segunda-feira, 20 de julho de 2009

PINTURA II

Pintura II

A voz da chuva penetrou no quarto
A luz da lua que velou teu parto
Auto – retrato, visão turva, fosco
Te admirar até roubar teu rosto.

Uma cópia da tua dor assim sinto também
Para que eu não saiba nada de ninguém
Se alguém ligar não atende o telefone
Se alguém te perguntar não diga o meu nome.

Te veste de asas e razões
Te perde medo e indecisões
Posa nua, na minha, na tua, na rua
Na sala de estar, no quarto de dormir.

Te varre o doida daqui
Te pinta num quadro Dali
Te limpa para um banho imundo
Te beija no espelho profundo.

Mergulha na luz desse dia
Me fala da tua agonia
Me beija, me abraça, me guia
Teu sexo no meu, poesia.

Teus lábios, loucura, arte sacra
Teus dedos cortam como faca
Cabelos de fio de cobre
Te vejo em arte tão nobre.

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