domingo, 16 de dezembro de 2012

AMARGEDOM



Amargedom

Ela é o caderno onde despejo as minhas juras de amor
O amor individual dos seres
O amor que é medido em gestos
O amor que é resto das outras que se foram
Por isso o amor nasceu na Rússia
Por isso os poemas de amor são desconexos
E canções de amor não tem nada a ensinar
Eu queria ter o amor dos jornalistas
Que recortam e colecionam crônicas dos outros
Precisamos todos ir bater na porta do céu e perguntar
Se existe mesmo um anjo a nos guardar
Ou se ele é guarda armado que bate nos protestantes
Que fazem as orações aos berros e os protestos em silêncio
Devemos aprender a aceitar calados como fazem os imbecis
Não sei conviver, não sei conviver ao teu lado
Não sei andar na moda
Acordar cedo e trabalhar é foda
Eu queria viver de luz
Mas quando se vive na escuridão da solidão
A luz nos cega
E nos nega razão aos pensamentos
Eu não raciocino quando me vejo em tua íris
Ou quando você me diz que é feliz
Mesmo sabendo que te fazer feliz não foi o que fiz
O que eu fiz foi te fazer mulher
Uma mulher que sabe o que quer muito bem
Só não me quer
Ou não me quer bem
Ou só me quer longe
Ou apenas quer que eu lhe dê a mão
Pra que ela possa se abrigar da explosão
Do fim do mundo
Ou do fim do mês
Não se sabe
Só quero me deitar ao seu lado
Para que o nosso mundo não acabe.