sábado, 10 de outubro de 2009

FUI ASSASSINADO BRUTALMENTE

Fui Assassinado Brutalmente

Ao dobrar a esquina na Cipriano Santos
Um ônibus dobrou na minha frente em alta velocidade
Quando eu pensei ter escapado, os gritos eram tantos
Que eu jurava ter sido vítima de uma fatalidade.

Violinos mórbidos dilaceravam o som daquela gritaria
Em volta de mim olhos incisos me devoravam por conta da curiosidade
Uma escuridão passou a tomar conta da minha visão, eu desfalecia
E já me cobriam com o jornal que noticiava essa barbaridade.

Salivando a ferrugem do sangue eu avisava que não estava morto
Eu nadava na poça de sangue da minha própria tragédia
Então flutuei pra ver o meu corpo de alto, torto
Ri da minha própria cara me fiz motivo de comédia.

Do outro lado da rua eu vi meus pertences espalhados
E junto deles, estava lá, ainda batia meu coração
O choque foi tão grave que deixou meus órgãos estraçalhados
E meu coração que saiu pela boca abandonado no chão.

Então recobrando meus pensamentos descobri impressionado
O ônibus havia passado muito longe de mim
O que causou minha morte brutal não foi o coletivo lotado
Foi seu sorriso na janela do lotação, sem me olhar, meu fim.

Advim
Nunca mais me distraio assim
Não me abestalho como o arlequim
Não quero mais visitar o jardim
Pra ver o querubim
Com cheiro de jasmim
Vestindo brim
Com seu bandolim
Pintando o carmim
Tomando gim
E tirando o gosto com o capim.

Não quero mais festa com festim
Rezar a missa em latim
Nem muro de Berlim
Nem voar com o Zepelim
Pra não ter mais isso daria um rim
Teu sorriso sempre foi meu fim
Mas até que não é tão ruim
Eu que exagero sim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário