segunda-feira, 28 de setembro de 2009

MULHER DE BORRACHA

Mulher de borracha


Vendo mulher de borracha

Totalmente flexível

Boneca inflável

Personalidade maleável

Cérebro de látex

Descartável

Destacável

Acessórios de plástico

Tudo em PVC

Não come

Não dorme

Não fala

Motivo: Viagem


ERREI

Errei


Me lembrei de esquecer de lembrar de você

Me perdi pra me achar perdido sem entender

Me esclareci pra duvidar do que sei

Parei pra observar o sinal que avancei

Subi pra deixar mais alto meu baixo astral

Comecei pelo final

Me libertei de todo mundo pra me acorrentar aos seus pés

Criei na minha frente uma parede pra tentar ver através

Lutei vitorioso pra dessa vez alcançar a derrota

Fui o esperto se passando por idiota

Achei que essa doença em mim seria minha vacina

Busquei luz na lâmpada que não ilumina

Ninguém me disse que eu não tinha asas

E nem que eu não devia ir fundo em águas rasas

Pus a mão no fogo crente de não queimar

Dei meu palpite crente de não errar

Apostei certo de não perder

Acreditei no paraíso para um ser ateu

Mandei embora aquela que um dia me acolheu

Errei achando que estava certo

Ela estava longe quando estava perto

Jurei por ti uma mentira com a cara mais sínica

Falei pra ti uma verdade numa cena tão cênica

Tudo bem, admito não querendo admitir

Eu errei, mas o erro não foi só meu

Foi também teu

E dele

E dela

E daquela outra também

Errar é humano?

Não sei mais nada

O que é errar?

O que é humano?

sábado, 26 de setembro de 2009

AÇÚCAR

Açúcar

Ela não é tão doce quanto parece
Mas ela gosta de fazer devagar
Gosta de ficar por cima
E se fazer de vítima.

É fácil gostar do mel
É fácil tocar o céu
Da boca quando adoça a língua lembrando os prazeres que se foram
Quando encosta os dentes onde eles jamais estiveram.

Geralmente eu falo
Quando eu não me calo
Quando não me fazes pequeno
A ponto de descer pelo ralo.

Quando teus gemidos quebram o silêncio
Fazendo as palavras terem gosto
No escuro o toque doce e ardente no teu rosto
Tentando calar a tua boca, pois incomodarás os vizinhos.

Agora minta na minha cara
Diga que teu doce veneno não é meu vício
É o próximo passo que eu darei
Em direção ao precipício.

Abro as portas para que você possa entrar
Na amargura do meu ocioso lar
Que você irá soprar e derrubar como o vento
Se eu não gozar dentro.

Então trocaremos
Saliva e suor
Sangue e mel
Pra pintar de vermelho o infinito do céu.

Com açúcar
Com afeto
Com tinta Sulvinil.



terça-feira, 22 de setembro de 2009

SEGUNDA-FEIRA

Segunda-feira

O domingo é uma tortura pra quem bebe no sábado
A segunda-feira então é o fim do mundo
É o fim que entra pelo avesso
É um mundo que desconheço.

O que é a segunda-feira senão o apocalipse
Um dia muito raro, dia de eclipse
Dia em que me obrigam a nascer de novo
O sol me obriga a sair do ovo.

A segunda-feira passa lenta
A mente quer, mas o corpo não agüenta
Os olhos não querem se abrir
E passam o dia inteiro ainda querendo dormir.

E volta o ônibus lotado
O trânsito engarrafado
O trabalho
O chefe mal-humorado.

Deus me livre morrer na segunda-feira
Minha alma não deixaria meu corpo
Por falta de disposição
De vontade
Se eu puder escolher
Quero morrer
Num domingo à tarde.

O PREÇO

O Preço

O meu amor não está a venda
E por isso eu pago caro
Eu pago o preço do apreço de escolher
O meu prazer é cada vez mais raro.

A insubstância das coisas insólitas me agradam
E por isso não se paga nada
O prazer de te ouvir falando em línguas que desconheço
Qual é teu preço, pois todo mundo tem um preço?

