sexta-feira, 24 de setembro de 2010

PARISE

Parise


O olhar triste e boêmio dela como as luzes baixas que amarelam os paralelepípedos assimétricos eu desnivela a rua
As mãos brancas e suaves traduzem uma delicadeza quando se cruzam descansadas sobre seu vestido de lua
O desenho de suas pernas vista sob o foco de uma Roley Flex , sonho, Edith Piaf nua
Os cabelos presos uniformemente duas mechas encaracoladas sob o rosto que expressa um frescor e uma calma européia somente sua.


E aqueles lábios, aquela boca que por vezes ofegantes respirou profundamente após tantos beijos intensos
E aqueles braços magros porém fortes por abraçarem todos os dias os filhos e arrumar todos os dias a casa
E aqueles ombros que por tantas vezes foi molhado pelas lágrimas alheias e afagou tantos muitos homens que choravam como criança
E ouvidos que obedecem ordens e tantas histórias sob o som dos pianos das valsas.


E eu admiro ela, valsa-pérola todos os dias da minha janela, escrevo poemas e cartas de amor
Pinto tantos quadros com aquele rosto que nem a mais linda pintura na mais rica moldura poderia ser mais bela
E rio das mocinhas francesas que se olham no espelho e se conversam que quando crescerem querem ser como ela, Parise
A valsa-pérola que sempre deixa um tanto de seu batom no cigarro e na borda da taça de vinho enquanto valsa.


Sonho com ela sonhos incríveis, sonhos impossíveis que somente com ela eu poderia sonhar
Mas não tenho coragem de a ela assumir o que sinto, pois não me sinto digno de tanta beleza
Então apenas a observo de mina vidraça semi-embaçada enquanto a desenho nua valsando na ponta dos pés
E cantando como o pardal de olhos fechados sonhando os sonhos que não são comigo.

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