sexta-feira, 28 de maio de 2010

CADA MULHER É UM DILEMA

Cada mulher é um dilema

Cada boceta tem um cheiro
Cada uma é uma flor
Cada mulher é um dilema
Um inspirado poema
Um poema de amor.

Cada gesto feminino me encanta
Se canta no canto em clamor
Cada palavra uma algema
Pedindo para que eu não tema
Não tema temer o temor.

Cada mulher é diferente
Quando está quente no cobertor
Cada uma é um teorema
É um vasto ecossistema
Aguardando seu descobridor.

Cada mulher é um filme
Aventura, ficção, terror
Mas cada uma em uma cena
Numa cena de cinema
Mas prefiro o pornô.

Cada mulher é única
São deusas tratadas com louvor
Loira, ruiva ou morena
Com uma coroa de diadema
São as filosofias do amor.

Cada uma com um jeito de ser
Com um jeito de dar amor
Ela grita, ela blasfema
Um por vez cada fonema
E como bem quista é essa dor.

Cada boceta tem um cheiro
E cada uma, uma flor
A minha tem cheiro de alfazema
Cada mulher é um dilema
E para cada eu faço um poema
Mas nem sempre é um poema de amor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

SALA DE ESTAR

Sala de estar

Eu estava lá e sobrevivi pra contar
Pra contar o fim do filme
No início há um ciúme
Confinado ao sofá
Que logo dava lugar
A uma fome
Presos as vestimentas
Ainda assim eu corria o risco
Eu te masturbava
Você gostava
Ficava louca
Mas não podia gritar
Pois alguém poderia acordar
Com o cheiro de pólvora no ar
Com os tiros dos cães de aluguel
Dois animais no cio
Correndo o risco de serem pegos
E condenados ao exílio
A vagarem no limbo
E com roupa o que é pior
Mas a sala de estar
Virou a mesa de jantar
Um banquete aos mendigos
Iluminados apenas pela TV ligada
Eu não via nada
Mas suas mãos conheciam o caminho
Havia um medo
De que alguém batesse à porta
Mas todos estavam ocupados fazendo o mesmo
Dirigindo o próprio filme pornô
Com roupa mesmo
Sem vergonha
Sem precisar saber se o bem vence o mal
Sem querer saber de final
Que atire a primeira pedra quem nunca assistiu esse filme.

sábado, 22 de maio de 2010

CHOREI

Chorei

Chorei,
sozinho
de mãos dadas
com a tristeza
como quem comemora algo triste
por um aperto
no coração
um sufoco
uma dor
um abraço da solidão
que eu não sabia explicar
Fechei os olhos
e
chorei.

Baixei a cabeça
com as mãos no rosto
tentei me esconder
não sei de quê
não sei de quem
solucei
levei a mão no peito
tentado conter a dor
mas a dor
não era no peito
sei
que chorei.

Foi quando
você chegou
e me viu
fraco
de joelhos
com olhos vermelhos
e molhados
me pôs
em teus braços,
você,
nada disse
apenas se sentou
ao meu lado
e me deitou
em teu colo.

Chorei sem motivo aparente
Chorei por lembrar
Chorei por guardar
O que não devia
Por tanto tempo.

BEM AVENTURADOS


Bem Aventurados

Veja meus olhos ainda brilham por ti
Por baterem de frente nesse teu olhar
Por olharem distantes quando não estás
Quando adormecem e sonham tuas canções de ninar.

Ouça as palavras que ainda escapam de mim
Quando os teus ouvidos parecem distantes
São mensagens que correm para um dia chegar
São palavras trocadas nos ouvidos, são poemas no ar.

Sinta, minhas mãos não conseguem parar
Não conseguem te tocar sem te desejar
Sem desejar tuas mãos e braços e abraços
Meu Deus eu não posso te soltar.

Mas não te conheci
Não sabia se teus olhos olhavam para mim
Não sabia se tuas palavras eram minhas respostas
E não sabia se tuas mãos me apontavam a direção.

Hoje só vejo o que quero onde quero
Hoje falo somente o necessário
E minhas mãos estão no meu próprio volante
Onde estou?
Onde estás?


B.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

RENATA

Renata

Me deixa louca
Quando respira tuas palavras vadias
Perto da minha boca
Quando me enganas com um beijo
E me faz sorrir
Quando num susto
Me beija o pescoço
Me abraça por trás
E diz que estou linda
Sempre chega com flores
Me faz existir.