ABSTINÊNCIA

Abstinência


A abstinência é o excesso do nada

É o acesso impermitido para lugar algum

É sem discutir não chegar a um senso comum

É não querer nada e não ter nenhum

É a causa do porque de não saber

É o não saber e o não poder explicar

É o não querer e o não poder entender

É o perto que não dá pra alcançar

É o longe que dá pra chegar

É o escuro onde dá pra enxergar

É o vazio impreenchido

É o estorvo que acalma

É o nada boiando numa piscina vazia

Nadando no nada

Nada

A abstinência nada em mim

Me faz começar pelo fim

Me faz rir de mim mesmo sem graça

Me faz cócegas numa cama de pregos

Mas não me machuca

Por que passa.

REMÉDIO PRA SOLIDÃO

Remédio pra solidão

Remédio pra solidão é porrada

De um whisky sem qualidade

Um vinho barato à vontade

Uma cerveja quente e sem gosto

Uma mulher burra e sem graça

Um tecno brega no volume máximo

Se não der jeito use uma arma.

MIL VEZES

Mil Vezes


Mil vezes a solidão
Que tua presença
Que tua sentença
Que tua risada insossa.

Mil vezes uma punheta
Que teu sexo morno
Acompanhado de um suborno
Me pedindo pra gozar.

Mil vezes eu te esquecer
Que reler tuas cartas
Teu glossário de erratas
Me pede dinheiro e desculpas.

Mil vezes a felicidade
De saber que você foi embora
Que não está do lado de fora
Me pedindo pra entrar.

Mil vezes a incerteza
Que tuas certezas incertas
Que tuas frases incorretas
Esperando para que eu as corrija.

Mil vezes a turbulência
Que tua calmaria momentânea
Que tua receita instantânea
De como sonhar acordado.

Mil vezes eu
Mil vezes eu sem você
Te ensino como é fácil te esquecer
Basta olhar para o lado, e se eu não te ver...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ESTOU PRONTO

Estou pronto

Agora que sei voar não preciso mais de suas asas
Nem hélice de helicóptero, nem pára-quedas
Já posso saltar no precipício
Posso fazer meu fim ou voltar ao início.

Agora que sei andar com minhas próprias pernas
Não preciso mais de muletas, nem preciso segurar no seu ombro
Vou correr como Forrest Gump e brincar pira-pega no jardim
Não preciso mais de ninguém e ninguém precisa mais de mim.

Já sei falar por mim mesmo, já tenho o dom da palavra
Conheço agora as palavras complicadas que você dizia
Nunca mais me calo diante de alguém
Nunca mais dou ouvidos a ninguém.

Estou pronto, pode vir
Já preparei as minhas armas
Estou pronto pra me decepcionar por ti
Se eu não me decepcionar vou no mínimo morrer
Pode vir, estou aqui
Estou de mão limpas
E não só aprendi a evitar as armadilhas
Mas como também prepará-las pra você.

Estou pronto.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

PROMETO

Prometo


Prometi para mim mesmo que se um dia eu lhe ter
Te farei só minha,
Vou te prender
Vou te condicionar
Vou te trancar
Num quarto escuro sob a guarda dos guardas
Vou te acorrentar.

Prometo te fazer sofrer
Te fazer me odiar
Prometo te fazer se ajoelhar
Te fazer chorar
Te humilhar em público
Te amordaçar
Te decepcionar.

Farei tudo para você
Tudo para você ficar triste,
E quando você estiver chateada
Prometo te fazer piorar
E quando você chorar
Eu vou rir
Na tua cara.

Vou te odiar com todas as minhas forças
Mas não vou te deixar ir embora
Serei agressivo
Estúpido
Desprezível
Violento
Mentiroso.

Vou te comer
Mas não vou te deixar gozar
Vou virar para o lado e dormir
Vou comer tua irmã
Tua melhor amiga
Na tua cama
Vou roubar tua grana
Vou gozar na parede ou no teu cabelo
Vou limpar o pau na cortina.

