sábado, 21 de novembro de 2009

YUMI

Yumi

Eu durmo com a janela aberta
Na minha inútil certeza incerta
Esperando tua visita, vadia
Sonhando com o dia
Em que você irá entrar como o ladrão
Com uma arma na mão
E me roubar a dignidade.

Mas quase nunca estou só
Tem um animal felino na minha cama
Que me usa, que me ama
Ela deita e ronrona
E dorme e sonha
Seus prazeres egoístas.

É a onça vagabunda que vaga nos telhados
E eu gato vadio
Bicho do mato
Maldito no cio
Só durmo vazio na tua presença
Quando ela pra mim resolve cantar
A sua doce canção de ninar
Para assim afastar
Os espíritos noturnos que infestam a consciência.

Ela não diz que me ama
Mas seu olhar sacana
Falso, mas inciso
Tem muito mais que preciso
Sou eu menino prodígio
Quando estou perto de ti
Ela usufrui o meu prestigio de lhe servir.

Ela só dorme quando chego
Mas pra ela tanto faz
Se estou bêbado ou feliz
Ela cura o meu porre por igual
Por isso sou seu servo mais fiel
Sou seu animal irracional.

Ela é meu lume fluorescente dos espíritos ancestrais
Eu carrego o espírito do samurai derrotado nas batalhas
O nome do meu nome dos traços orientais
Filha, hoje eu não volto pra casa
Feche as portas e as janelas e durma em paz.

Um comentário:

  1. É arrebatador sermos recebidos da forma que somos, sejamos nós chatos ou interessantes; sermos amado por algo ou alguém, independente de nossa condição.
    Devemos lamentar que os seres humanos não amem como a Yumi?

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