado



Ensandecido



Louco



Devorado



E deixei você fazer o que quisesse de mim



Eu olhava nos teus olhos e estavam eles fechados



Mas eu sabia que vias



Eu sabia que era loucura o que fazias



Mas deixei mergulhar



Deixei só pra ver até onde íamos chegar



Se teríamos a coragem de continuar



No meio da rua



Nua



Noir.


quarta-feira, 29 de julho de 2009

CADEIRA-ÉLÉTRICA

as três últimas são também canções do Jonny Money


Cadeira-elétrica


Amor comprei pra gente um filme pornô
Pra ver se eu me livro desse tédio
Pra que eu não me enforque na cozinha
Ou me jogue da sacada do prédio.

Amor saiba que eu te fiz um favor
Quando comprei um DVD pirata do Elton John
Que você me falou que era bom
Que você me falou que era o som.

Amor eu comprei um dicionário grego-português
Pra entender o que você me grita nos ouvidos
Pra fingir que não entendo o que você fala
Quando me compara aos seus ex-maridos.

Eu comprei um revólver
Um 38 prateado e um silenciador
Pra quando você ficar histérica
Nem que eu pegue prisão perpétua
Nem que eu seja condenado à cadeira-elétrica.


ALICE

Alice

Alice te um jeito muito estranho de amar
E foi a igreja pra se confessar
Pois saiba que ela anda de mão dadas com o pecado
E chora de tristeza quando o bar está fechado.

O amor que um dia ali se criou
Mais que de repente ali se acabou
Jurou um amor eterno que pouco durou
E só voltou pra casa quando o bar fechou.

Acordava com um homem diferente a cada dia
Com a vida pelo avesso Alice nem dormia
Mas sonha em um dia encontrar uma paixão
Pra dividir com Alice o outro lado do colchão.

Alice se faz
Alice paga
Pra quê querer tudo
Se o tudo sempre leva a nada.

MUNDO PARALELO

Mundo Paralelo


Eu vivo num mundo paralelo
Um mundo onde tudo é belo
Eu vivo condicionado dentro de mim
Procurando por algo que ainda não perdi

Em um segundo eu te levo ao infinito
Viajando nas asas de um mosquito
Faço de todo começo o fim
E flores nascerem em qualquer jardim

Me pego conversando com as paredes
Me pego desenhando no azulejo
Me encontro nas trevas de minha loucura
Louco pra te dar um único beijo

Tudo no meu mundo é colorido
Tudo no meu mundo é divertido
Qualquer desejo se realiza
Qualquer medo se tranqüiliza

Eu sou maior que qualquer coisa
Sou dono de um sorriso malicioso
Eu posso fazer tudo o que eu quiser
Mas saiba que sou muito preguiçoso

Aqui tudo é feito de chocolate
Parece o comercial da Parmalat
Tudo é doce, ta pronto e é só se servir
No meu mundo as pessoas só morrem de rir

Meu nome é Alice me prove e tenha uma indigestão
Meu nome é Alice me beba e amanheça com dor de cabeça

HANNIBAL

Hannibal

Minta pra mim de novo
E vais ver o que eu faço
Eu te corto em pedacinhos
E dou tuas vísceras pro meu gato comer.

Diga que não mais me ama
Repita só mais uma vez
Que eu te corto em pedacinhos
E tempero tua carne com bastante Sazón.

Diga que é feliz comigo
E sem mim não pode viver
Ou te deixo uma seqüela
Pra você nunca mais me esquecer.

Nunca arrume outra pessoa
Para por no meu lugar
Nunca me machuque assim
Ou o corpo dele será o teu jantar.

ÓCIO

Ócio

Ando por ruas escuras
Lambendo o limo das calçadas
Evitando elevadores
Subindo as escadas
Que me levarão a lugar algum.
Perco meu tempo
Esperando alguém bater
Vou sumindo na calçada
Até restar apenas o copo quebrado e o cigarro
O telefone toca
Mas nunca atendo
Pode ser você
Pode ser alguém
Tentando me encorajar
A não saltar do décimo andar.