Adoro quando me pedes
Para acariciar teus seios
Em teus lábios vermelhos risonhos
Sedentos de devaneios
É o pecado feminino
A beira do abismo
Desejos sem fim
Eu me deito ao teu lado
Enquanto me acaricias
E conhece o meu corpo
Sabe tudo de mim.

Somos duas perdidas
Numa noite escura
Procurando a cura
Pra doença nenhuma
É uma sede tão louca
Toda água ainda é pouca
É uma brasa infinita
Que não apaga
Uma cena bonita
As mãos por baixo da blusa
Ela me usa
Me pega e não larga
Me entorpece
E do mundo me faz esquecer
E então vai mais fundo
Faz o que quer de mim
Me faz tudo o que eu quero
E eu perco o juízo
Pronta a enlouquecer.

E quando é pela manhã
Te preparo um café
Pois sou tua mulher
E bem sei que és minha
Depois volto pra cama
Você diz que me ama
Novamente adormece
Eu de baby doll
Ela apenas de calcinha.

PERMITO-ME

Permito-me

Me permito gastar mais dinheiro com doces
Me permito admirar os brinquedos nas prateleiras das lojas
Me permito rir com desenhos e brincar brincadeiras
Pois não fui criança.

Me permito ser forte e não chorar diante das intempéries
Me permito desejar loucamente uma mulher e ainda olhar as saias que passam
Me permito gostar de futebol, de cerveja, de carro e mais mulheres
Pois não fui homem.

Me permito maquiagem, roupa decotada, vestido curto e jóias caras
Me permito ser desejado quando passo atraindo os olhares masculinos
Me permito amar sem medidas e sofrer por esse amor e chorar
Pois não fui mulher.

Nunca fui tanto nada a ponto de ser alguma coisa
Nunca fui ninguém a ponto de ser alguém
Se ser apenas basta não quero apenas ser
Se for pra ser um nada eu quero ser um nada livre pra escolher.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

SONHO DE VALSA

Sonho de valsa

Ela ama o pai mais que tudo nesse mundo
Mas com o pai ela não pode fazer tudo o que deseja
Tudo o que sua cabecinha lhe pede pra fazer
E dança a valsa com os anjos, dedos mágicos.

E o irmão incestuoso no buraco da fechadura
Enquanto ela desfila pelo quarto de calcinha
Mas a porta está trancada ele nada pode fazer
A bailarina no banheiro dança valsa e pensa nela.

O pai quando está só chora sobre as fotografias
E revira a poeira da caixa de coisas velhas
Também desfila pelo quarto com as roupas da sua mulher
E valsa vestido de noiva se equilibra na ponta do pé.

O namorado vem aos sábados e passa o fim de semana
E passa a mão na empregada sempre que for necessário
E empregada não reclama ele promete mundos e fundos
Dança a valsa e ajoelha pra rezar crente nessa pobre crença.

É uma família feliz, mas nada falam na mesa de jantar
Por respeito às almas esquecidas no inferno
Por não ter nada mais o que falar
Pois já se conhecem tanto
Se respeitam
E nas suas cabecinhas
Os anjos e os demônios
Dançam valsa sem parar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A DAMA DA RUA (O ÚLTIMO BOLERO)

A Dama da Rua (o último bolero)

E você me pergunta se estive com ela esta noite
Te digo que não sei
Mas acho que sim
Ou se não
Ela finge bem
Tão bem.

E disse meu bem
Você é o homem que eu quero
Que eu espero
Na nossa cama
Me diz que me ama
E que não me engana.

Mas meu irmão
Preste atenção
Ela nunca foi tua
Ela é dama da rua
Ela é contradição
Faz sangrar o coração.

Se ela nunca foi tua
Se ela é filha da lua
Nunca foi de ninguém
E nunca será minha
Mas bem que eu quis
Ela é atriz.

Ela falou de outros homens
Que a fizeram feliz
Que a fizeram rainha
Que a fizeram mulher
Outros apenas a usaram
E tão pouco pagaram.

Eu confesso meu amigo
Que quando estive com ela
Entre aquelas pernas
Quase enlouqueci
Beijei aquela boca
Uma alma tão louca.

Uma mulher única
De risada gostosa
De gestos peculiares
Que atrai os olhares
A rainha dos bares
E na borda do copo, batom.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

CLEIDE OVERPOWER

Cleide Overpower

Um dia num sonho Deus me disse você não aprende e nunca vai aprender
E no telefone você me chamava de canalha enquanto eu me masturbava pra você
Eu ficava excitado com sua voz mesmo com você me xingando
E usava o meu ócio pra tentar descobrir uma forma de dominar o mundo.

