segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

TITÃ

Titã

Eu posso ir contra a vontade do teu olhar
No amanhecer de uma guerra, a insônica
Acender a pira funerária e por Roma em chamas
Assim por fim na tenra lenda babilônica.

Devastou cidades com teus códigos mefistofélicos
Tuas meias-luas, meias-palavras, meias-verdades
Metade do teu poder infinito de me por em ruínas
De por em ruínas teu povo e tuas próprias cidades.

Proeminente febril numa tempestade de vestido
Decimais andares de terror e beleza
Vis cantares em exaltação de outros amores
Fétidos, rastejam companheiros da nossa proeza.

Paliativos teus gestos me condenam ao sofrer
Honoráveis gestos que matam e toma para si as atenções
Gritos absurdos me atordoam e me parto em porcelana
O “cale-se” latente em ecos e aliterações.

Consagram-se malditos os condenados discordantes
Cantam as valsas sem sentido pelos poetas
Costura a boca da voz de Deus e do povo
Desgovernada anunciada pelos patéticos profetas.

Nesta parábola falam-me somente do teu eu inacessível
Do espírito dos imperadores tiranos que tens
Passas de outra para outra a transmutação
De estrela morena a ravena maldita que nos isenta de bens.

Levas teu vulto a aqueles que a querem, maledicência
A mortalha por noites será nosso talismã
Amo-te sim porem, sou deveras humano
Sou um nada perante teu inestimável titã.

E assim dos dias se fizeram noites longas e frias por toda terra.

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