O que ainda me conforta é saber que existe amor barato em cada esquina.

domingo, 26 de julho de 2009

VELHO

VELHO

Nunca tive vergonha, mas esta foi escrita há muito tempo e só hoje tive coragem de postar o porque, não sei, telvez não tenha postado antes por não ter ficado tão boa, não aprendi a dar a outra face para bater...



Velho

Será que um dia ficarei velho
E me contente as tardes um programa de auditório
Tomar sol pelas manhãs numa cadeira de balanço
Imaginando um dia meu enterro, meu velório.

Será que um dia serei um patriota
Preocupado com a decoração de bandeirinhas verdes e amarelas da copa
Ou me tornarei um idiota
Comemorando a venda de livros na Europa.

Será que um dia não conseguirei mais usar o banheiro sozinho
Pra tomar banho ou outras necessidades especiais
Tenho certeza que já terás me esquecido
Pois dentes já não terei mais.

Qual será minha reação ao olhar no espelho
Os cabelos brancos e os olhos tristes
Somente as lembranças do que um dia fui
Hoje só rugas e cicatrizes.

Será que serei exemplo para alguém
Meus filhos, meus netos se um dia eu tiver
O velho rejeitado com muito a ensinar
Com dificuldades até pra ficar em pé.

Será que voltarei a ser criança
“Coma tudinho vovô pra ficar forte,
Não faça isso ou faça aquilo”
Deus eu prefiro a morte.

Nos anos 90 não era assim
Tenho saudades dos meus velhos tempos
Do tempo em que juntos ouvíamos Nirvana
Mas faz muitos anos os bons momentos.

No meu tempo de rapaz moço
Ia às festas, tocava nas bandas
Deixava as meninas enlouquecidas
Eu era bom, era quem mandava.

Nessa época me apaixonei por uma moça
E escrevi pra ela muitos poemas
Não lembro de muito a memória já falha
Não ficamos juntos, tivemos problemas.

Ela era inteligente e bonita e usava umas pulseiras
Eu lembro que sempre que eu a via
Ela me causava um desconcerto
Certamente eu enlouquecia.

Hoje, se ainda estiver viva
Deve ter mais ou menos minha idade
E a última noticia que tive dela foi há uns 30 anos
E ela estava na Europa, acho que em Londres.

Será que serão assim minhas memórias
Será que serei um contador de histórias
Não tenho mais o que aproveitar
Ninguém sabe o dia em que alguém por nós irá se apaixonar.

Rezem por mim
Ainda tenho dentes em minha boca.

sábado, 25 de julho de 2009

Foi no mês que vem

Não é muito o meu estilo gozar com o pau dos outros, mas esta canção tem um dos melhores poemas que um ser vivo poderia escrever e ela fala também um pouco do que penso hoje, entenda como uma forma de homenagear um ídolo, obrigado Vitor.

Foi no mês que vem - Vitor Ramil


Vou te vi
Ali deserta de qualquer alguém
Penso, logo irei
Que seja antes minha que de outrem
Quando o vento fez do teu vestido
Um dom que Deus te deu
Claro que eu rirei
Ao vendo o que outro alguém não viu

Vou andei
E me chegando assim te cercarei
Digo, aqui tô eu
Que te amo e às tuas pernas quero bem
Já que estamos nós
Te sugeri-me então o que fazer
Claro que eu beijei
Ao tendo o que outro alguém não quis

E tudo isso
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi
E mais que tudo
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Na hora em que eu te quis

Vou fiquei
No teu chegado e tu chegada ao meu
Penso, grande é Deus
Um paraíso prum sujeito ateu
E pensando assim
Farei aquilo que o teu gosto quis
Claro, eu já ganhei de volta
Tudo o que eu quiser

E tudo isso
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi
E mais que tudo
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Na hora em que eu te quis

E tudo isso
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi

segunda-feira, 20 de julho de 2009

EU PREFIRO MORRER A FAZER PARTE DESSA HISTÓRIA

Eu prefiro morrer a fazer parte dessa história

Carros bomba, fogos de artifício
Sóis que nascem por trás de edifícios
Os presidentes sempre querem mais
E fazem guerra pra buscar a paz.

Absolvidos por crimes eleitorais
Vivem do luxo em paraísos fiscais
Porque o dólar vale mais que o real
Crise econômica mundial.

