sábado, 11 de julho de 2009

CLUBE NIILISTA

Clube Niilista


Ando chorando para cenas românticas em filmes de ação

Vou morrer operário, nunca serei patrão

Meu filme favorito ainda é O Poderoso Chefão

Ó meu Deus por favor não.



Um dia eu me mato

Meu disco favorito é o 17 Big Golden Hits Super Quentes Mais Vendidos do Momento

Do Língua de Trapo.



A única vez que venci na vida foi no fliperama

Ainda acho que a melhor coisa da vida é dormir nu na cama

Será que há algo errado comigo?

Só ouço musicas do tempo em que eu ainda nem era nascido.



Tentei até ser comunista quando adolescente

Fui preso muitas vezes jurando ser inocente

Peguei porrada de muito policial

Desisti, eu caí na real.



Juro que tentei ser escritor

E vender livros no exterior

Mais sou frustrado com essas coisas complicadas

E ser poeta não me levará a nada.



Achei que podia ser Chico Buarque

E te convencer a comer açaí com charque

Mas você sempre foi muito egoísta

E me deixava sempre parado na pista.



Queria morrer como Charles Bukowski

Mas descobri que tenho medo de morrer

Não me julgue um desesperado

Só não quero saber o que tem do outro lado.



Peguei minha mulher com o seu novo amante

Mas ele era filho do meu atual patrão

E o convidei para tomar uma cerveja

Rindo de mim ele me disse não.



Resolvi então virar evangélico

Quem sabe assim mudava a situação

Mas acabei tendo que lavar os banheiros

Para poder garantir minha salvação.



Eu sempre fui como Caetano

E sempre achei tudo muito lindo

Mas sempre acabo entrando pelo cano

Desnorteado, sem saber onde estou indo.



Rezava toda noite para o cigarro não acabar as três da manhã

Para o bar não fechar antes de amanhecer

Mas você sempre saia dizendo não me querer mais

Então voltava pra casa e tentava dormir em paz.



Me incentivando eles diziam: Vai dar tudo errado no final

Ainda é tempo meu amigo, desista

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Um comentário:

  1. Gostei desse poema também, embora eu não me identifique com a idéia. Mas o texto é legal, consegue poetizar o niilismo.

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