terça-feira, 24 de novembro de 2009

CÉU

Céu

Quando eu pensei que sabia tudo
Me descubro em uma nova doença
Enclausurado no escuro íntimo
Na falta da minha presença.

Quando eu pensei que conhecia tudo
E que já havia ido a todo lugar
Faltava adentrar no meu intimo
Faltava a mim me explorar.

Quando você morrer de nada valerá minhas respostas
E eu não quero ser enterrado com as tuas perguntas
Pra quê tanta informação, tanta aliteração.
Se quando você morrer nada irá levar.

Dentro de dois opostos há o choque das questões
Há somente interesses entre dois seres ermitões
Quando se há o hereditário e o que se aprende na rua
Não seria o mesmo, eu sem roupa, você nua.

Mas quanto injusto foi Deus comigo
Em não me permitir conhecer meu próprio paraíso
Mas para isso é preciso se autodestruir
Para se auto-conhecer.

Mas como Deus foi injusto comigo
A ponto de não permitir que eu evolua
Asas externas de nada servem
Se não posso voar a minha própria lua.

Eu quero tocar meu próprio céu
Quero sol com chuva e o casamento da raposa
Pois se os pássaros andam
Deveria o homem também voar.

Se um dia eu aprender com Da Vinci
Assimov ou Santo Dummont
Vou voar mais “alto” que as nuvens
Não só me elevar a meio-tom.

Existe problema em querer o céu
Eu quero e se eu quero, eu consigo
Outra vez Ícaro me ajuda
Se tentar e permanecer vivo.

O meu céu pra mim é desconhecido
Sei que não me conheço por dentro
Sei que sou obra do mero acaso
E de nada vai valer tentar.

Na minha sede de alcançar
Meu oposto, meu arquiinimigo
O meu mau, o que mais abomino
Mas que a mim interessa tocar.

A voz de Deus é a voz do povo
Entra por um ouvido e sai pelo outro
Não faz a omelete sem quebrar o ovo
Não faz diferença se for tão igual.

Mas um dia Deus disse pra mim
Mesmo na certeza que eu ia discordar
Se deseja tanto esse céu
Terá a Eu permitir de lhe dar.

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio.
No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.”


Assim sendo estarei livre para tentar
Voar
E assim
Alcançar
O
Céu.

VISTA DE UM PONTO

Uma homenagem para minha pessoa, por Celaynne Monteiro, quase acertou, mas adorei, obrigado...


Vista de um ponto

Ao ver do meu querer o medo da tua liberdade
Ao ver do meu conhecer a atração por tua expansividade
Ao ver do meu ser a distância e a proximidade _ talvez mais aquela.

O que tu és?
Um tanto de príncipe, um tanto de devasso
Será que estes se prendem num só laço?
O laço é tua estrutura: teu corpo, tua mente.

O que tu és?
Somente, simplesmente um poeta?
Basta?
Tu te bastas de ti para viver a vida ou a vida te basta para ser-te?
Tantas perguntas, eu sei...
São reais porque desconheço teu ideal
As sei, mas não te sei.

O que tu és?
Tão contraditório a si mesmo, como o amor de Camões?
Talvez, sejas mesmo, um “eu não sigo regras”,
Disciplinado unicamente a isso
Aí evapora-te eu
E a interrogação surge como uma exclamação.

Tradicionalmente romântico?
Mutavelmente pensado?
Nitidamente desprendido do regular?
Efetiva e voluptuosamente apaixonado.

Firme e efêmero, como teu olhar a ler um poema pra mim.
Despreocupado com os limites, como teu corpo debruçado sobre a madeira.
Vivo e comprometido, como teu olhar:
Como a cor dos teus olhos comprometida com o verde da tua segunda pele.