Monopólio por trás de propagandas
Religiosos, guerra fria, guerra santa
Trancafiados em regimes militares
Armas biológicas, armas nucleares.

Neonazistas, velhos fascistas
Que freqüentam seitas esquisitas
Fãs de intelectuais capitalistas
Vivem de hipóteses economistas.

PINTURA I

Pintura I

Te pintei um quadro
Com luz e tinta
Te pintei clara
Como o Sol te pinta

Peguei teu tempo
E o prendi no quadro
Deixei tua alma lá fora
Levei teu beijo embora.

Posso morrer só teu
Teu cheiro, a lâmpada quando apaga
Meu desejo é tocar
A amplitude desse teu olhar.

Joguei meu corpo em tua cama
Tranquei teu sono pra não dormir
Pra acordar dormindo enquanto sonho
Pra sonhar acordado enquanto durmo.

De onde vem teu poder
Meu medo de te perder
De me prender entre tuas pernas
De me prender dentro de você.

Em cada uma das paredes do quarto
Posso regar todas as tuas flores
Me convidando a tirar os sapatos
Para juntos pintarmos novas cores.

PINTURA II

Pintura II

A voz da chuva penetrou no quarto
A luz da lua que velou teu parto
Auto – retrato, visão turva, fosco
Te admirar até roubar teu rosto.

Uma cópia da tua dor assim sinto também
Para que eu não saiba nada de ninguém
Se alguém ligar não atende o telefone
Se alguém te perguntar não diga o meu nome.

Te veste de asas e razões
Te perde medo e indecisões
Posa nua, na minha, na tua, na rua
Na sala de estar, no quarto de dormir.

Te varre o doida daqui
Te pinta num quadro Dali
Te limpa para um banho imundo
Te beija no espelho profundo.

Mergulha na luz desse dia
Me fala da tua agonia
Me beija, me abraça, me guia
Teu sexo no meu, poesia.

Teus lábios, loucura, arte sacra
Teus dedos cortam como faca
Cabelos de fio de cobre
Te vejo em arte tão nobre.

domingo, 19 de julho de 2009

CARTA DE AMOR À SARNEY

Carta de Amor à Sarney



Carros importados

Documentos autenticados

Assassinos inocentes

Verdades incoerentes

Crime militar

Dormir no balcão do bar

Falsificando assinaturas

Formação de família

Câmeras de segurança

Cúmplice da fraude

Doze viaturas

Quebra de sigilo

Lágrimas de crocodilo

As almas no paraíso

No paraíso fiscal

Paga uma propina

Faz uma chacina

ACM, TPM, CPI

Desista

Morra e vá feder bem longe daqui.

sábado, 18 de julho de 2009

CLAUSTROFOBIA

Claustrofobia

Estou enclausurado nas entrelinhas das tuas palavras
Estou trancafiado à tua cela
Estou preso entre tuas pernas
Acorrentado aos teus pés
Estou tonto e sem ar
Estou em um frasco de vidro
Num elevador
Estou em um quarto escuro
Numa prisão sem muro.

Estou em tuas mãos
Escorrendo entre os teus dedos
No espaço entre teus dentes
No teu pequeno coração
Estou preso em uma gaiola
Num curral
Num quintal
No bolso
Na solitária
No útero
No ovo
Na caixa de fósforos
No porta-jóias
No porta-luvas.

Ainda assim
O mundo é pequeno pra mim
Maior que tudo é a distância
Entre os corpos
Entre as bocas
Quem sabe isso acabe um dia
Bem vinda ao quarto-sem-companhia
Chamado
Claustrofobia.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O SEXO DOS ANJOS

O Sexo dos Anjos

Quero me embrenhar nos caracóis dos teus pentelhos
Quero chupar tua língua e lamber teus pés
Debaixo dos lençóis a gente pode sangrar
A gente pode desejar morrer e ressuscitar.

Juntos faríamos tanta imundice, tanta porcaria
Faríamos muita lama
Como dois pecadores, dois santos numa orgia
Filosofando nus, eu, você e a lâmina.

