sábado, 24 de julho de 2010

TEU VESTIDO

Teu vestido

Minha vontade era te calar
Com um beijo
Intencionalmente irresponsável pelos atos seguintes
E correr as mãos por baixo do teu vestido
Pra você sentir como de súbito um susto
E acelerar a tua respiração
Deixar minhas mãos percorrer o teu caminho
Sem direção
Até te deixar de joelhos
Como uma pecadora desejando a punição
Como a fome desejando o pão
E eu sou o animal desejando teu cio
Eu sou teu assassino
Eu admirador secreto
Que te observa toda a noite
E sabe tudo de ti
Sabe o que fazer e como fazer
Eu quero te comer
Te devorar
Até não restar mais nada de você
Como um cego tateando na escuridão
Minha língua percorre todo teu corpo
E teu suor é o tempero da vida
É o que me faz prosseguir
É o que me faz segurar teus cabelos com força
E não te deixar fugir
Você não tem pra onde correr
Ou se esconder
Não até eu ter dito tudo
Tudo o que eu tinha pra dizer
Até eu confirmar o que dizem de você
Até você ouvir aquelas coisas que você não imaginava ouvir
Vadia
Eu te amo
Eu amo ver teu corpo marcado
E ofegante
Sobre os lençóis
Mas o que será de nós?
Se ainda estamos na primeira cerveja
Talvez você nem esteja bêbada
O suficiente
Pra me deixar fazer o que quero com você
Pra me deixar satisfazer meu desejo
Meu desejo é o beijo
O resto?
O resto o teor alcoólico do nosso sangue vai dizer
Você fica tão bonita de vestido

2 comentários:

  1. Saudações Rafael!!

    Você foi muito feliz em seu poema ao colocar a metáfora de que o suor é o "tempero da vida" o suor é algo corriqueiro e natural, mas que não deixa de fazer profundo sentido nisso que coloca em sua poesia...Também gostei do final quando o "teor alcoólico" é quem dita as regras do jogo... fiquei esperando os momentos em que o tal "vestido" apareceria, e vc o conseguiu o colocar no início e no fim do poema...rsrsrs!
    Muito bom!

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