quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O CORREDOR DA MORTE É PINTADO DE AZUL-CELESTE

O corredor da morte é pintado de azul-celeste

Com medo de que alguém os ouvisse eles apenas sussurravam poucas palavras
Não conseguiam raciocinar o suficiente para reproduzirem uma frase inteira
Seus olhos olhavam nos olhos, no profundo dos olhos de cada um deles
E os olhos se enchiam de lágrimas, lágrimas de uma felicidade reprimida
Seguravam as mãos um do outro e as mãos se enchiam de suor e tremedeiras
Mas nada falavam, pois se falavam, falavam com os olhos e com gestos semi-obscenos
E aquela cena causava um transtorno, um desconforto, pois cada um deles era uma cela
E aprisionava um monstro furioso que se debatia nas grades gritando por liberdade
Este monstro impaciente quase demente aguardava com eles no corredor da morte
Uma morte já antes anunciada por tanta doçura naqueles olhares
Eles queriam, mas não podiam e nem sabiam como explicar
Apenas esperavam pacientes a hora chegar
E em toda recíproca sempre verdadeira, ele falava, ela respondia
Ela exclamava, ele sorria e se torturavam enquanto trocavam os olhares
Havia uma faca para cada pulsação daqueles corações que sangravam
Faltava ar naqueles pulmões que sufocavam
Faltava voz para poder gritar e vomitar tantas palavras
Faltavam palavras
Faltavam gestos
Faltava algo
E ninguém fez nada
Mas foi cada um para o seu canto pensando o quanto seriam felizes
Depois de passar pelo corredor da morte poderiam passar por qualquer coisa.

Um comentário:

  1. Acho que esse texto tá meio biográfico...aliás tenho notado isso nesses últimos escritos...sempre fica por um triz esse "outro" e "outra"...eles estão sempre perto e ao mesmo tempo há sempre um muro de concreto imaginário os separando...Resumo da ópera: Alguém tem que "torcer os braços"para acabar bem essa história que se passa no corredor da morte...que deveria se chamar corredor da vida...rsrsrs!

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