Inocentemente eu ficava imaginando você tomando banho no chuveiro
E me roia por dentro por não conseguir te espiar pelo balancim do banheiro
Imagine o trabalho que me deu ter que furar a parede do meu quarto para o seu
E decorar a ordem dos dias e das calcinhas que você vai usar para ir trabalhar.

Eu fico contando as horas esperando para que você chegue logo
E eu passo o dia me masturbando te olhando nas fotos do teu casamento com meu pai
Beibe para um garoto como eu isso é completamente normal
E sempre finjo que não sei quando você está reclamando sobre o sumiço das suas calcinhas do varal.


terça-feira, 11 de maio de 2010

SAMBA PARA A SOLIDÃO

Samba para a solidão

Essa moça não te merece
Ela sempre te esquece
E padece
Em outros braços.

Pois só nos braços
De outros abraços
De outros laços
Ela suspira.

Sei que outros ares ela respira
Transpira
Vampira
Vai te consumir.

Vai desistir
No meio do caminho
E o carinho
Fica pra depois.

Então meu irmão
Abre mão dessa mulher
Pois o que ela quer
É te deixar na mão.

Procurando a solução
Frágil, de peito aberto
Num deserto
De solidão.

Ela te tem na mão
E faz o que quer
Pegue esse avião meu irmão
E esquece essa mulher.

Mas não fique triste
Assim é o amor
Às vezes é suave
Como o perfume da flor.

Às vezes destrutivo
Dispensa qualquer adjetivo
Te faz sentir-se vivo
Pra depois te destruir.

E não escolhe hora
Lugar ou endereço
Ele não tem pudor
Ele não tem apreço.

É por isso que eu canto samba
O samba nunca me abandonou
E quando não encontro o amor
Eu esqueço a dor
Pego o violão
E canto um samba
Para a solidão.

sábado, 8 de maio de 2010

O QUARTO BRANCO

O quarto branco

Duas almas de mãos dadas
Passeando na feira na beira
A beira da loucura da doença sem cura
Da piscina, minha menina.

Condenados à guilhotina, à ressaca matutina
Dor de cabeça esqueça
Esqueça que te procuram por segredos bem guardados
A sete chaves.

Ele estava nu,
Mas não tinha vergonha
Estava como veio ao mundo
Na viagem da cegonha

Ela estava vestida
O que lhe dava autoridade
Mas ambos trancados no quarto branco
Esqueciam da loucura da cidade.

E os anjos cantavam sucessos no rádio
No topo das paradas
Nas colinas nubladas
Gritando aos quatro ventos.

Por que não ser feliz?
Se já apagamos as luzes
Já desarrumamos a cama
E as nossas bocas se desejam.

Então deixa eu te mostrar
Que eu te amo
Que adoro o engano
E que quero te fazer enlouquecer.

Insistir nisso de cão e gato
De chover no molhado
De lutar pelo direito de ir e vir
Sem pudor, só buscando prazer na dor.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

EU DE SAIA

Eu de saia

Eu me vi nu no espelho e era eu de saia
De saia fora daqui
O mundo é pequeno demais pra nós dois.

Eu te vi pelo olho mágico
E era um mágico côncavo/convexo
Do ponto de vista, de quatro, sem nexo.

Eu olhei dentro da tua cabeça
E descobri frutas saborosas
Descobri um mundo fantástico de aventuras perigosas.

Eu olhei dentro de mim
E vi você de saia
De saia de dentro de mim.

Eu vi você andando no parapeito
E por direito
Eu não queria morrer.

Se eu ainda estou em ti
E em mim
Ainda está você.

É meu oposto
Meu contra-gosto
Meu bem-querer.

Dorme dentro de mim
Da minha cabeça
Até amanhecer.

São dois corpos juntos
Lutando guarda-chuvas
Ocupando o mesmo lugar.

Gemini
Sou dois carneiros de fogo
Numa gangorra.

Me mande a porra
Mande lembrança
Me ponha na balança.

Na ponta da lança
Feito criança
De baixo da ameixeira.

Na sombra da mangueira
Chupando o rock
E cuspindo o caroço.

Menina linda dos arranha-céus
Pega tua maquiagem
E pinta o céu de noite.

