O que eu quero?
O que eu quero está dentro da tua boca
Tua língua
Só quero saber quantos dentes há em sua boca
E se mordes
Quantas estrelas há no céu da sua boca
E se brilham
Eu quero que me empreste o Halls
E se tens coragem
De fazer isso aqui
No meio da rua
Louca eu sei que já estás
Mas se tens coragem
De me contar teus segredos
De atravessar a ponte
O outro e a outra
Sós à margem do absurdo
“Infinitando” a loucura
Alfinetando a serpente
Brincando com fogo
Um pastoreio às cabras-cegas
Ao gemidos sem dor
Aos suspiros
Ao descarrilamento do trem
No beco escuro
No muro
Mãos na cabeça
Dois cegos no escuro dos olhos vendados
O tato
O olfato
O paladar
O prazer de estar vivo
De morrer pra ressuscitar
Ninguém estava lá
Mas todos viram
Eu estava lá
E vivi pra contar a história
A história sem fim
As histórias das almas que vagam perto da meia-noite
De quem dormiu durante a novela
Eu estava bêbado
Ensandecido
Louco
Devorado
E deixei você fazer o que quisesse de mim
Eu olhava nos teus olhos e estavam eles fechados
Mas eu sabia que vias
Eu sabia que era loucura o que fazias
Mas deixei mergulhar
Deixei só pra ver até onde íamos chegar
Se teríamos a coragem de continuar
No meio da rua
Nua
Noir.
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