quarta-feira, 19 de maio de 2010

PERMITO-ME

Permito-me

Me permito gastar mais dinheiro com doces
Me permito admirar os brinquedos nas prateleiras das lojas
Me permito rir com desenhos e brincar brincadeiras
Pois não fui criança.

Me permito ser forte e não chorar diante das intempéries
Me permito desejar loucamente uma mulher e ainda olhar as saias que passam
Me permito gostar de futebol, de cerveja, de carro e mais mulheres
Pois não fui homem.

Me permito maquiagem, roupa decotada, vestido curto e jóias caras
Me permito ser desejado quando passo atraindo os olhares masculinos
Me permito amar sem medidas e sofrer por esse amor e chorar
Pois não fui mulher.

Nunca fui tanto nada a ponto de ser alguma coisa
Nunca fui ninguém a ponto de ser alguém
Se ser apenas basta não quero apenas ser
Se for pra ser um nada eu quero ser um nada livre pra escolher.

Um comentário:

  1. Sempre digo que Ter, Ser e Escolher são verbos bem difíceis de se conjugar na prática, daí vc vem e coloca o verbo permitir em voga, fiquei me perguntando com que frequência usamos o verbo permitir (no sentido permissível da coisa...rsrsrs!) no nosso dia á dia? É um verbo pouco usual,e quando utilizamos esse verbo em nosso vocabulário é geralmente acompanhado da palavra NÃO: Não é PERMITIDO á entrada de animais ou Não é PERMITIDO FUMAR...oU Não é PERMITIDO morrer...caramba...tão sempre falando pra gente o que não é permitido...

    Logo vejo seu poema : "Permito-me" como algo que vem para quebrar essa lógica desinteressante a qual levamos nossas vidas...

    Gostei muito desse poema meu caro Rafael...sem puxa-saquismo!

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