Suor e sangue a escorrer pelo ralo
A cólera, a luxúria e a gula.
Para te fazer um banquete
E depois deixar tudo no sabonete.

Só eu posso dar o que você quer
A santa, a puta, a mãe, a mulher
Eu te amo, mas não sei teu nome
Endereço ou número de telefone.

Grite por mim e pelas almas do inferno
Misturar o doer com o prazer
Eu posso dar tudo o que você desejar
Até o amanhecer, até o acordar.

BOSSA NOVA

Bossa Nova

Já usei tudo o que é droga
Já paguei pra não usar
Já bebi tudo o que eu vi na minha frente
Já cheguei a desmaiar

Já paguei caro por mulheres
Que não valiam um centavo furado
Algumas eram um pedaço do céu
Outras eram o próprio diabo.

Eu ia à igreja todo domingo
Quase sempre era pra rezar
E quase sempre eu estava lá
Mas minha cabeça estava em outro lugar

Já vi coisas que não devia ver
Já vi até disco voador
Já fiquei louco vendo coisas assim
Que precisei ir visitar o doutor.

Meu grande amor me deixou sozinho
Porque eu não pude lhe dar uma prova
Só eu posso cavar minha cova
Fui rock velho, hoje sou bossa nova

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Em breve mais terrorismo poético, beijos a todos

TERRORISMO POÉTICO

Terrorismo Poético

Mata ele, mata
Aperta o gatilho, vai
Acerta ele com uma rima
Enfia o verbo na bunda dele
Faz ele comer o livro, faz
Faz ele comer o livro inteiro,
Aperta mais as cordas
Sufoca ele de versos
Mata, mata ele
Toma desgraçado
Hahahahahahaha!
A caneta agora
A azul, azul vai
O lápis agora
Hahaha
Chuta ele, chuta
Conjuga o verbo “chutar no estômago”
Isso
Eu chuto no estômago
Tu chutas no estômago
Ele chuta no estômago
Ela, ela, ela quer também
Ela chuta no estômago
Todo mundo comigo
Cantando, cantando
Lindo
Mostra aquela palavra pra ele
Corta a cara dele com ela
Ae hahaha!
Agora senhoras e senhores
O Gran Finalle
A frase que irá cortar a garganta dele será
“Eu odeio leitura, poesia e literatura”.
Palmas, palmas por favor
Foi realmente espetacular
Domingo que vem tem mais
Não percam o programa
“Nós Amamos Literatura”.

SAMBA DA TRISTEZA SEM FIM

Samba da Tristeza Sem Fim

Favor cantar na forma de brega tipo Waldick Soriano


Tenho que ir
Sinto lhe deixar
Tenho que partir
Aqui não é o meu lugar.

Nunca fui daqui
Nem de lugar nenhum
Fui igual a todos
Tentando ser incomum.

Nunca fui seu
E não serei de ninguém
Sei que nunca fui santo
Encerrar-te com amém.

Tentei sempre te convencer
Das coisas que nem eu
Nem eu mesmo
Pude ver.

O que faço agora
Se todos já partiram
Muitos morreram
Ou simplesmente foram embora.

Eu tentei falar
Faltaram palavras
Tentei conversar
Mas faltou assunto
Tentei explicar.
Não me deste ouvidos
Mas tentarei.
Com meu samba triste
Você que não me ouviste.

Enquanto for mordida a maçã
Enquanto os pecadores festejarem
Enquanto bebermos às vésperas
Enquanto houver carne à vontade.

Comemoraremos a tristeza
A distância que maltrata
A Faca que nos corta com sutileza
O “Amar” que fere e mata.

Não ligue pro meu samba triste
Ele não pode calar
É tudo o que tenho
Ainda pra me segurar.

Ele ampara o meu pranto
É minha contradição
Pois ele irá te ensinar
A partir um coração.

Mas nem sempre meu samba
Foi triste assim
Ele um dia sorria
Quando olhavas para mim.

Quem não quiser
Ouvir-me chorar
Por favor, vá embora
Deixe-me no bar.

Pois ela se arrependida
Resolver me procurar
Saberá onde me encontro
É no mesmo lugar.

O meu samba é triste
Porque você existe
A mulher que machuca
Chamada saudade.

