sexta-feira, 13 de março de 2009

ESQUIZOFRENIA

Esquizofrenia

I

Psicografia
Minha verdade era nua, porém vazia
E era fruto da minha agonia,
A febre queimava, o fogo ardia,
Tudo o meu sistema imunológico repelia,
Recogitava tudo o que eu comia,
A medicina e a homeopatia,
Como estava escrito na profecia,
Nada se cria tudo se copia.

O quarto vazio a sala tá fria,
Tudo o que eu tinha era minha própria companhia,
O que meu olhar refletia,
Era minha própria revolta, minha rebeldia,
Era Joy Division para minha melancolia,
Então Nietzsche acreditaria,
Na existência de um deus que não dormia
Mas esse deus era um infame em seu império de tirania.


Pouca tecnologia,
Pra viver em harmonia,
Recarregar minha bateria,
Com uma leve pornografia,
Assim o marginal nascia,
E já queria anarquia,
Queria ser poesia,
Andando de noite e dormindo de dia.



II

Hemorragia,
Espalha e vira epidemia,
O brilho do fogo me atraía,
Com meus restos mortais fizeram bruxaria,
E nos frios braços da morte eu me aquecia,
Em demência meu coração resplandecia,
Perdi a identidade, te imploro uma segunda via,
Assim esse mal me pouparia.

Atestados provavam a sua autoria,
Pelas mentiras que eu contaria,
E as palavras que eu pregaria,
Minha mente então seria,
Um lindo automóvel sem guia,
O que eu receberia,
Era as lagrimas que me devolveria,
O frio dos teus olhos me mataria.

Para o inferno o que mais sabia
E toda a arte da alquimia,
Eu gritava, mas não me ouvia,
Minha audição a mim não pertencia,
Quanto mais se amplia,
Mais se distorcia,
Absorvo o tédio que me eliminaria,
Tudo o que é mal eu transformo em poesia.





III


Cleptomania,
De me roubar o néctar noite e dia,
Como dois anjos em uma orgia,
Na luxúria memorável de tua companhia,
Até mais eu pagaria,
Insaciável eu te consumia,
Pois só assim eu acabaria,
Com essa sua pureza doentia.

Sou eu quem te sacia,
Eu te como e tu fobia,
Sem música dançaria,
E de quatro ficaria,
Por vezes gritaria,
Com amor te pagaria,
E com desprezo me retribuiria,
Assim nada nos machucaria.

Eu cético não percebia,
Que só o deus entre tuas pernas me atraía,
Só teu veneno me embriagaria,
Um tapa pra ver como eu reagiria,
Nesse fogo santo eu queimaria,
Incinerando meu livro de poesia,
Na loucura eu mergulharia,
E sozinho novamente eu morreria.

Um comentário:

  1. Certo, vou comentar...
    cada verso pra cada parte das tuas três = um haikai pra ti.

    manhã fria-acinzentada
    dor vermelho-pulsa-sangue
    carne verde-roxa-fraca

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