domingo, 15 de março de 2009

TARÂNTULA

Tarântula

Casas de alvenaria
Sangue seco na pia
Páginas policiais
Faixa de “não ultrapasse”
Mesa revirada
Gavetas vasculhadas
Cortinas arrancadas
Ratos no porão
Formigas em peregrinação
Faca ensangüentada
Taças quebradas
Restos de comida
Roupas pelo chão
Garrafas de bebida
Estilhaços de vidro
Escadaria
Cinqüenta pais-nosso
Quinhentas ave-maria
Ela vai rezar
Pra você não voltar
Silêncio irritante
Vento cortante
Toca o telefone
Quebra o silêncio
Respira fundo
Embaça a vidraça

Quando a lua iluminar as frestas
Ela vai se mover
Vai sair do seu lugar
Tarântula.

2 comentários:

  1. Taí, desse eu realmente gostei. Não que não tenha gostado dos outros, mas acho que nesse acertaste em cheio a medida do conteúdo e da forma. Deu até vontade de comentar... pareceu mais nu mas mais embebido em poesia no sentido estrito do termo. Parabéns mesmo!

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  2. nossa com um comentário tão técnico desse eu me senti em um show de calouros hehe

    muito obrigada pela força você me faz continuar

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