quinta-feira, 8 de abril de 2010

ULTRAVIOLÊNCIA

Ultraviolência

O olho mecânico e doente que lambe o corpo de cabo a rabo
O olho com dentes contente que morde até sangrar
A fruta peçonhenta te acorrenta até que lhe falte o ar
Até que teus olhos te saltarem da órbita, até você gritar.

E se já não encontra saída resiste para ao menos sentir prazer
Pra entender que existe algo bom em ser estuprado
É o vislumbre dos dons das facas dançantes
Cante pra mim a velha canção, a mesma de ontem.

Somos as engrenagens que trabalharão pelo futuro
Somos os mecanismos da salvação
Eu sou o herdeiro de tudo o que deixaste
Vou cuidar de tudo o que construíste.

Imagine você se sou violento, é o momento
Me faz por pra fora o medo guardado por muito tempo
Mas se pergunta não sei responder
Não sei tirar de outra coisa o meu próprio prazer.

Então apenas aceite, se deite, se vire e tape os ouvidos
Um copo de leite pra afastar os enjôos por mim impelidos
E grite bem alto pra que todos te ouçam, gemidos
E os filhos da caridade que te faço serão bem nascidos.

O velho entra-e-sai e por que não cantarmos
Se somos escravos desse novo vicio
Se você fizer seu papel bem feito
Essa cicatriz lhe dará um Oscar de melhor atriz.

Ultravioleta, ultraviolência
Tortura aos escravisadores de corpos da noite
Eles nada merecem senão nosso desprezo
Senão nosso cuspe, nosso açoite.

Morra pelo trator dos interesses partidários
Estarás a chorar no fundo de uma cama
Por teus crimes serás expurgado
E rejeitado por aqueles que mais ama.

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