Confusão é decifrar-te
Mas fica a esperança de aprender-te
E se missão de James Bond
Desprezarei o sete
Fixarei no formato dos zeros
Regressando a estaca zero:
O momento de olhar...

sábado, 21 de novembro de 2009

YUMI

Yumi

Eu durmo com a janela aberta
Na minha inútil certeza incerta
Esperando tua visita, vadia
Sonhando com o dia
Em que você irá entrar como o ladrão
Com uma arma na mão
E me roubar a dignidade.

Mas quase nunca estou só
Tem um animal felino na minha cama
Que me usa, que me ama
Ela deita e ronrona
E dorme e sonha
Seus prazeres egoístas.

É a onça vagabunda que vaga nos telhados
E eu gato vadio
Bicho do mato
Maldito no cio
Só durmo vazio na tua presença
Quando ela pra mim resolve cantar
A sua doce canção de ninar
Para assim afastar
Os espíritos noturnos que infestam a consciência.

Ela não diz que me ama
Mas seu olhar sacana
Falso, mas inciso
Tem muito mais que preciso
Sou eu menino prodígio
Quando estou perto de ti
Ela usufrui o meu prestigio de lhe servir.

Ela só dorme quando chego
Mas pra ela tanto faz
Se estou bêbado ou feliz
Ela cura o meu porre por igual
Por isso sou seu servo mais fiel
Sou seu animal irracional.

Ela é meu lume fluorescente dos espíritos ancestrais
Eu carrego o espírito do samurai derrotado nas batalhas
O nome do meu nome dos traços orientais
Filha, hoje eu não volto pra casa
Feche as portas e as janelas e durma em paz.

Show Jonny Money



ESPECIAL JONNY MONEY NO CONCERTO ALTERNATIVO HOJE

sábado, 7 de novembro de 2009

O MESTRE DOS BRINQUEDOS

O Mestre dos Brinquedos

O Mestre dos Brinquedos gosta de mandar
Não queremos mais o Mestre dos Brinquedos mandando na situação
Não queremos mais fazer o que o mestre mandou
Não queremos mais brincar.

Ele mora numa casa de bonecas e sonha as Barbies escravas sexuais
Numa história em quadrinhos ou um desenho animado
Mas nós não temos mais medo
Porque o Mestre dos Brinquedos é de brinquedo.

A revolta dos brinquedos velhos esquecidos no sótão
Mamãe, não tenho mais medo de descer no porão
E vou começar uma revolução
O Mestre dos Brinquedos é um brinquedo de miriti
Fogo no miriti!!!

O Mestre dos Brinquedos é um grande fascista
O Mestre dos Brinquedos não vai mais enganar o povo
Chega dessa aventura insana e surrealista
Não passa desenho legal de manhã na Globo

E os servos fiéis são os soldados de brinquedos.
O mestre dos brinquedos vive uma grande mentira
Ela só manda nas bonecas porque elas não têm nada na cabeça
É tudo de plástico.

UM DIA A GALINHA APRENDE A VOAR

Um dia a galinha aprende a voar

Um dia você vai descobrir que você levará muito tempo
Pra descobrir que não pode me esquecer
Que as marcas que eu deixo nas outras
Estão mais acentuadas em você.

Que hoje os discos que eu ouço
Eu não suportava te ver ouvir
Que apesar de você não gostar mais
Foi com eles que muito aprendi.

Que em todo filme de guerra
Sempre tocam canções de amor
Que é difícil guardar um segredo
Mas de você muitos guardam rancor.

O que move o poeta é a dor
O que move o poeta é a raiva
O que move o poeta é a revolta
E esses temas dão muito poemas.

Então vá, eu te deixo ir
Fui teu pai e te preparei para o mundo
Faça para ele o que não fez por mim
Atenda para ele os pedidos que eu te fiz.

Ora mas quem sou eu para discordar
Se ainda sou o sonhador
Que acredita que até a galinha um dia vai voar.

EU QUIS ME CONTER

Eu quis me conter

Antes de chegar em casa ela no táxi debatia
Sobre arte moderna, música e poesia.
Isso me deixava excitado,
Eu quis me conter.

