Labirinto de Temporais
O arcanjo nu e bêbado dançando uma dança louca no céu da
boca
Orquestrado pelas harpas e banjos da deusa que o devora
Deveras intenso o sexo dos anjos no dever de quem deve
esconder
Quando a boca se ocupa com gemidos, a dor benquista do ser
A cama, o crime, o pecador se redime quando ama
Quando chama o nome dela por três vezes no espelho
Fios do cabelo vermelho pra que ele nunca esqueça
Que as marcas no peito se acentuam quando deito.
A santa que cura toda falta de assunto
É doença da alma eu na terra-do-pé-junto
Ela me estende a mão, ela me entende a razão
A folia das navalhas, ovelhas fora da peregrinação.
Eu quero explodir por dentro e por fora eu quero tudo e
quero agora
Tua risada exagerada e gostosa, duas mentes perigosas numa
noite chuvosa
Arquitetando o desejo num beijo úmido e quente
O fogo latente e errante perante a vontade de se consumir.
Mas meu peito aperta, num alerta, uma explosão silenciosa
A dor do não-gritar, de silenciar perante fruta tão doce e
saborosa
Eu quero mais, eu quero teu vício, teu salto no precipício
E arremessar fora toda essa vontade como uma pedra no meio
do oceano.
Me deitar na tua praia eu quero entrar no teu mar
Eu quero sentir o sal da tua pele na minha língua quero me
afogar
Irremediavelmente nosso samba nosso rock na fogueira da
memória
A noite cair, a vida emergir e consumir como fogo toda Babel
até a última página da nossa história.
Agora é tarde, para a verdade, é o que ele diz pra ela
Aquele que rouba o cego e ainda quer troco
O tudo pra ele é pouco e num grito rouco
O corpo anseia por mais e mais no labirinto de temporais.
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