Jazz noturno
Jazz noturno,
A noite escura,
A luz da rua penetra na vidraça,
O frio da noite a embaça,
Desembaraça penetrante o olhar maligno da janela,
A loucura descansa abandonada numa cela,
Cena típica de um romance Noir,
Nada que um abajur não possa iluminar,
Polaroid amarelada num porta-retrato,
Um vestido branco à meia-luz do quarto,
Uma alma vendida,
Atirada, desinibida,
Com uma taça de vinho na mão,
Destilando o aroma com a mais pura intenção,
De sentir dentro do peito,
A falta de um coração,
Um jazz noturno como a contaminar,
O aroma doce de podre no ar,
Eu te pergunto:
- O que será de nós?
Se manchamos todos os lençóis.
Nada importa,
Tanto faz,
Se morremos jovens,
Desfrutando da luxúria e dos pecados mais,
Deixando sangue nas unhas,
Deixando esmalte na pele,
Não deixando histórias pra contar,
Não deixando pistas pra investigar,
Bêbados, ensandecidos, loucos, devorados, imundos,
Fazendo amor com a lâmina de barbear,
Deixando um jazz noturno,
A trilha sonora pro fim do mundo,
Convencidos de que as paredes é que causam a solidão,
Repousando teu corpo no chão,
Com a arma do crime na mão,
Sem assunto pra dialogar,
Sem argumento pra defender,
Eros e Ares,
Um jazz noturno me faz companhia nos bares.
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