terça-feira, 17 de março de 2009

CHARLES DARWIN

Charles Darwin

Um milhão de borboletas deixam teu inferno frio
Queime tuas idéias porque existir é vazio
Quando acordar de manhã, sem calcinha ou sutiã
Sem saber onde está, sexo pra procriar.

Eu moro na cidade, mas prefiro o esgoto
Eu fico lá no ralo só provando o teu gosto
Quando você toma banho despeja amor pelo ralo
Corteja-me com teu sexo depois de ter tido orgasmos múltiplos.

Olha, eu pareço homem, mas sou mesmo um rato
Eu que sumo com o corpo depois do assassinato
Mas nada disso importa o que interessa saber
É que eu faço amor contigo toda noite sem tu perceber.

Eu moro num hotel, eu moro num envelope de papel
Passeio pelo corredor catando calcinhas, atentando ao pudor
Eu sou o anjo vingador, eu sou teu criador
Eu sou Charles Bukowski esperando pra ter orgasmos múltiplos.

Orgasmos múltiplos
Múltiplos de três
Orgasmos múltiplos
Tudo outra vez

2 comentários:

  1. Certo, vamos lá.
    Esse poema revela muito de tuas influências (não só as citadas explicitamente) e suscita vários questionamentos acerca de teu próprio processo de criãção.
    A idéia martelante, a dos orgasmos multiplamente múltiplos, nada mais são que as próprias borboletas que invadem o existir do "condenado".
    Tem ainda a idéia da repetição cíclica e da farsa sendo declarada para alguém que não a quer entender enquanto fria e pura farsa. E a do maldito onipotente que se vangloria de assim o ser.
    E ainda tem a uniformidade de versos em quartetos, mas nem por isso quadrados. Quartetos desmedidos, como só a profundidade dos versos poderiam pedir.

    (E eu escrevendo como uma resenhista fazendo sinopse pra site de vendas :p Mas a análise toda significa que gostei muito, viu?)

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