Ela vai sambar
Ao som do meu violão
Descalça em cacos de vidro
Sobre o meu coração.

B.

Show Jonny Money

quarta-feira, 15 de julho de 2009

MARIJUANA

Dois poeminhas infantis de amor, ambos incompletos...


Marijuana


Todo Homem Cantará

Toda Humanidade Consumirá

Temos Hoje Censura

Tudo Hoje Cessará.


Tocaremos Harpa Cristã

Teceremos Harmonia Celeste

Traremos Hemácia Cura

Toda Herbórea Campestre.


Todo Humano Careta

Tudo Haverá Consumido

Tem Helênica Chama

Tem Hermético Caído.


sábado, 11 de julho de 2009

PRINCESA DE GELO

Este poema eu escrevi quando tinha 15 anos, mais ou menos...


Princesa de Gelo




Deusas das beldades lisérgicas sexuais

Dá-me o néctar da tua flor de plástico

Leva o medo das minhas mortes semanais

Mas, faça de um jeito barato e rápido.



Vejo o sol nascer sem forma através das minhas venezianas

Dona da minha estúpida paixão pagã

Meu sábio chinês era gay e eu o adorava

Mas realmente você não me amará mais de manhã.



Minha solidão se afundava no álcool e no cigarro

Mas quando dei por mim estava dentro do teu carro

Eu me contradizendo dizia não estar afim

Cantarolando as canções que Lou Reed escreveu pra mim.



Eu senti e me envolvi de uma vez nesse teu barato

Que país e esse que atento ouve as poesias de Renato

Que prazer é esse que quando a gente sente dá vontade de gritar

Mas o amor é pouco e de uma vez vai se apag
ar.

CLUBE NIILISTA

Clube Niilista


Ando chorando para cenas românticas em filmes de ação

Vou morrer operário, nunca serei patrão

Meu filme favorito ainda é O Poderoso Chefão

Ó meu Deus por favor não.



Um dia eu me mato

Meu disco favorito é o 17 Big Golden Hits Super Quentes Mais Vendidos do Momento

Do Língua de Trapo.



A única vez que venci na vida foi no fliperama

Ainda acho que a melhor coisa da vida é dormir nu na cama

Será que há algo errado comigo?

Só ouço musicas do tempo em que eu ainda nem era nascido.



Tentei até ser comunista quando adolescente

Fui preso muitas vezes jurando ser inocente

Peguei porrada de muito policial

Desisti, eu caí na real.



Juro que tentei ser escritor

E vender livros no exterior

Mais sou frustrado com essas coisas complicadas

E ser poeta não me levará a nada.



Achei que podia ser Chico Buarque

E te convencer a comer açaí com charque

Mas você sempre foi muito egoísta

E me deixava sempre parado na pista.



Queria morrer como Charles Bukowski

Mas descobri que tenho medo de morrer

Não me julgue um desesperado

Só não quero saber o que tem do outro lado.



Peguei minha mulher com o seu novo amante

Mas ele era filho do meu atual patrão

E o convidei para tomar uma cerveja

Rindo de mim ele me disse não.



Resolvi então virar evangélico

Quem sabe assim mudava a situação

Mas acabei tendo que lavar os banheiros

Para poder garantir minha salvação.



Eu sempre fui como Caetano

E sempre achei tudo muito lindo

Mas sempre acabo entrando pelo cano

Desnorteado, sem saber onde estou indo.



Rezava toda noite para o cigarro não acabar as três da manhã

Para o bar não fechar antes de amanhecer

Mas você sempre saia dizendo não me querer mais

Então voltava pra casa e tentava dormir em paz.



Me incentivando eles diziam: Vai dar tudo errado no final

Ainda é tempo meu amigo, desista

Volte agora mesmo para o Clube Niilista

Onde é o Clube Niilista?


terça-feira, 7 de julho de 2009

CANÇÃO BLUES DO CACHORRO PRETO

Poema escrito à meio século atrás


Canção Blues do Cachorro Preto

Escolha suas armas e entre no ringue,
Ou sonhe os sonhos de Stephen King.
Embaixo de ruínas e construções góticas,
Fale mais de suas paixões caóticas.