Prometo te trair todos os dias
Na tua frente
Até o último dia da sua vida
E ai de ti que conteste,
Vou te fazer perder o gosto de viver
Mas se assim
Você achar isso ruim
É tudo para que você nunca se esqueça de mim
Se um dia eu lhe ter.

SONETO DO ÓDIO ETERNO

Desculpe Vinícius, estava lê-lo novamente (300 anos depois) e não pude conter-me...




Soneto do Ódio Eterno

Rafael Oliveira


De tudo ao meu amor serei desprezível
Depois, descuidado, e nunca, e pouco
Que mesmo em face do maior desgosto
Que o torne este ainda mais destrutível.

Quero fazer dele um vão momento
E em teu horror hei de espalhar meu manto
E rir meu riso e derramar teu pranto
Ao seu pesar e seu descontentamento.

E assim, alegremente te procurou
A dor, a morte, a angústia que em ti cultivei
Quem sabe a solidão, fim de quem morreu

Eu possa lhe dizer do ódio (que criei):
Que em ti foi tão mortal, ninguém te socorreu
Mas que assim foi infinito enquanto durou.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VAI DORMIR BÁRBARA

essa faz tempo, achei perdida mas é tão bonitinha



Vai dormir Bárbara



Desliga a TV e vai dormir

Está na frente do computador como um zumbi

Desliga isso e vai dormir

Já andas desligada

Minha cara.


Já desabaste

Já te esgotaste

Faça agora tua parte

Desliga isso e vai dormir

Estás tão sonolenta

Que ao dormir

Vai sonhar com o sono

Com a cama do abandono

Com as flores do outono

Preto e branco e mono

Com os ursos de pelúcia

O travesseiro

O mensageiro noturno

O íncubo

O vento frio do inverno

O “nananeném” eterno

Os carneirinhos saltitantes

As prostitutas

Os assaltantes

O ladrão

A manhã do café com pão

Vai dormir, vai

Já não te agüentas em pé

Vai dormir mulher.

EU TE AMO

Eu te amo

Eu aprendi a dizer “Te amo”
Sou um bruto apaixonado
Tentei não ser tão clichê
Nem tão romântico
Muito menos parecer fraco
Mas como dizer “Te amo” sem estar numa Bossa Nova
Eu não quero dizer ”Te Amo”
Eu quero fazer-te
Amor
Quero rasgar meu peito de tanto gritar
Amor
Quero ficar louco
Quero ficar rouco
Quero me masturbar só pra você
Quero não te tirar da cabeça
Quero me esquecer de te esquecer
Mas amar é mergulhar no escuro
É aceitar o açoite
É uma briga de foice
É uma faca no peito
Dói
Mas por que aceitamos amar?
Se no fundo, isso vai machucar
O que é o amor?
Alguém sabe explicar?
Alguém teria a audácia de tentar?
Amar é aceitar o engano
Isso eu sei
Mas dizemos “Eu te amo”
Como se baixássemos a guarda
Como se aceitássemos a facada
No peito
Assim não tem jeito
Não tem remédio que cura
Até o mais sábio dos sábios duvida
Da quão profunda é a ferida
Me pego reclamando
Ando muito romântico
Porque será?
Será que algo está para acontecer
Será que uma mulher vai chegar
E dizer na minha cara
“Eu te amo, porra”
Como no cinema
Seria esse meu problema
Não sei distinguir
O amor é cego
Assim o chamo
Quando digo que te amo
E eu te amo.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

VÊNUS DE MILÓ

Vênus de Miló

Arrancaram-me os braços
Não posso mais segurar meu bebê
Não posso mais amamentar-te
Não posso mais sufocar-te.

Cegaram meus dois olhos
Não posso mais te enxergar
Não diferencio cores, nem o feio do belo
Nem a foice do martelo.

Amputaram-me as pernas
Nunca mais bicicleta para mim
Não posso mais fugir de você
Não posso mais me esconder.

Arrancaram-me a língua
Nada mais pronunciar
Nunca mais me ouvira dizendo
Reclamando de que está doendo.