Dorme e sonha

domingo, 2 de maio de 2010

AMNÉSIA

Amnésia

Eu ando evitando passar na tua rua
Pois muito me incomoda pensar em te encarar
Eu rasguei tuas cartas e tuas fotografias
Pois pra mim muito convém não poder mais lembrar.

Eu não sei dizer o que me incomoda
Mas agora é moda não ter nada pra dizer.

Eu ando evitando olhar na direção
Na mesma direção da qual se guia o teu olhar
Nem ouço mais as músicas que eu ouvia
Até Ratos de Porão me fazem relembrar.

Eu não sei qual é o meu problema
Só sei que é um problema não saber qual é.

Eu freqüento o mesmo bar
Por que ainda é o único que me fia a bebida
Que me enfia o dedo goela abaixo
E me trazer de volta à vida.

Quando eu não te vejo eu crio mais coragem
Coragem pra poder não mais te ver.

Eu bebo, pois bebendo eu posso te esquecer
Mas posso lembrar de você na hora de pagar a conta
Posso me deitar e sonhar contigo lembrar pra esquecer
Mas nunca vou deixar de me masturbar pra você.

Entenda apenas estou tentando te esquecer
e me faria um grande favor se você morrer.

sábado, 1 de maio de 2010

MORTO-VIVO

Morto-vivo

Caminhando e cantando só posso estar louco
Só posso estar vendo coisas que não devia
Às vezes eu penso se não é melhor estar morto
Só trago comigo minha própria companhia.

A solidão me cai como uma luva
Como uma pedra na cabeça
E caminho cantando debaixo de chuva
Às vezes esqueço que sou esquecido, me esqueça.

Às vezes eu penso estar alegre demais
Às vezes estou triste me tranco no banheiro
Mas quase sempre estou bem sozinho
Fico cantando Beatles debaixo do chuveiro.

Estar vivo é somente uma questão de tempo
Uma questão de se questionar quanto a viver
Eu não vivo história aproveito o momento
Aproveito o tempo até amanhecer.

Até acordar de um coma profundo
Achando que naveguei por todos os mares
Que viajei por todo o mundo
Que conheci todos os lugares.

Até acordar com uma bala na cabeça
Até, deus me perdoe nunca acordar
Melhor aproveitar enquanto sonho
E pensar de manhã que eu estava a sonhar.

Hoje eu vou por aí assombrando a noite
Vou andar semi-bêbado vagando sem rumo
Como um sonâmbulo, um zumbi vagabundo
Morto-vivo, vivo acordado, à noite não durmo.

ROTINA

Uma re-postagem

Rotina

Cumprindo pena num esquife de gelo,
Amor eu juro é melhor não tê-lo,
Tive problemas pelo seu horário,
Bate cartão e cumpre o itinerário.

A Celpa veio e me cortou Jesus
E Pedro nega sempre a mesma luz.
Durmo até tarde em primeiro de maio,
O feriado é o dia do trabalho.

Acordo, sono e cara lambida,
Algum remédio pra dor de barriga.
E me levanto não da minha cama,
Estou sem tempo de brincar na lama.

O radio insiste em me avisar,
Que chuva farta é o que não vai faltar.
E tomo um banho para me espertar
E ouço um rock para relaxar.

E eles querem que eu corte o cabelo,
Que o que é bom é uísque com gelo,
Programa bom é o da padaria,
TV de cão e o filme repetia.

Sinto-me estranho e entro no banheiro,
É assim sempre é sempre o dia inteiro
Tento entender, mas bem que eu não queria,
Tento esquecer e o pão amanhecia.

Quando recebo já no fim da tarde
E o salário vem pela metade,
Já me descontam lenço de papel,
Eu vou vender minha vaga no céu.

Se me distraio sou um desastrado,
Tenho um trabalho para compulsivo
E pago contas muito indignado,
Não me pergunte como eu consigo

E vou levando a vida tão normal,
Tem sabonete, tem creme dental.
Ela quer ir e eu querendo mais,
A vida passa e vou correndo atrás.

Devia ter a vida como a dela
E só sonhar as coisas da novela,
Mantendo sempre um sorriso Colgate,
Eu a deixo antes que ela me mate.

E todo dia é sempre uma intriga,
O seu amor não enche minha barriga,
Ela me diz que estou exaltado,
Mas que droga só estou cansado.

É assim sempre é sempre o dia inteiro,
Chegando em casa eu entro no banheiro.
Então me lembro olhando no espelho,
Que o travesseiro é que é meu companheiro.