Não vai passar de sonhos de menina,
Ou resolver a crise da Argentina.
Eu não te queria, mas te queria bem,
Queria as drogas de La Fontaine.

Amava os Beatles e os Stones,
Porque ela agora tinha dois nomes.
A Alca não pode passar,
E o homem coletivo sente a necessidade de lutar.

Quero todas as coisas de ninguém,
Quero você aqui também,
Quero a Alca pra casa do caralho,
Não quero as coisas claras como em um jogo de baralho.

Quem tem consciência para ter coragem,
Mas bem dizendo Drummond de Andrade,
Não sou das coisas eu me revolto, não volto atrás,
Mas temos que ser fortes sem perder a ternura jamais.

O povo quer o que é seu por direito,
Mamãe eu não quero ser perfeito,
Não sento na cadeira e espero ver,
A Vera Fisher mentindo na TV.

Tira o presidente bota o povo no poder,
Não o político hipócrita que mente pra você,
Promova sempre o pensamento social,
Pois também há terrorismo na Igreja Universal.

Você sabe bem que eu não tenho grana,
Por isso eu moro na lama e piso na grama,
E não levo jeito pra fazer ioga,
Zeca me empresta algum pr´eu bancar a minha droga.

sábado, 4 de julho de 2009

UM LUGAR CHAMADO DESESPERO

Um lugar chamado desespero

No meu travesseiro ainda encontro fios do teu cabelo
Deito e me pergunto por que você foi
Ainda estou aqui te faço um apelo
Ainda sou teu e serei pra sempre
E o nosso filho irá crescer forte e saudável.

Daria a vida pra mudar o que aconteceu
Para não juntar os cacos
Vivo cada dia a procurar
O teu rosto em cada olhar
O teu corpo em cada esquina
E teu beijo em cada copo de bebida.

Estou num lugar chamado desespero
Você vai permanecer em mim por toda a vida
Por todas as horas de um dia inteiro
Como tatuagem ou marcas de uma ferida
Diga que voltou e mudou de nome
Não mais se chama bala perdida.

Estou num lugar chamado desespero
É para cá que vem as almas esquecidas
Aqui moram todos os culpados
Os ex-drogados, os desesperados
Os suicidas de banheiro
Estou num lugar chamado desespero.

Acredite o que eu sinto por ti ainda é verdadeiro

UM LUGAR CHAMADO DESESPERO

Um lugar chamado desespero

No meu travesseiro ainda encontro fios do teu cabelo
Deito e me pergunto por que você foi
Ainda estou aqui te faço um apelo
Ainda sou teu e serei pra sempre
E o nosso filho irá crescer forte e saudável.

Daria a vida pra mudar o que aconteceu
Para não juntar os cacos
Vivo cada dia a procurar
O teu rosto em cada olhar
O teu corpo em cada esquina
E teu beijo em cada copo de bebida.

Estou num lugar chamado desespero
Você vai permanecer em mim por toda a vida
Por todas as horas de um dia inteiro
Como tatuagem ou marcas de uma ferida
Diga que voltou e mudou de nome
Não mais se chama bala perdida.

Estou num lugar chamado desespero
É para cá que vem as almas esquecidas
Aqui moram todos os culpados
Os ex-drogados, os desesperados
Os suicidas de banheiro
Estou num lugar chamado desespero.

Acredite o que eu sinto por ti ainda é verdadeiro

quinta-feira, 2 de julho de 2009

MANUAL PRÁTICO DE COMO SE ACOSTUMAR COM AS MUDANÇAS DA VIDA

Recebo diariamente em meus sites de relacionamento mensagem de, digamos "auto-ajuda" tipo aquelas que a gente tem que mandar pra outras dez pessoas para que aconteça o dito no texto e lendo Shakespeare recentemente me atentei para uma situação que foi o que me inspirou a escrever o texto abaixo, não detalharei sobre Shakespeare resta a ele minha gratidão e admiração, mas quis deixar claro que é um texto escrito na nudez do teatro e poesias"shakespeareanas" e tipo esses textos babacas de internet. Eu niilista que sou mas admirador de grandes mestres deixo clara minha visão de que a vida vai passando e a gente deixa muito para trás, sem mais lhes entrego o "Manual Prático de como se Acostumar com as Mudanças da Vida", enquanto a revolução não vem...