Taparam-me os ouvidos
Não te ouço reclamando
Não ouço mais você chegar
Nem te ouço praguejar.

Enlouqueceram-me
Enlouqueceram-me
Enlouqueceram-me
Enlouqueceram-me

E nunca mais tomarei Coca-cola

O SOL

O Sol

Construí uma casa no sol
Uma casa construída de sal
Minha cama era um ninho de palha
E acendia num feixe de luz.

E todo dia eu era a fênix
Eu ressurgia da própria cinza
Morria nesse crepúsculo
Para dar à tarde o luto noturno.

Eu tinha os olhos incandescentes
Meu coração uma brasa
Minhas mãos fervilhavam insanas
Para acender o amanhecer.

O meu destino é queimar
É me desfazer em cinzas
É abrir os portões do inferno
É fazer tudo arder com o fogo.

Descalço sobre as faíscas
Eu nunca fazia fumaça
A chama fazia as pedras cantarem
Mas lavava com gasolina.

Como palitos na caixa de fósforos
Como palitos na caixa de fósforos...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

BLUES DA INTRIGA

Taí uma idéia para um blues, mas não sendo bom é uma idéia...


Blues da Intriga

Eu cheguei do bar às seis horas da manhã
Mas meu bem não quis abrir a porta pra mim.
Disse que ando levando uma vida sem nexo
Que só ando pensando em bebida e em sexo.

Se eu não cheguei cedo
É porque o cigarro não havia acabado
O garçom ainda me dava ouvidos
Mesmo com o bar já fechado.

E procurei milhões de desculpas
A melhor, mais esfarrapada
Então me agarrei com o Pretinho, o cachorro
E dormi com ele na calçada.

Baby, meu bem, benzinho
Você anda vendo novela demais
E diz que vai me deixar
E que são conselhos dos seus pais.

Então esperei você sair pra feira
Dormi a manhã inteira
Acabei com a água da geladeira
E inventei que ia trabalhar.

Disse que a vizinha deixou o marido
Porque ele só bebe comigo
Mas o cara é meu grande amigo
E sempre tem um bom motivo pra comemorar.

Expert em fazer intriga
Adora começar uma briga
Diz que o amor não enche barriga
Que é melhor a gente terminar.

Mas briguei disse que ia embora
Ela jogou minhas roupas fora
Mas sabe que vou voltar
Assim que o bar fechar.

EXXXÓTICA

EXXXÓTICA

Meus ouvidos te ouvem clamando
E eu tenho o que você quer
Eu controlo todos teus anseios
Minhas mãos sempre estão nos teus seios
Me naufrago em teus devaneios
Uma doce e selvagem mulher.

Por vezes te pego sonhando
Te disperso ao beijar sua nuca
Agarro com força seus cabelos
Te arrepio todos os pêlos
Lençóis para não vê-los
Sussurra e diz que é minha puta.

Dessa forma acorda os vizinhos
Ela grita como uma louca
Como se depois fosse um fim
Como se dançasse com um mandarim
Mas não se apaixone por mim
Por isso não beije a minha boca.

A dança sob a luz de velas
Minhas mãos mordem teus quadris
Lava a alma, lava com suor
Ela diz que bem fundo é melhor
Que é gostoso porque é bem maior
E com calma me acaricia a alma quando estou por um triz

Nossa cena de amor tão erótica
Nossa língua lambendo caótica
O paraíso por uma nova ótica
Baby, você sempre EXXXÓTICA.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COPO VAZIO

Este poema é sim um verdadeiro poema feito por um poeta e cantado por um gênio, apesar de tê-la ouvido tantas vezes ainda não parece uma composição do Gil e sim do Chico, ainda bem que ele (Chico) gravou senão o que seria da minha vida alegre sem esta canção, pra vocês como poema...

obrigado Israel...


Dedico a Matheus Bennassuly, Wilson e Israel (sou fã) e a Mallu Fernanda (que deus a tenha, rsrs)

Copo Vazio


É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.

É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.

Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.