segunda-feira, 24 de maio de 2010

SALA DE ESTAR

Sala de estar

Eu estava lá e sobrevivi pra contar
Pra contar o fim do filme
No início há um ciúme
Confinado ao sofá
Que logo dava lugar
A uma fome
Presos as vestimentas
Ainda assim eu corria o risco
Eu te masturbava
Você gostava
Ficava louca
Mas não podia gritar
Pois alguém poderia acordar
Com o cheiro de pólvora no ar
Com os tiros dos cães de aluguel
Dois animais no cio
Correndo o risco de serem pegos
E condenados ao exílio
A vagarem no limbo
E com roupa o que é pior
Mas a sala de estar
Virou a mesa de jantar
Um banquete aos mendigos
Iluminados apenas pela TV ligada
Eu não via nada
Mas suas mãos conheciam o caminho
Havia um medo
De que alguém batesse à porta
Mas todos estavam ocupados fazendo o mesmo
Dirigindo o próprio filme pornô
Com roupa mesmo
Sem vergonha
Sem precisar saber se o bem vence o mal
Sem querer saber de final
Que atire a primeira pedra quem nunca assistiu esse filme.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É meu caro, quem nunca assistiu a esse filme...tarefa difícil de precisar...
    Se a sala é de estar, o nome já diz é pra se estar lá, se sentir acolhido, é um lugar de socialização onde as pessoas passam boa parte do tempo,mas o puritanismo cristão e a moral dos bons e irritantes costumes repreendem as mãos que escorregam desenfreadas no escurinho da sala, no quarto sim, tudo é permitido...mas na sala não!

    É revigorante e prazeroso correr esse tipo de risco,porém penso que é melhor vagar no limbo com roupas e não sem...

    Mais uma vez meu caro Rafael você conseguiu brincar com as palavras e com as situações cotidianas com muita maestria...Admiro piamente essa capacidade de multiplicar assuntos simples em poemas ezckizophrenicos! (com licença o trocadilho).

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  3. http://ezckizophrenia.blogspot.com/2010/01/os-nostalgicos-olhos-risonhos-de-um.html

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