quinta-feira, 23 de setembro de 2010

LOUCO

Louco


Louco dirás que estou a perder-me por teus caminhos
E que ilusoriamente me acometo por tuas palavras
Que encegueirado tatearei no escuro do teu íntimo
E que defenderei de pés juntos as tuas juras.


Ora pois, se afirmas que estou débil
E que de loucura tu muito entendes
Em loucura lhe digo e afirmo
Poucos restarão sãos após conhecê-la.


Se me vedes a vagar como que sem rumo
É porque somente nos caminhos dela eu caminhava
E se me vedes em gestas tantos obscenos
É que a obscenidade tomou lugar do romantismo.


Se me assistes bruto com tantos outros amores
Saibas que é a resposta a tantas outras dores
E se hoje observo bestificado o infinito
É porque era infinito o profundo daqueles olhos.


Se o que ouves de minha boca são sussurros sem nexo
Digo-lhe não haver palavras que expressem o que sinto
Se de teus sonhos discordo por medo ao futuro
Saibas que o passado é um livro ainda não lido.


E se carrego comigo tantas lembranças
É porque estas lembranças me mantêm como o louco que sou
E se reluto em esquecer o que vivi
Saibas tu que foi com isso que aprendi.

2 comentários:

  1. estás conversando comigo nesse poema?

    O passado é sim um livro já lido por você, por isso aprendestes tantas defesas e inclusão.
    Mas admito que é um livro que deve ser relido, de cabeça pra baixo, talvez. Tens que achar nele outra lição!

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