Manual Prático de como se Acostumar com as Mudanças da Vida


Um dia você descobre que aquela pessoa que um dia pôs um sorriso no seu rosto é a mesma que também um dia fará você chorar.

Que aquela pessoa que um dia praguejou contra você é a mesma que um dia lhe estenderá a mão

Que um dia a garota pela qual você quis suicidar-se na adolescência lembrará de você na velhice como o “namoradinho de infância”

Que aquela pessoa pela qual você daria a vida dificilmente faria o mesmo por você

Que as cólicas pré-menstruais e a menopausa também são problemas que os homens irão enfrentar, mas ainda nas mulheres

Que para conquistar a confiança você levará anos, mas para perdê-la você só precisa de um minuto

Um dia você descobre que a justiça é cega, surda e muda

E que o amor é cego, surdo, mudo e aleijado

Que nem tudo o que vai volta

Que é legal ter idéias socialistas quando se é um adolescente, mas quando se é velho não é uma boa idéia

Que o dinheiro traz felicidade sim mesmo que momentânea, se você tiver muito dinheiro pode reabastecer o estoque sempre que precisar

Que um dia todo mudo se acostuma com o dinheiro

E a viver sem ele também

Que quando você é uma pessoa divertida, brincalhona a maioria das pessoas não te levará a sério quando deveriam

Mas se você for uma pessoa dura, ranzinza, mal-humorada, quando você falar todos irão te ouvir

Um dia você vai descobrir que todas as pessoas que você gosta ou admira estão mortas ou você não as conhece pessoalmente

Que você realmente está só no mundo, que todos os outros estão preocupados com os próprios problemas

Você irá descobrir que só se aprende com os erros

Que seus heróis são inconstantes e fragilizados

Que as drogas não são algo tão ruim como lhe dizem

Que a política não tem jeito mesmo

Que para te pagar uma cerveja todos te procurará, mas se você precisar de um remédio, poucos estarão disponíveis

Que sempre haverá alguém trabalhando menos que você e ganhando mais

Que se você for feio ou mal-vestido ninguém lhe dará ouvidos a não ser que você seja presidente dos Estados Unidos, mas se você for bonito e tiver um carro importado todos lhe admirarão, mesmo que você não tenha nada na cabeça

Que de forma alguma alguém se aproximará de você por você ser inteligente sem te conhecer e sim pela sua beleza

Um dia você vai achar que o mundo mudou, mas o mundo é mundo desde que o mundo é mundo, quem mudou foi você

Que é mais difícil dar a liberdade do que tirá-la

Que é mais difícil dar a vida do que subtraí-la

Assim como é mais fácil tirar outra do que a própria vida

Que é mais fácil amar que ser amado

Que ainda se gasta mais com armas do que com saúde e educação

Que o sexo ainda é a sensação mais gostosa de estar vivo

Que o tempo cura muita coisa e o que não cura ele modifica

Que o tempo enfraquece o amor, mas fortalece o ódio

Que o amor mata, mas o ódio te deixa vivo atrás de vingança

Que as boas coisas passam bem rápidas, e as ruins ficam por muito tempo

Que nada se cria tudo se copia ou se aprimora

Sempre haverá uma nova tese para derrubar uma nem tão antiga

Que a única certeza da vida é a morte

E que nós vivemos nossas vidas para tornar nossa morte mais confortável

Que os Beatles foram só uma febre que passou

Que a ruína do mundo é a religião

Que quando se é criança você quer logo ser adulto, mas quando for adulto se arrependerá de ter desejado isso

Que a única coisa que continuará boa com o passar dos anos é ouvir um bom disco do Pink Floyd, se divertir com um do Ramones, tentar imitar a Janis no chuveiro, transar ao som do Doors, solar no cabo da vassoura como Jimi Hendrix, chorar quando ouvir um samba triste ou compor uma canção que fale de coisas insólitas

Um dia você vai descobrir tudo isso, esperamos não ser tarde.

Rafael Oliveira

Inspirado em Shakespeare