quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

OS NOSTÁLGICOS OLHOS RISONHOS DE UM ASSASSINO

Os nostálgicos olhos risonhos de um assassino

Você estava em festa quando cheguei
E como sempre foi embora mais cedo
Por ficar bêbada mais rápido que todos
Ou talvez por medo
De que carruagem vire abóbora.

E no momento da despedida
Você se despedia de todos
Mas de mim não se despedia
E abraçava assim a todos
Com festa, com alegria.

E por cima dos ombros de alguém
Vi teus olhos a me olhar
Como se dissessem algo
Algo doce dentro da tua mente maligna
Olhos de assassino que sorriam a me fitar.

Olhos grandes e maquiados
Mas a maquiagem estava borrada
Esses olhos gesticulavam
Mas eu não pude entender
E aquilo ameaçou a minha paz.

Como se me convidassem ao deleite
Fixados para uma conversa a sós
Nós debaixo dos lençóis
Olhos da desejável destruição
Um convite a traição.

E estes olhos assim me atingiram
Milhões de coisas me diziam
Sem palavras, apenas o olhar
Eu quis morrer, eu quis te matar
Eu quis ir lá te perguntar.

Mas um medo inevitável
Me dominava por completo
Eu não sabia se olhava
Se me virava
Se sorria ou se morria.

Mas resisti
Não quis ouvir
Nem imaginar
O que se passava na sua cabeça
Enquanto mirava em mim seu olhar.

“e desnorteado bêbado
caminhei
como um cão vadio
até o meio fio
e me sentei
tentei assim
não lembrar
mas
martelava na minha cabeça
aquela imagem
aquele olhar
e então pensei
certo de ainda estar vivo
e vivo ainda raciocinar
mas
tudo o que vinha a minha cabeça
eram as vezes
que transamos
na parada de ônibus
de madrugada
ou debaixo de alguma marquise
esperando a chuva passar
deus como era bom
muitos banhos de chuva tomamos
muitos porres tomamos
e voltamos a pé pra casa
um simples olhar
pra trazer à tona
toda a nostalgia
do tempo em que éramos
adolescentes
e adolescíamos nas calçadas
esperando o mundo acordar
e o sol nos expulsar
da frente das suas casas
sempre embriagados
pelo prazer de amar
mas se eu te encontro bêbada novamente
não te deixo escapar”.

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