Ao entrar em casa mexeu nos meus discos e quis ouvir blues
Ela mesma abriu a garrafa de vinho e deixou a sala à meia-luz
Isso me deixou louco,
Eu quis me conter.

Então ela sugeriu subir para o quarto e esquecer o mundo
Subi com ela para o quarto para o terceiro ato, o mais profundo
Na porta do quarto por um segundo,
Eu quis me conter.

Antes de deitar na cama ela tirou a roupa e me recitou um poema
Ela era linda e intelectual uma mistura que era mim um problema
Neste exato momento eu me apaixonei,
Mas quis me conter.

Ela me chupou com diplomacia como nenhuma outra havia feito antes
Eu enlouquecia e me debatia na loucura dos novos amantes
Perpetuei minha vontade de ir mais fundo,
Esqueci de me conter.

Ela deitou em seguida pedindo pra que eu fizesse o que eu queria com ela
Fiz tudo até o que eu não queria, pensei Deus do céu, que mulher era aquela?
Fomos onde ninguém jamais esteve,
Não pude evitar.

No momento máximo de tudo, quando a mágica acordou até a criatura morta
Retornando de volta ao nosso mundo, alguém bateu à porta
Então lembrei por que eu quis me conter,
Acordamos a mamãe.

Nunca mais outra vez uma mulher como essa na minha cama
Até hoje minha mãe reclama, por tudo agora ela fala
E prevenida como sempre sendo mãe
Passou a dormir na sala.

ANA QUER TREPAR

Ana quer trepar

, quando Ana quer trepar
, eu não posso negar
, nem questiono
, não discordo
, tenho que estar pronto
, quando Ana quer trepar.

, quando Ana quer trepar
, nada a impede
, ela quer
, e quer logo
, e pode ser em qualquer lugar
, quando Ana quer trepar.

, quando Ana quer trepar
, ela consegue
, ela faz
, eu aceito
, estou sempre preparado
, quando Ana quer trepar.

, quando Ana quer trepar
, ela não conhece fim
, nunca se satisfaz
, sempre quer mais
, nunca volto atrás
, quando Ana quer trepar.


, e se Ana não trepa agora
, Ana chora
, se descabela
, implora
, quando quer trepar.

A ESTRELA

meu primeiro cordel, mal feito mas cordel...


A Estrela

Ela me pediu uma coisa
Mas isso eu não posso dar
Ela pediu uma estrela do céu
Aquela no alto a brilhar
Pensei em mil maneiras
De poder essa estrela buscar
Talvez se eu virar astronauta
Ou aprender a voar
Perguntei se não servia
Uma linda estrela do mar
Mas tem que ser a estrela que brilha
No céu a flutuar
Eu falei pra ela que não
Que problema eu ia arrumar
Eu não posso mexer nessa estrela
Se foi Deus que pôs ela lá
Mas ela insistiu mais ainda
E disse pr’um jeito eu dar
Refleti sobre a situação
E pensei se valia eu tentar
Pensei em usar uma escada
Mas nenhuma iria chegar
Nem tenho dormido a noite
Tentando essa estrela pegar
Oh estrela vê se brilha de dia
Pra noite eu poder descansar
Oh mulher complicada
Nada pode ver que tudo quer comprar
E se eu não lhe der essa estrela
Na minha cara ela nunca mais vai olhar
Homem apaixonado é uma desgraça
Deixa a mulher deitar e rolar
Então pensei mais uma vez
Se valia eu me apaixonar
Até que ela não é lá essas Coca-cola
Mas é um guaraná
Até dá pra passar uma chuva
Já não sei quanto a casar
Eita! Mulher exigente
Imagina se com ela eu morar
Todo dia ela querendo uma coisa
E olha a briga se eu não puder dar
Pensando melhor, não
Melhor eu nem tentar
Se ela quiser uma estrela
Ela mesma que vá buscar.