Permito-me
Me permito gastar mais dinheiro com doces
Me permito admirar os brinquedos nas prateleiras das lojas
Me permito rir com desenhos e brincar brincadeiras
Pois não fui criança.
Me permito ser forte e não chorar diante das intempéries
Me permito desejar loucamente uma mulher e ainda olhar as saias que passam
Me permito gostar de futebol, de cerveja, de carro e mais mulheres
Pois não fui homem.
Me permito maquiagem, roupa decotada, vestido curto e jóias caras
Me permito ser desejado quando passo atraindo os olhares masculinos
Me permito amar sem medidas e sofrer por esse amor e chorar
Pois não fui mulher.
Nunca fui tanto nada a ponto de ser alguma coisa
Nunca fui ninguém a ponto de ser alguém
Se ser apenas basta não quero apenas ser
Se for pra ser um nada eu quero ser um nada livre pra escolher.
Sempre digo que Ter, Ser e Escolher são verbos bem difíceis de se conjugar na prática, daí vc vem e coloca o verbo permitir em voga, fiquei me perguntando com que frequência usamos o verbo permitir (no sentido permissível da coisa...rsrsrs!) no nosso dia á dia? É um verbo pouco usual,e quando utilizamos esse verbo em nosso vocabulário é geralmente acompanhado da palavra NÃO: Não é PERMITIDO á entrada de animais ou Não é PERMITIDO FUMAR...oU Não é PERMITIDO morrer...caramba...tão sempre falando pra gente o que não é permitido...
ResponderExcluirLogo vejo seu poema : "Permito-me" como algo que vem para quebrar essa lógica desinteressante a qual levamos nossas vidas...
Gostei muito desse poema meu caro Rafael...sem puxa-saquismo!